Análise: Floresta mostra força e faz história com o vice da Série D de 2020

Lobo da Vila Manoel Sátiro chegou à finalíssima em desvantagem e foi superado mais uma vez pelo Mirassol, na volta, perdendo o título nacional. Com cinco anos de futebol profissional, conquistou o acesso à Série C

Legenda: O atacante Núbio Flávio e o volante Marconi foram destaques no Floresta durante a Série D
Foto: Ronaldo Oliveira / Floresta

Um feito histórico em campanha sem taça de campeão, mas permeada pela glória do acesso. A história é a do Floresta, um time da Vila Manoel Sátiro que conquistou a vaga na Série C e brigou até o fim com o Mirassol pelo título da 4ª divisão na final, neste sábado (6), em São Paulo.

No resultado da finalíssima, duas vitórias dos paulistas, ambas por 1 a 0. A ida foi no CT do Ceará, enquanto a volta ocorreu no estádio Maião. E o saldo é além: reconhecimento nacional e demonstração de força do futebol cearense, tudo em um time com cinco anos de disputa profissional.

No âmbito geral, o Lobo foi apenas o 3º representante local a chegar na grande decisão - os primeiros foram Guarany de Sobral (2010) e Ferroviário (2018), com as duas equipes se sagrando campeãs. No recorte do Século XXI, foi o 12º acesso do Estado.

Assim, o contexto externa a evolução, seja do clube ou da Federação. Com investimento mais tímido que os adversários mais tradicionais, o Floresta apresentou organização para superar o começo de 2020 turbulento, devido ao rebaixamento no Estadual.

Força alviverde

O Floresta conquistou o 12º acesso do futebol cearense no Século XXI
Legenda: O Floresta conquistou o 12º acesso do futebol cearense no Século XXI
Foto: Ronaldo Oliveira / Floresta

A valentia da instituição, emergente e com histórico de trabalhos qualificados nas categorias de base, foi recompensada principalmente no mata-mata. Ao eliminar rivais com mais tradição, a exemplo de América-RN e Novo Horizontino-SP, instaurou um novo patamar para si no Brasil.

Sem nenhum favoritismo, superou as etapas desde a fase de grupos, quando se classificou em 3º no Grupo 03. Ao todo, registrou aproveitamento de 55,5% ao longo de 24 jogos.

O retrospecto contabiliza 10 vitórias, 10 empates e quadro derrotas. Foram 36 gols marcados e 22 sofridos.

Capítulo final

Legenda: Floresta não conseguiu sair da marcação do Mirassol e, ainda por cima, sofreu gol, dificultando uma reviravolta
Foto: Ronaldo Oliveira / Floresta

O Mirassol chegou na finalíssima com a vantagem do empate por conta do triunfo inicial. Ao Floresta, a missão era vencer por um gol de diferença para levar aos pênaltis ou ampliar a marca e ser campeão.
Para o duelo, o técnico Leston Júnior se preocupou com o sistema defensivo e surpreendeu na escalação ao deixar Núbio Flávio e Luis Soares entre os reservas. Mudança tática, não de postura. 

O Lobo brigou pelo resultado, ensaiou uma pressão com linhas altas e tentou até controlar a posse de bola, mesmo na casa do adversário.

O ímpeto esteve presente e as principais chances envolveram o lance aéreo, mas faltou melhor definição. No inimigo em campo e no relógio, cedeu espaço e ficou vulnerável. 

O Mirassol então foi cirúrgico ao explorar as brechas, sendo a maior no lado esquerdo. Foi no setor que o gol da vitória nasceu: Luiz Henrique nas costas da marcação, em finalização depois aproveitada pelo atacante João Carlos.

O fator psicológico se abalou naquele instante, e a expulsão do zagueiro Eduardo aos 44 do 1º tempo tornou tudo mais complicado. Na reta final, brilho mesmo de Douglas Dias, que impediu resultado mais elástico. O Floresta se despediu com honra.