Futevôlei cresce em número de praticantes nas areias cearenses

Na Capital cearense, há cerca de nove escolinhas espalhadas por toda a cidade com alto índice de inscritos para a prática do esporte. Mesmo com pouco investimento. O esporte já revela talentos e tem agregado mais adeptos

Legenda: Escolinhas de futevôlei começam a ganhar mais adeptos em Fortaleza
Foto: Felipe Rosado

Um esporte genuinamente brasileiro, carioca em estilo, resenha e fama vem agregando novos praticantes ano a ano no Ceará. Some isso a quadras em praias ou lugares abertos, uma pandemia que trouxe como recomendação a prática de esportes ao ar livre e o futevôlei deu um salto em número de praticantes.

Se temos mais adeptos, novas escolas e quadras ganham espaço. Em Fortaleza, há pelo menos nove escolinhas espalhadas. Boa parte delas registrou nítido aumento de alunos a partir das liberações de atividades físicas ocorridas ao longo do 2º semestre. Essa proporção parece crescer ainda mais quando as aulas acontecem na praia. Na Beira Mar, entre Praia de Iracema e Mucuripe, há pelo menos três escolinhas. Destas, duas registraram crescimento de praticamente 100% e a terceira chegou há pouco tempo na região, confirmando a demanda.

"Quando a pandemia chegou e paramos nossas atividades, não esperávamos que no regresso houvesse uma demanda tão crescente. Surpreendentemente, tivemos uma alta procura de novos alunos a partir de agosto. Com isso, quase duplicamos o número de alunos entre agosto e setembro, continuamos a receber novos praticantes ao longo dos últimos três meses e a expectativa é que esse número possa seguir crescente", conta Oseias Nascimento, uma das maiores referências do esporte na cidade.

Jogando há 18 anos, atuou como profissional e se destacou como um dos melhores professores do Norte e Nordeste. É dele a Escolinha de Futvôlei do Mucuripe, localizada entre as tradicionais quadras da Av. Beira Mar e o mar, e também presente na Arena PSG, no Cocó.

Vários aspectos somam para o futevôlei cair nas graças dos cearenses. Além de ser um esporte que gera excelentes resultados físicos, ele ainda mantém uma relação muito especial com a motivação aliada ao desafio mental.

Legenda: São nove escolinhas espalhadas na Capital cearense atualmente
Foto: Zarhi El Malek

Os exercícios de simulação de jogo, bem como os rachas, mesclam alunos iniciantes e avançados, demonstrando na prática que o esporte é inclusivo. "Na verdade, foi um alívio ter o contato com a praia, com o esporte ao ar livre. Me ajudou a revigorar a mente e o corpo. Era muito necessário após esse momento de lockdown que tivemos. Desde que comecei, eu simplesmente me apaixonei. É um estilo de vida altamente prazeroso e divertido. Tudo que engloba o esporte me fascina: o local, as pessoas, a escolinha em que tenho aula e a minha evolução dia a dia. Hoje em dia, faz parte da minha rotina", conta a nutricionista Janine Novais, de 22 anos.

Outro bônus é a conectividade entre classes sociais e gêneros através do esporte. Percebe-se ainda que elite e periferia se mesclam em quadras como as da Beira Mar, onde em um mesmo espaço encontram-se, além das escolinhas, quadras abertas ao público em geral, permitindo que a população jogue gratuitamente.

"Eu comecei em agosto e meu primeiro contato foi assistindo um racha da escolinha na Beira Mar, onde mesmo sem nunca ter jogado, fui convidado a entrar na quadra e experimentar. Fui super bem recebido, acolhido, e isso me estimulou muito a começar a treinar. Hoje, é minha terapia", diz o servidor público Pablo Bonfim, de 36 anos.

Tendo também conquistado as redes sociais, com escolas e famosos levando um esporte 100% brasileiro à Europa, Estados Unidos e até a Israel, o futevôlei ainda tem muito a trabalhar para se consolidar profissionalmente nos cenários local, regional e nacional.

"Mesmo com tudo isso a seu favor, há um longo caminho para torná-lo mais profissional e até mesmo acessível. O que temos visto é um padrão de crescimento de forma mais elitizada, no qual o modelo que encontramos na área nobre não se replica na periferia de onde vem os maiores talentos que temos hoje. Não temos, por exemplo, um calendário oficial, nem campeonatos que reúnam etapas em todas as regiões do País, nem projetos sociais mais consolidados", finaliza Augusto Lima, de 36 anos, que joga desde 1995, e é atual líder do ranking paraense de futevôlei, categoria master.


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