Jogadoras da seleção fazem campanha por representatividade nos games: #BotaElasnoJogo

Atletas não recebem nomes reais no Fifa

Legenda: Tamires é uma das jogadoras engajadas na campanha por mais representatividade nos games.
Foto: Reprodução/Instagram

Campeãs da Copa América,  as jogadoras da seleção brasileira se manifestaram diante de um problema crônico na modalidade: a visibilidade na mídia e, nesse caso, nos games. No Fifa, simulador de futebol da EA Sports, o usuário não identificará nenhuma das 23 convocadas pela técnica Pia Sundhage, caso queira jogar com a seleção feminina.

Isso porque elas não estão presentes com seus nomes reais. Tamires, jogadora do Corinthians, recebe a alcunha de "Muto", assim como Bia Zaneratto, Maria Eduarda, Adriana, Ary Borges e tantas outras atletas, que são chamadas por nomes fictícios.

O futebol feminino está presente nos games desde o Fifa 16, com as seleções nacionais. A partir da edição 23, os clubes femininos das ligas da Inglaterra e da França também estarão representados. No entanto, no caso das jogadoras da seleção brasileira, os avatares disponíveis são de nomes e rostos inventados. Principal concorrente da EA Sports, o eFootball, da Konami, não conta com equipes femininas.

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Diferentemente do universo masculino, que contempla muitos jogadores, com nomes e rostos reais, a modalidade ainda necessita de mais visibilidade, em especial nos games, que são a porta de entrada de jovens para conhecer e se apaixonar pelo esporte e seus respectivos atletas.

Para levantar a bandeira da representatividade do futebol feminino, as jogadoras lançaram o movimento #BotaElasnoJogo no último mês. Com nomes trocados nas redes sociais e em suas camisas, assim como acontece no mundo virtual, as atletas buscaram reforçar a importância de trazer as jogadoras reais para o game. Tamires, jogadora de 34 anos do Corinthians e uma das lideranças nessa campanha, reafirma essa questão da representatividade em conversa com o Estadão.

Imagem mostra jogadoras de futebol com camisas da seleção
Legenda: Jogadoras da seleção se uniram para pedir mais visibilidade nos games.
Foto: Reprodução/Instagram

"É muito gostoso jogar videogame, com a sua personagem. O fato de não estarmos representadas nesse universo impacta o próprio crescimento da modalidade", diz. "Nós estamos nos movimentando nas redes sociais e é por isso que lançamos a campanha, para que outras pessoas ficassem cientes da nossa situação. Espero que o resultado seja positivo e que possamos ter um retorno quanto à essa questão da nossa visibilidade nos jogos."

Nas últimas versões do Fifa, tanto a seleção masculina quanto a feminina não contou com os jogadores reais em suas equipes. Entretanto, Neymar, Vinicius Junior e companhia podem ser incluídos nas convocações dentro do jogo, já que seus personagens estão presentes nos maiores clubes do mundo, como o Paris Saint-Germain e o Real Madrid.

"Imagino que seja uma questão dos nossos direitos de imagens na seleção, que estão vinculados à CBF", afirma Tamires. No Fifa 16, primeira edição que contou com as seleções femininas, Marta e Cristiane tinham suas personagens no simulador de futebol virtual. "As outras seleções, como a americana, têm suas jogadoras representadas. No Fifa 23, terão alguns clubes europeus também. É um passo importante para o crescimento da modalidade e é necessário para o Brasil continuar evoluindo no futebol feminino", reforçou.

Ela usa o exemplo de Bernardo, seu filho de 12 anos, para ilustrar esse problema. "Na primeira vez que ele foi jogar (com a seleção brasileira feminina), tentou me encontrar na escalação e não encontrou. Ter os nossos nomes no jogo é uma plataforma para o crescimento do esporte como um todo."

Além disso, Tamires ressalta as respostas das pessoas em relação à campanha. "Muito apoio nas redes sociais, defendendo a nossa causa. É importante ter a opinião pública ao nosso lado para conquistar esses espaços, tão importante para o crescimento da modalidade no Brasil", diz.

Em fevereiro do próximo ano está marcada a finalíssima do futebol feminino, entre Brasil, campeão da Copa América, e Inglaterra, da Eurocopa, um teste de nível mundial a poucos meses da Copa do Mundo de 2023.

Imagem mostra mulher segurando controle de jogo
Legenda: Ex-jogadora da seleção, Formiga também apoia a causa.
Foto: Reprodução/Instagram