Copa das Confederações já foi um torneio para homenagear um rei; hoje é teste de fogo para a sede do Mundial
O anúncio de que Fortaleza receberia três jogos da Copa das Confederações-2013, na última quarta-feira, 30, foi feito em tom quase solene e foi bastante comemorado pelo governo do Estado. Tal reação se justifica no fato de que o torneio, nos dias atuais, já se tornou um megaevento, preparatório para a Copa do Mundo do ano seguinte. Mas em seus primórdios era bem diferente.
Seleção campeã na África do Sul. Final do Mundial seria disputada em outro estádio FOTO: REUTERS
Em 1992, ano da primeira edição da competição, a disputa entre seleções sequer tinha o nome Copa das Confederações. Chamado de Copa do Rei Fahd, o torneio tinha um caráter quase amistoso. A única sede dos jogos foi a cidade de Riad, na Arábia Saudita - daí o nome em homenagem ao rei daquele país, morto em 2005 - e contou com apenas quatro equipes: Argentina (que seria a campeã), Estados Unidos, Arábia Saudita e Costa do Marfim. Ou seja, sequer tinha um representante da Europa ou ainda o campeão mundial - à época, a Alemanha.
Tampouco tinha uma periodicidade definida. Se hoje o evento acontece a cada quatro anos, a segunda edição ocorreu apenas três anos após a disputa inaugural. Em 1995, foi a vez da Dinamarca, então campeã europeia, levar o título, batendo a Argentina na decisão (2 a0, gols de Michael Laudrup e Rasmussen). O torneio esteve um pouco mais "inchado" naquela temporada e recebeu seis seleções, divididas em dois grupos de três (Dinamarca, México e Arábia Saudita formavam o grupo A enquanto Argentina, Nigéria e Japão estavam na chave B).
Na primeira edição com o nome oficial de Copa das Confederações, em 1997, o Brasil pôs em campo a base da equipe que disputaria o Mundial FOTO: FOLHA PRESS
Dois anos depois, embora ainda sob os auspícios do monarca saudita, o torneio ficou um pouco mais comercial: todos os campeões continentais - à exceção da Alemanha, que deu lugar à República Tcheca, vice da Euro-1996 - marcaram presença, justificando o nome oficial que a competição passaria a ter.
Só que o evento preparatório para o Mundial da França em 1998 foi outro. Em 1997, em solo francês, a Fifa organizou o Torneio da França, com as presenças de Brasil, Itália, Inglaterra e os donos da casa.
Carecas
Já com oito seleções, a Copa das Confederações de 1997 contou, pela primeira vez, com a presença do Brasil, que nunca mais deixaria de participar da competição, pelo menos até 2013. O time comandado por Zagallo que foi a Riad em dezembro de 1997 já era a base que jogaria a Copa da França, no ano seguinte. Em campo, a equipe se houve muito bem, terminando com a taça após um show da dupla Romário e Ronaldo (juntos marcaram 11 dos 14 gols da equipe no torneio). Mas outro fato causou repercussão ainda maior: o corte de cabelos coletivo do elenco. Tudo começou quando Romário e o zagueiro Júnior Baiano se apossaram de uma máquina e "fizeram a cabeça" de todo o elenco, raspando os cabelos de todos os 22 convocados.
Consolidação veio de 1999 a 2009
Para se consolidar de vez, em 1999, a Copa das Confederações repetiu a fórmula de dois anos antes - mantida até hoje. E o título ficou com o México, com a "Tricolor" batendo (4 a 3), na final, um Brasil desfalcado de suas estrelas, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo.
Adriano foi destaque da Copa das Confederações de 2005, disputada na Alemanha, que selou a segunda conquista do Brasil no torneio FOTO: AFP
Foi a primeira vez que o torneio esteve vinculado à organização da Copa do Mundo. Em 2001, o evento passou a servir de preparação para o Mundial. Assim, a edição daquele ano ocorreu no Japão e na Coreia do Sul, com a conquista da França.
Para o Brasil, a competição deixou como lembrança mais forte a queda do técnico Emerson Leão. O treinador levou para a Ásia um time contestado, optando por atletas de sua confiança, como o Leomar, Robert, Washington e Magno Alves. O resultado foi a eliminação nas semifinais para a França e a demissão do técnico no aeroporto de Nagoya, Japão, na volta para casa.
Em 2003, aconteceu a última edição desprovida do caráter de aperitivo para o Mundial. Em casa, a França confirmou sua supremacia no futebol naquele período, levando o título.
Palco da final
A partir de 2005, na Alemanha, cinco sedes das 12 que receberiam o Mundial em 2006 puderam fazer parte do evento e ver a segunda conquista do Brasil no torneio. O detalhe é que o estádio da final da Copa da Alemanha, o Olímpico de Berlim, não entrou na relação.
A mesma situação ocorreu em 2009, ano em que a final da competição na África do Sul, vencida mais uma vez pelo Brasil, foi realizada no Ellis Park, e não no Soccer City, palco da final do Mundial em 2010.
No Brasil, em 2013, se o calendário não for alterado, a Fifa poderá testar o estádio da finalíssima (o Maracanã) com um ano de antecedência.