Mundial de Fórmula 1 começa, após 4 meses, com calendário enxuto

A pandemia do novo coronavírus tornou a temporada de 2020 uma das mais tumultuadas da história de 70 anos da F-1, com cancelamento de provas, que seriam recorde com 22 etapas, para apenas oito confirmadas até então

Legenda: O inglês Lewis Hamilton é o favorito para conquistar mais um título na F1 com sua Mercedes
Foto: DARKO BANDIC / AFP

Para os amantes da velocidade e da Fórmula 1, esperar quatro meses pelo ronco dos motores e a adrenalina das corridas parecia uma eternidade. Mas finalmente a espera acabou e a temporada de 2020 da categoria enfim terá início hoje.

O campeonato será aberto com GP da Áustria, marcado inicialmente para ser apenas a 11ª prova do ano. A drástica mudança escancara o que foram os últimos meses para a principal categoria de automobilismo do mundo, com impasses, dúvidas e seguidas alterações no calendário.

A pandemia do novo coronavírus tornou a temporada de 2020 uma das mais tumultuadas da história de 70 anos da Fórmula 1. A indefinição teve início com o cancelamento de última hora do GP da Austrália, que deveria abrir o campeonato no dia 15 de março. Os pilotos nem chegaram a participar do primeiro treino livre. Ou seja, não entram na pista desde os testes da pré-temporada em Barcelona, no fim de fevereiro.

Nestes quatro meses longe do asfalto, os pilotos viram o calendário sofrer um brusco encolhimento. As 22 etapas, que seriam um recorde na Fórmula 1, se tornaram apenas oito até agora, sem público. Ficaram pelo caminho sete provas, e das tradicionais, como as de Mônaco e do Japão. O GP da Holanda precisou adiar a sua reestreia na categoria.

Com isso, a direção da Fórmula 1 fez algo incomum ao promover rodadas duplas no mesmo circuito, tanto na Áustria (também no próximo dia 12) quanto na Inglaterra (dias 2 e 9 de agosto). As outras corridas confirmadas serão na Hungria (19/07), Espanha (16/08), Bélgica (30/08) e Itália (06/09).

Depois da prova italiana, o calendário é uma incógnita. Adiados, os GPs do Bahrein, Vietnã, Canadá e China ainda têm chance de serem disputados neste ano. Já as corridas na Rússia, Estados Unidos, México, Abu Dabi (Emirados Árabes Unidos) e até no Brasil seguem em aberto. E, mesmo fora da categoria nos últimos anos, circuitos conhecidos, como os de Mugello (Itália), Ímola (San Marino) e Algarve (Portugal), podem reaparecer este ano. Estes traçados foram alvos de intensos rumores nos últimos meses.

Indefinição

O clima de indefinição atingiu também o mercado de pilotos. O alemão Sebastian Vettel foi o protagonista ao deixar a Ferrari no fim do ano. Ele não definiu o seu futuro, o que dá margem para especulações, até para uma aposentadoria do alemão.

A saída de Vettel causou um efeito dominó. Para o seu lugar, o time italiano contratou Carlos Sainz. A vaga do espanhol na McLaren é do australiano Daniel Ricciardo. E, para o lugar na Renault, Fernando Alonso passou a ser cogitado, em um eventual retorno.

Enquanto ficavam de olho no mercado, os pilotos competiam entre si em provas em simuladores, em uma estratégia de marketing da F1 com o monegasco Charles Leclerc como principal destaque.

Mas quando o campeonato começar pra valer, uma coisa é certa: será difícil parar a Mercedes, com Lewis Hamilton mais uma vez favorito ao quarto título seguido (e o seu 7º).

No mundo das equipes, a pandemia significou prejuízos, apesar da aprovação da redução do teto orçamentários dos times para 2021.

Para Williams e McLaren, a medida talvez não seja suficiente para manter suas contas no azul. A situação ficou tão difícil que o Grupo McLaren demitiu 1.200 funcionários e cogita vender até 30% de suas ações.

Após perder seu principal patrocinador, a Williams praticamente se colocou à venda para investidores.

Mudanças

A F-1 também estabeleceu que os pilotos terão maior controle sobre o carro. Na largada, por exemplo, eles ficarão responsáveis por 90% do torque do motor, reduzindo o apoio recebido dos técnicos nos boxes. Outra novidade será uma postura mais leve nas punições, que deverão ser amenizadas nesta temporada.

Além disso, para reduzir custos, a categoria já contou com uma pré-temporada reduzida. Passou de oito para apenas seis dias de atividades na pista. Os testes coletivos ao longo do ano foram cortados.

GP Brasil

O crescimento de número de infectados e de mortos por Covid-19 no Brasil pode pesar na decisão da Fórmula 1 de manter o GP no calendário deste ano. A situação de Interlagos, em São Paulo, segue em aberto. Por precaução, nem sequer começaram a venda de ingressos, que geralmente tem início em março.