O Brasil conquistou sua primeira medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio com o surfista nordestino Ítalo Ferreira, de 27 anos. Na madrugada desta terça-feira (27), pelo horário de Brasília, o potiguar venceu o japonês Kanoa Igarashi na final e subiu ao lugar mais alto do pódio na estreia da modalidade no programa olímpico. O terceiro lugar ficou com o australiano Owen Wright, que ganhou o bronze ao superar o brasileiro Gabriel Medina.
O resultado coroa o ótimo momento de Ítalo, o atual campeão mundial e em 2019 ganhou o ISA Games, realizado no Japão.
O resultado coroa o ótimo momento de Ítalo, o atual campeão mundial e em 2019 ganhou o ISA Games, realizado no Japão.
O brasileiro de 27 anos, natural do Rio Grande do Norte, chegou ao resultado mostrando muitas manobras ousadas e acertando aéreos incríveis, mesmo com a perna um pouco machucada há algum tempo.
Na última prova, ainda passou sufoco quando sua prancha quebrou e ele precisou trocar. Mas no final venceu por 15,14 a 6,60 e ficou com o ouro.
Conforto
Ítalo se sentiu em casa no Japão. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) montou uma estrutura bem perto do local de competição e lá ele, Gabriel, Silvana Lima e Tatiana Weston-Webb dormiam, se cuidavam e faziam as refeições. Tinha até arroz com feijão, fazendo com que os atletas tivessem acesso à culinária do Brasil.
Outro fator de conforto era com o tipo de onda, o chamado Beach Break, praias com fundo de areia. É bem parecido com o que tem em Baía Formosa, onde Ítalo cresceu.
"No Nordeste tem muitas praias assim com vento constante, então tentei tirar proveito disso", explicou, mostrando o segredo de acertar tantos aéreos mesmo em condições adversas.
História de vida
Foi lá no litoral potiguar que ele começou sua trajetória no esporte, inicialmente por acaso. O pai era pescador e usava grandes caixas de isopor para refrigerar os peixes.
Às vezes, Ítalo pegava as tampas e ia para o mar. Foi assim que começou a percorrer suas primeiras ondas. "É uma vitória incrível, pois eu vim de baixo. Por isso treino bastante", explicou.
Novas modalidades trouxeram pódios
As conquistas no Japão reforçam a importância para o Brasil da entrada das duas modalidades radicais no programa olímpico, surfe e skate.
Elas foram responsáveis por três pódios até agora e comprovaram o potencial do País nos dois esportes. Isso sem contar que ainda haverá a competição de skate park, na qual a equipe nacional tem alguma chance, principalmente no masculino.
Análise
Nas avaliações dos especialistas, já era esperado que tanto surfe quanto skate ajudassem o Brasil no quadro de medalhas. E poderia até ter sido mais caso Pâmela Rosa, favorita ao ouro no street, não estivesse machucada no tornozelo. Sem estar 100%, ela acabou não conseguindo se classificar para a final olímpica
Teve também o revés de Medina, que surfou muito bem na competição, mas acabou perdendo na semifinal e na disputa do bronze em disputas apertadas com decisão polêmica dos juízes.
Teve também o revés de Medina, que surfou muito bem na competição, mas acabou perdendo na semifinal e na disputa do bronze em disputas apertadas com decisão polêmica dos juízes.
"É triste quando isso acontece. Muita gente mandou mensagem... É difícil passar o ano treinando, se esforçando, e chegar nisso. Mas minha parte eu fiz, dei o meu melhor. Tem coisas que não dá para entender", declarou o surfista paulista.
Projeção
O feito dos dois esportes já projetam bons ventos para a Olimpíada de Paris, em 2024, pois as duas continuarão no programa. Sem contar que quase todos os atletas que estiveram no Japão são bem jovens e têm condições de estar na competição novamente. Isso sem contar a forte renovação, pois muitos talentos estão surgindo.
Com as medalhas no peito, Medina e Ítalo vão agora para o próximo desafio, o Circuito Mundial de Surfe. Eles estão na primeira e segunda posições, respectivamente, e têm tudo para brigar por mais um título mundial. A próxima etapa será o Corona Open México, em Barra de La Cruz, Oaxaca, entre os dias 10 e 19 de agosto.