Fortaleza: o impacto da pandemia de Covid-19 nas finanças do clube

A diretoria tricolor buscou soluções internas para enfrentar a temporada de 2020, com diminuição das fontes de receita

Legenda: O Tricolor do Pici estimava orçamento de R$ 109 milhões para a temporada de 2020
Foto: JL Rosa / SVM

A temporada de 2020 do esporte mundial é marcada pela pandemia da Covid-19. Com estádios vazios, competições suspensas e risco de contaminação aos atletas, a queda de receita era inerente. No futebol, o mais popular desporto, o cenário escancarou crises e mostrou também solidez em determinadas gestões. Logo, Ceará e Fortaleza estão no último caso: com prejuízo, mas atravessando o momento em busca do equilíbrio para permitir sequência na ascensão do contexto cearense.

No aspecto financeiro, o abalo do planejamento é alto - mesmo com ambos ainda fechando os respectivos balanços. O time tricolor estima perda entre R$ 20 e 25 milhões.

O projetado para o ano era orçado em R$ 109 mi. Com grande campanha em 2019, o time aumentou faturamento em quase 1000% em período recente - em 2014 foi R$ 12,38 mi.

Legenda: A ausência de público na Arena Castelão diminuiu as receitas no futebol cearense
Foto: Kid Júnior / SVM

Fortaleza no limite

“A situação é preocupante, mas estamos sobrevivendo”, resumiu Maurício Guimarães, diretor financeiro tricolor. O Fortaleza trabalha com balancetes trimestrais, e os dois primeiros sinalizaram perda - o terceiro foi submetido para análise do Conselho. O exercício 2020 deverá apresentar déficit ao fim da temporada, com a consolidação dos números ocorrendo em 2021.

Desde março em regime de recessão, o custo mensal para manter os serviços em plenitude era próximo de R$ 8 milhões. Das receitas fixas, com a bola rolando, ocorre a manutenção de parte dos patrocínios e cotas televisivas, mas há custo operacional do jogo.

“A queda de receita é grande, com bilheteria e sócio-torcedor, por exemplo. Desequilibram o valores do orçamento traçados no início do ano. Dos direitos de transmissão, conseguimos melhorar a cota junto da Turner. Ressaltamos que hoje pagamos para jogar. São aproximadamente R$ 60 mil de prejuízo por jogo, e a receita do sócio teve queda absurda”, explicou.

Legenda: O Fortaleza aposta no trabalho de Chamusca e da nova comissão técnica na Série A
Foto: divulgação / Ceará

A queda da receita do sócio-torcedor impacta diretamente na saúde financeira do clube. Hoje, segundo site oficial, o número é de 19.970 adimplentes, em queda de 50% do calculado. Para sanar a situação, ações foram adotadas como utilização da MP 936 e cortes no elenco para diminuir a folha salarial.

O ponto positivo no processo é a herança de ‘bom pagador’ e as metas internas da cúpula leonina. Desde a saída da Série C, o Fortaleza trouxe como objetivo a montagem de elencos competitivos e de ganho em infraestrutura. Os dois elementos seguem, mesmo com as obras em ritmo menor no Centro de Excelência e no CT Ribamar Bezerra.

As principais apostas são no desempenho em campo. O clube almeja conseguir R$ 13,8 milhões em premiações e bonificações de desempenho. Uma parte foi obtida com participações na Copa do Brasil, Copa do Nordeste e Sul-Americana. O foco máximo é seguir na Série A para permitir recuperação geral das finanças em 2021 através de rearranjo dos gastos e garantia de receitas de transmissão.

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