Chelsea e City vão deixar a Superliga europeia, diz imprensa inglesa; Barcelona cogita saída

Uma reunião de emergência deve acontecer ainda nesta terça-feira, com 12 clubes fundadores, para definição de rumos

Legenda: Torcedores ingleses fazem protesto contra a criação da Superliga
Foto: Adrian Dennis/AFP

O mundo do futebol foi sacudido nas útlimas 48 horas com a criação da Superliga Europeia, abrigando 12 dos times mais ricos do mundo. A pressão de entidades e da opinião pública já surtiram efeito em, pelo menos, três gigantes com nome na lista. Chelsea e Manchester City vão deixar a Superliga, segundo a imprensa inglesa, enquanto o Barcelona também cogita abrir mão da competição.

Desde o anúncio da "disputa privada", no último domingo (18), Uefa e Fifa manifestaram irritação e ameaçaram punições contra os envolvidos. Segundo a emissora "TalkSport", uma reunião de emergência foi convocada com 12 clubes fundadores da Superliga. O encontro deve acontecer ainda nesta terça-feira (20) para discutir o futuro da competição.

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Também houve protestos de torcedores contra a iniciativa. Os maiores ocorrem justamente em frente ao estádio do Chelsea nesta terça (20), quando o time de Londres joga pela Premier League. As manifestações, inclusive, atrasaram a realização da partida contra o Brighton em 15 minutos.

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Legenda: Ex-goleiro e atual consultor técnico do Chelsea, Petr Cech (de costas), tenta acalmar os torcedores antes da partida com Brighton
Foto: Adrian Dennis/AFP

O ex-goleiro da equipe e hoje consultor técnico do clube Petr Cech foi até os torcedores para pedir que eles não bloqueassem o acesso ao estádio. "Eu sei, mas dê tempo a todos", ele disse para a multidão, de acordo com a Reuters.

Saída comemorada

A informação que o clube controlado pelo russo Roman Abramovich prepara sua saída da Superliga foi divulgada inicialmente pela BBC. Os torcedores do Chelsea a comemoram como se fosse um gol. Já o jornal The Sun informou que o Manchester City pretende fazer o mesmo. O The New York Times confirmou as duas notícias.

Praticamente ao mesmo tempo, a imprensa espanhola noticiou que a entrada do Barcelona na Superliga ainda dependeria de uma votação dos sócios e Ed Woodward renunciou ao cargo de presidente do Manchester United.

Os movimentos durante a tarde e noite europeias ocorreu após uma manhã de pressão crescente entre governos e entidades esportivas contra a criação da Superliga, torneio que ameaça competir principalmente com a Champions League e portanto ameaçava a Uefa.

Tema de Estado

No Reino Unido, virou de fato tema de Estado. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse nesta terça-feira que nenhuma ação estava fora da mesa para impedir a criação do torneio entre 12 dos times mais ricos do mundo, 6 deles ingleses. De acordo com ele, o governo estava explorando todas as opções, incluindo novas leis.

Impostos, revisão no modelo de propriedade, restrições de vistos e viagens também estão em discussão, de acordo com a imprensa britânica, para combater a ideia que os críticos veem como anticoncorrencial.

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Foto: Adrian Dennis/AFP

Johnson se reuniu com representantes da Federação Inglesa de Futebol, da Premier League e de grupos de torcedores, na qual declarou que o governo não permitiria a criação de uma "loja fechada" no futebol, informou seu gabinete em um comunicado.
"Ele reiterou seu apoio inabalável às autoridades do futebol e confirmou que elas contam com o total apoio do governo para tomar todas as medidas necessárias para pôr fim a esses planos."

O primeiro-ministro pretende ainda discutir o tema com líderes da Espanha e da Itália, os outros países com times na Superliga até o momento. O vice-presidente da Comissão Europeia (Poder Executivo da União Europeia), o grego Margaritis Schinas, afirmou que não cabe ao órgão interferir no assunto: "Não é da competência da Comissão. A Europa reconheceu durante anos o direito das federações e da Uefa de decidirem de forma autônoma". O Reino Unido, fora da União Europeia após o Brexit, pensa diferente.

Após reunião com os 14 dos 20 clubes que não fazem parte da iniciativa, a Premier League disse que rejeitou "unanimemente e vigorosamente" os planos para uma Superliga e planeja tomar medidas contra as seis equipes (Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham) que se inscreveram para a competição.