Kitesurf atrai fãs do esporte para a Praia do do Preá

70% dos turistas que vem pro Preá são velejadores

No começo era Jericoacoara o maior atrativo cearense quando pensávamos na conexão paraíso e esportes. A Praia do Preá estava ali do lado de Jeri, mas era só um ponto passagem, um lugarejo sem nenhum atrativo aparente. Há uns dez anos atrás isso começou a mudar, um grupo de velejadores que também eram empreendedores olharam para aquele lugar esquecido e enxergaram, como ninguém antes, sua beleza natural, sua condição perfeita para o kitesurf bem como entenderam o valor da cultura do Ceará. Assim nasceu algo que começou a impactar todo o Preá, o Rancho do Peixe, lugar que trabalha enfaticamente divulgando o Preá como paraíso do kitesurf para o mundo e que tem como premissa promover através do lifestyle da vida simples ao mar, a valorização sustentável da natureza e da comunidade através de toda uma cadeia de valores.

Para eles o Kitesurf é a mola propulsora, o motor natural que convida a uma experiência onde a simplicidade e o compartilhamento de conhecimento muda histórias. E o melhor, a experiência proposta não é apenas para o turista mas para toda a comunidade, que é alcançada através da oferta de oportunidades de trabalho e constante capacitação. Se 70% dos turistas que vem pro Preá são velejadores, os outros 30 estarão imersos no convívio com o esporte e, em algum momento, também vão querer aprender a velejar. Esses 30% são familiares, esposas, casais em lua de mel ou gente que descobre como aquele cantinho do mundo é especial. Na alta temporada a escola de kite deles chega a ter fluxo de 60 aulas/dia, algo raro de encontrar em outras praias e escolas. O kite hoje puxa a economia local. Novos restaurantes, pousadas das mais simples as mais requintadas, escolas de kite nascem devido as condições propícias ao esporte. O comércio cresceu, novas oportunidades surgiram, houve ampliação de serviços e se você perguntar a um nativo, ele acredita que 80% da economia local deve levantar as mãos ao céus e agradecer pelo vento, mar convidativo e apoio recebido através do turismo esportivo.

Ao mesmo tempo é fundamental compreender que hoje vemos o fruto de  gente compromissada com o meio ambiente que acreditou naquele lugar. Escolheram o Preá por suas qualidades naturais, visionaram um negócio promissor e passaram a exercer na prática valores fundamentais para aquela comunidade: capacitação, práticas sustentáveis, valorização de pessoas e talentos. Como resultado já não dá para separar o Rancho da transformação de vidas naquela comunidade, é uma referência que prova como uma boa iniciativa influencia outras ao seu redor ao ser fiel ao lifestyle que o esporte agrega. Se o turismo de massa aportasse ali primeiro, a história não seria essa.

Há dez anos para os jovens nativos do Preá não havia perspectivas além da pesca ou tentar a vida em outro lugar. Um bom exemplo é o relato do Andrade Ferreira Vasconcelos, filho de pescador ele não se via seguindo os passos do pai. “Aos 18 anos eu já velejava, mas como precisava de trabalho fui tentar a vida em São Paulo. Quando voltava pra casa pra ver a família, vi que o Preá recebia cada vez mais turistas por causa do kite e que algo estava mudando aqui. Voltei definitivamente há uns 6 anos e hoje esse é o melhor lugar para construir minha vida, meu futuro”. Andrade é professor de kite do Rancho e complementa, “todos os nossos professores tem sua casa, seu carro ou sua moto, e salário que permite uma boa qualidade de vida. São capacitados nas melhores práticas internacionais do esporte e valorizados por alunos e velejadores de muitos lugares do mundo que nos conheceram aqui”.

Andrade fala fluentemente inglês, arrisca espanhol, passeia por outros idiomas, tem amigos em outros países, em especial na Europa, pra onde foge na baixa temporada local. Viajando ele dá aulas, leva seu conhecimento pra outros mares. E o melhor, experimenta algo raro: um equilíbrio social proporcionado pela igualdade de valores que a água lhe oportunizou. Ele também sabe que compartilhar conhecimento é o que transforma lugares. Na escola do Rancho, em parceria com o casal Wanessa e Mosquito, Andrade puxa a capacitação de adolescentes que também sonham com o esporte. Jovens que em breve poderão ser instrutores, atletas ou trabalharão nas vagas de emprego geradas por esse turismo.

Atente que o esporte não faz isso apenas por quem vive diretamente dele. Para oferecer serviços de alto padrão é preciso capacitar a comunidade. Se a maioria esmagadora de turistas é internacional, preparar pessoas para atuar com excelência em todas as demandas desse mercado é fundamental para o sucesso. E o Preá é felizardo nesse aspecto. Tem no Kite seu padrinho, mas na comunidade a resposta de que pessoas valorizadas aprendem a valorizar seu lugar. E mais, elas descobrem talentos que encantam o mundo.

Agradecimentos:

@egroup_hotels, @ranchodopeixe, @ranchodokite, @vibeimprensa, @extremonordeste.


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