Justiça decide manter Ronaldinho Gaúcho preso preventivamente

Com isso, ex-jogador segue no Paraguai até que as investigações avancem. Promotor e juiz argumentam que prisão de R10 e do irmão Roberto Assis se dá para que seja evitada obstrução da investigação em caso de uma possível fuga

O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto Assis seguirão presos preventivamente no Paraguai, após decisão tomada pelo juiz Gustavo Amarrilla, ontem, em Assunção. "O juiz negou o pedido da defesa, que solicitava liberdade provisória ou prisão domiciliar" para Ronaldinho, anunciou o promotor Osmar Legal, em declaração aos jornalistas.

Ao lado do promotor, Amarilla explicou que decidiu manter a medida cautelar de prisão de Ronaldinho e Assis em concordância com o Ministério Público. De acordo com ele, a magnitude do caso e o surgimento de novas evidências, além do envolvimento de funcionários públicos e empresários que viabilizaram a chegada de Ronaldinho ao Paraguai, requerem a presença do jogador em Assunção para que não se permita qualquer "obstrução da investigação".

"Reconheço que pode merecer uma medida menos dura. Mas é minha responsabilidade não entorpecer a investigação do Ministério Público. Isso aconteceria com um fuga", afirmou Amarrilla.

Legal explicou que é contrário à prisão domiciliar por considerar "ínfima" a fiança proposta pela defesa de Ronaldinho no valor de US$ 800 mil. "Não é suficiente o valor oferecido para os dois acusados. O valor é ínfimo em relação à solvência econômica de um dos acusados", declarou.

Presidente se posiciona

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, declarou sentir "uma enorme dor" pela prisão do pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira na Copa da Coreia do Sul e Japão, em 2002.

"Não posso negar que me provoca enorme dor o que está acontecendo com uma estrela do futebol. Meus filhos querem ir à prisão para tirar fotos com ele", admitiu o chefe de Estado em entrevista ao canal Noticias Paraguay.

Ronaldinho, eleito o melhor jogador do mundo em 2005, e o irmão estão presos desde sexta-feira (6) no quartel do Grupamento Especializado da Polícia paraguaia.

Ambos chegaram ao Paraguai oriundos do Brasil na quarta-feira (4) para participar de eventos em prol de uma fundação de apoio a crianças indígenas. Ronaldinho também participaria da inauguração de um cassino.

Por envolvimento no caso, também estão presos um empresário brasileiro, dois funcionários da Imigração e duas mulheres com nacionalidade paraguaia. Um pedido foi oficializado pela captura da presidente da fundação Fraternidad Angelical, Dalia López

Outros crimes

O próximo passo, segundo o juiz, é periciar os celulares de Ronaldinho e Assis "e descobrir a verdadeira intenção da presença" dos dois irmãos no Paraguai.

Amarrilla afirmou que é possível confirmar a versão da defesa de que o ex-jogador apresentou documentos falsos sem ter pleno conhecimento do que fazia, mas que "pode haver outras coisas, como associação com o crime, lavagem de dinheiro na criação de empresas. É isso que me chama a atenção e por isso mantenho a medida cautelar (da prisão preventiva)", explicou.

"Pode ser que isso termine como um caso de simples uso (de documento falso) e que seja um uso culposo, porque dizem que (os documentos) lhes foram presenteados, mas há milhares de hipóteses", concluiu o magistrado.

A Justiça brasileira confiscou e reteve os passaportes brasileiros de Ronaldinho e seu irmão em 31 de outubro de 2018 até o pagamento de uma multa ambiental em Porto Alegre. Os documentos foram devolvidos há quatro meses.

Durante este período, Ronaldinho usou um passaporte espanhol para viajar, que também acabou confiscado pela Polícia Federal.

O advogado do ex-jogador, Sergio Queiroz, afirmou há alguns dias em Assunção que seu cliente "queria iniciar negócios no Paraguai".


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