Ceará celebra cinco anos do principal título: a Copa do Nordeste

No dia 29 de abril de 2015, com direito a recorde de público em uma Arena Castelão lotada, o Alvinegro de Porangabuçu batia o Bahia, por 2 a 1, e conquistava o título regional de forma invicta

Legenda: Jogadores comemoram título da Copa do Nordeste
Foto: Kid Junior

Um grande clube é feito por diversos elementos. Torcida, história, ídolos e tradição são alguns dos fatores preponderantes nesta composição. Mas não se pode esquecer dos títulos. Estes são os que marcam os gigantes e também as datas históricas. É por este fator que, desde 2015, o dia 29 de abril passou a ser ainda mais especial aos torcedores do Ceará. Há exatos cinco anos, o Alvinegro de Porangabuçu foi campeão da Copa do Nordeste e acrescentou à sua galeria uma das mais belas conquistas nos 105 anos de história do Mais Querido, como é carinhosamente apelidado pelos seus torcedores.

Naquela noite de quarta-feira, na vitória por 2 a 1 sobre o Bahia, o Vovô escreveu um dos capítulos mais marcantes em sua existência, equiparado ao título do Norte e Nordeste no ano de 1969. Na história recente, sem dúvidas, o título de maior dimensão, sendo considerado por muitos como o maior de todos os troféus já vencidos pelo clube. Principalmente pela forma como foi conquistado, com absoluta soberania.

Campanha histórica

A campanha foi irretocável. Em 12 jogos, nada menos que sete vitórias e cinco empates. No caminho, teve triunfo em Clássico-Rei (2 a 1 sobre o Fortaleza), clássico regional (eliminando o Vitória na semifinal) e nas duas decisões contra o Bahia, lá e cá. O aproveitamento de 72,2% foi fruto do time que, de tão competitivo, terminou o Nordestão sem amargar nenhuma derrota, estabelecendo a marca do primeiro campeão invicto desde o novo formato do torneio, adotado em 2013.

Os resultados não eram por acaso. Refletiam uma equipe coesa, talentosa, organizada e muito equilibrada. Com uma defesa sólida, sofreu somente oito gols. O ataque, eficiente, marcou 16 vezes. O coletivo era o ponto forte. Mas como imaginar que uma equipe que contava com nomes como Luís Carlos, Samuel Xavier, Sandro Manoel, Uillian Correia, Ricardinho, Marinho e Magno Alves não iria dar liga?

Legenda: Dentro de campo, Ceará foi decisivo para garantir o título do Nordestão
Foto: Kid Junior

Jogo do título

Para a festa de uma campanha consistente ser completa, faltava o troféu. Junto da ansiedade por levantá-lo, a tensão para superar um “fantasma” antigo. Afinal de contas, o grito de campeão estava engasgado desde 2014 quando, na mesma Arena Castelão, o Alvinegro perdeu para o Sport, por 2 a 1, e amargou o vice-campeonato em casa.

O Gigante da Boa vista, novamente, se vestiu de preto e branco. Completamente lotado, recebeu público que é recorde até hoje: 63.903 pagantes. O ânimo dessa vez era maior. Afinal, uma semana antes, em 22 de abril, o Ceará já havia vencido o Bahia por 1 a 0, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Com o gol de Ricardinho, jogava pelo empate para levantar a “Orelhuda”.

Mas os primeiros minutos foram de muita apreensão. Precisando do resultado, o Bahia foi pra cima e quase abriu o placar em duas oportunidades. Luís Carlos fez um milagre na falta cobrada por Rômulo, Ricardinho tirou a bola em cima da linha depois de cabeçada de Souza e Kieza mandou chute raspando a trave.

A situação só ficou mais tranquila quando Charles, aos 15 minutos, subiu mais que todo mundo e, aproveitando assistência de Ricardinho, cabeceou para abrir o placar. A explosão nas arquibancadas no Castelão avisava que a noite era alvinegra.

A festa ficou completa no segundo tempo quando, aos seis minutos, Gilvan, também de cabeça, marcou o segundo tento. Nem mesmo o gol de honra de Maxi Biancucchi, aos 43, foi capaz de diminuir a celebração.

Legenda: Jogadores festejaram o título com a torcida na Arena Castelão
Foto: Bruno Gomes

Peso histórico

Uma noite histórica, com um título grandioso e que surpreendeu muita gente. Sobretudo pelo fato de o Vovô não ter iniciado a competição entre os favoritos. Superar rivais e mais tradicionais na competição e que contavam com um orçamento maior foi um dos trunfos que tornou o título ainda mais significativo.

“É a conquista mais importante do Ceará neste século. Principalmente, porque foi uma edição em que estiveram presentes Sport, Vitória e Bahia, os três que, naquele período, tinham cota muito maior. E o Ceará estava na Segunda Divisão com uma cota muito mais baixa. E foi campeão invicto, sendo o melhor time do campeonato e vencendo as duas partidas da final. Foi um campeão incontestável e que provou que um trabalho bem realizado, no futebol, consegue superar a questão financeira”, relembra Pedro Mapurunga, diretor de Cultura, Biblioteca e Documentação do Alvinegro.

O pesquisador do futebol cearense, autor do livro “Assim se construiu o Campeão”, que relata as conquistas históricas do clube no passado, destaca ainda a importância da conquista na transformação de jogadores importantes em ídolos, como Ricardinho e Magno Alves.

É uma recordação que não sairá tão cedo da memória dos alvinegros e deve ser lembrada para sempre.

“É um título que ajudou a colocar Magno Alves e Ricardinho no hall de grandes jogadores da história do clube. Só um título dessa magnitude confirma isso. É um título que nem Sérgio Alves e Mota conseguiram, por exemplo”, finaliza.