Com melhor defesa e 2º pior ataque da Série A, Fortaleza vive 2020 oposto a 2019

No ano passado, o Tricolor marcava muitos gols, mas também sofria bastante. Neste ano, tem maior solidez defensiva e é menos vazado, na medida que também passou a balançar menos as redes adversárias

Legenda: Paulão é peça fundamental para o sistema defensivo do Leão ser tão bom
Foto: DHAVID NORMANDO/FUTURA PRESS

Equilíbrio. Essa é a palavra que todos os times de futebol procuram. No Fortaleza, por óbvio, não poderia ser diferente. O Tricolor faz boa campanha na Série A do Campeonato Brasileiro, mas apresenta um paradigma em comparação ao ano passado e ainda tem um desafio para o restante dessa temporada: tornar o ataque tão bom quanto a defesa.

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Em 2019, quando fez grande campanha e terminou o Brasileirão na 9ª colocação, o Leão do Pici teve como grande marca um sistema ofensivo bastante eficiente. Não à toa que terminou a disputa com o 6º melhor ataque entre os 20 participantes, com 50 gols

Por outro lado, era uma equipe que acabava também sofrendo uma quantidade mais elevada de gols. Ao todo, a meta leonina foi vazada 49 vezes, desempenho que fez do Fortaleza a 6ª pior defesa da Série A.

Em 2020, tem sido o inverso. Até aqui, a equipe do técnico Rogério Ceni detém a defesa menos vazada de toda a competição. Sofreu 12 gols em 17 jogos, com desempenho melhor até que o líder Internacional, vazado 16 vezes em 19 partidas.

Entretanto, no aspecto ofensivo, ainda tem deixado a desejar. O Fortaleza detém o 2º pior ataque do torneio, com 16 gols marcados. É bem verdade que ainda restam dois jogos adiados a disputar para concluir o primeiro turno, mas, até aqui, a média é inferior a um gol feito por partida.

Até aqui, este desempenho tem sido positivo, considerando que o Tricolor está em 10º lugar na tabela e, com os jogos que ainda realizará, pode encostar no pelotão dos primeiros colocados.

Desempenhos individuais

O bom rendimento defensivo em 2020 passa também pelas atuações individuais. Felipe Alves, Roger Carvalho, Tinga e o zagueiro Paulão são alguns exemplos de jogadores que fazem grande temporada em 2020.

"A gente sabe que no ano passado, nossa equipe criava muito. Nesse ano, acaba criando também muitas vezes, e algumas vezes a bola não entra. Esse equilíbrio vai acabar acontecendo. Nosso time é muito veloz, muito bom em termos individuais, e temos a conseguir esse equilíbrio e a bola, por mais vezes, começar a entrar no gol do adversário para que possamos aumentar o número de gols", destaca o capitão leonino.

Mudança tática

O novo rendimento passa por vários fatores, mas um deles é baseado em algumas variações que o técnico Rogério Ceni tem adotado. O Fortaleza passou por mudanças táticas em relação ao ano passado.

Em 2019, praticamente em todos os jogos o modelo utilizado foi com quatro atacantes velocistas, e o time mantinha o mesmo padrão de jogo, sempre ofensivo, independente de onde jogasse, em casa ou fora.

Com velocidade pelos lados do campo e dois "volantes-armadores", que são responsáveis pela criação, sendo dois "camisas 8", com qualidade no passe e nas bolas longas, foi assim que o time venceu a Copa do Nordeste, o Campeonato Cearense e terminou a Série A do Campeonato Brasileiro na 9ª colocação.

Neste ano, o modelo segue forte, mas Ceni apresenta novas variações. Em 2020, é um time menos exposto, que tem maior compactação defensiva e permite menos espaços aos adversários.

Muito por conta, também, que Ceni não tem utilizado quatro velocistas na maioria das partidas. Uma peça fundamental encaixou no time titular para mudar a característica de jogo do Leão do Pici: Ronald.

O meio-campista atua tanto de volante, substituindo Juninho ou Felipe (principalmente), como também de ponta, e dos dois lados. Entretanto, possui característica diferente de jogadores como Osvaldo, Romarinho e Yuri César, por exemplo.

Sem ser velocista, o camisa 14 é um construtor que tem muita qualidade no passe e atua mais por dentro, além de apresentar melhor poder de marcação. Isso contribui bastante para o sistema defensivo.