'Bolt brasileiro' veio do futsal e se inspira em pista de João do Pulo do salto brasileiro

Alexsandro Melo é uma revelação do salto triplo brasileiro e mira os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Classificado para o Mundial de Doha, ele foi apelidado pelo seu treinador devido à sua velocidade na corrida até o salto e às características físicas de atleta

Legenda: Alexsandro Melo tem João do Pulo como principal ídolo
Foto: Ricardo Bufolin/CBAt

O futebol era a sua paixão até os 12 anos, quando ele era goleiro de futsal, torcia pelo Corinthians e ignorava os avisos de sua prima sobre sua aptidão para o atletismo. Mas tudo mudou quando o garoto viu pela TV os Jogos Olímpicos de Pequim, com o ouro olímpico de Maurren Maggi no salto em distância e o fenômeno jamaicano Usain Bolt.

A euforia levou Alexsandro Melo aceitar o convite da fundista Janaína Nascimento e testar o atletismo. Seu primeiro treinador, Fernando Dotan, o apelidou de Bolt devido à velocidade e características físicas do paranaense, que optou pela carreira de velocista no início em Londrina, mas depois trocou para os saltos. "Assim que o Bolt quebrou o recorde olímpico, eu comecei a treinar e meu técnico me apelidou assim. Eu sou rápido, a minha melhor característica no salto é a velocidade, e com todo mundo me chamando de Bolt, o apelido acabou ficando", diz o atleta de 23 anos.

Ele conseguiu conhecer Usain Bolt em 2015, durante o Campeonato Mundial de Atletismo, em Pequim, mas não teve coragem de revelar ao ídolo que é apelidado com o seu nome. "Tive a oportunidade de vê-lo, foi a única vez. Pude ver ele competir e também tirei uma foto com ele, mas não contei, não".

Pista que inspira

Hoje, o "bolt brasileiro" se inspira em João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, enquanto treina no Estádio da Ponte Grande, em Guarulhos, um dos locais onde treinou, durante a carreira, o medalhista olímpico e ex-recordista mundial, que teve como melhor marca 17,89m. O atleta ainda viveu na região até sua morte, em 1999. "Um cara que saltou tudo o que o João saltou... É uma honra eu poder treinar na mesma pista em que ele treinou, correr no mesmo corredor que ele correu, saltar na mesma caixa que ele saltou".

Alexsandro trocou Londrina por São Paulo em 2014, quando passou a ser treinado por Neílton Moura em São Caetano do Sul, na equipe B3, que encerrou as atividades em 2018. Com isso, ele teve de mudar seu local de treinos para o Estádio em Guarulhos, onde também estuda como bolsista de Educação Física na Universidade de Guarulhos, que tem seu técnico como docente.

O salto triplo masculino brasileiro tem seis medalhas olímpicas, sendo dois ouros, e 13 medalhas pan-americanas, mas não teve um representante na Rio 2016 e vive um momento de renovação, com Alexsandro ao lado de Almir dos Santos, vice-campeão mundial indoor em 2018. "A tradição é muito grande, desde Adhemar Ferreira e Nelson Prudêncio lá atrás, o Jadel Gregório também".

O jovem paranaense iniciou bem a temporada 2019 e atingiu no GP Sul-Americano de Cochabamba, na Bolívia, o seu recorde pessoal no salto triplo, com 17,31m, a segunda melhor marca do mundo no ano, atrás apenas do americano Omar Craddock, 17,68m. Ele também foi bem no salto em distância no GP Brasil, em Bragança Paulista, com 8,12m, a 13ª melhor marca do ano, o que rendeu o segundo lugar na competição brasileira.

Com objetivo de atingir o índice para a Olimpíada de Tóquio, Alexsandro já obteve a marca para o Pan de Lima e também para o Campeonato Mundial de Doha.


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