Massa afirma não sentir falta da Fórmula 1 e comenta relação com Schumacher; veja entrevista

Com 40 anos, o piloto brasileiro disputa neste ano a categoria Stock Car

Legenda: Felipe Massa é um dos principais pilotos do automobilismo brasileiro
Foto: AFP

Em 2006, após vencer o GP Brasil, Felipe Massa deu um abraço em Michael Schumacher, que, naquele domingo, 22 de outubro, despedia-se da Ferrari. Sorridente, o brasileiro ainda apontou para o alemão e ergueu o dedo indicador, sinalizando que o então companheiro era o número um das pistas.

Nos bastidores também era assim. Massa, hoje com 40 anos, e Schumacher, com 52, correram juntos no time italiano apenas naquele ano, mas foi tempo suficiente para ficarem claros os privilégios dos quais o alemão desfrutava na escuderia, algo que o brasileiro via com naturalidade.

"Um piloto como ele, com tudo o que ele fez pela Ferrari, com os títulos que ele ganhou, era impossível não ser privilegiado na equipe".
Felipe Massa
Piloto da Stock Car

Longe da F1 desde 2017, quando se aposentou da categoria, o brasileiro disputa neste ano a Stock Car pela primeira vez. Em quatro corridas, ainda não subiu ao pódio, mas se diz feliz por continuar a competir.

Entrevista com Felipe Massa

Como avalia seu início de temporada na Stock Car?

"Logicamente, quando você tem um resultado ruim, não tem como ficar feliz. Muitas coisas aconteceram, tive uma quebra na primeira corrida, e isso me fez largar em último na segunda. Mas a gente não pode esquecer que não deixa de ser um aprendizado. Leva um tempo para aprender um campeonato completamente diferente do que eu estava acostumado".

A última etapa foi disputada em Interlagos, onde você teve duas vitórias na F1. Como foi voltar à pista?

"É uma pista especial para mim, de muitas histórias e emoções, como minha primeira vitória em 2006, as três poles, além de eu ser o brasileiro que mais vezes subiu ao pódio em Interlagos. Então, voltar a essa pista, mesmo com carro diferente, é muito bom".

Massa observa com semblante sério
Legenda: Massa foi vice-campeão da Fórmula 1 em 2008
Foto: AFP

Em Interlagos, apesar de você ter vencido o GP de 2008 de F1, o título escapou na última volta, por um ponto. Ainda fica frustrado com isso?

"De jeito nenhum. Eu venci a corrida. Para mim, a vitória era o que mais me interessava. O meu trabalho eu fiz. Se aconteceu de eu não chegar aos pontos, não foi por culpa minha. Então, eu sou um cara muito feliz pela luta que tive em 2008".

Como era seu relacionamento com o Schumacher?

"Muito bom. Ele era um professor para mim. É um cara que eu sempre respeitei demais. Tive sorte de correr e aprender com ele. Nosso relacionamento era muito bom na equipe".

Massa e Schumacher com sinal positivo na Ferrari
Legenda: Massa e Schumacher foram companheiros na Fórmula 1 pela Ferrari
Foto: AFP

O Schumacher tinha privilégios na equipe?

"Um piloto como ele, com tudo o que ele fez pela Ferrari, com os títulos que ele ganhou, era impossível não ser privilegiado na equipe. Impossível. E isso não é uma crítica, não é um problema. Ele tinha a equipe para ele por tudo aquilo que conquistou. Será que o Hamilton não tem privilégios hoje? A equipe pode dizer que não, mas o que o Hamilton pedir, o que Hamilton falar, eles vão fazer".

O Alonso voltou neste ano à F1, aos 39 anos. Você está com 40. Ainda pensa em voltar?

"Não tenho vontade de voltar. Eu tive o meu tempo na F1, fui muito feliz com aquilo que eu conquistei. Corri 16 anos na F1, mas acho que a gente tem de ter o pé no chão. Passou, eu tenho 40 anos, não acho certo voltar. Se você me perguntar se eu sinto falta da F1, vou dizer que não. Eu sinto falta de competição, que é o que eu estou fazendo hoje, na Stock Car".