Mulheres da Feira Negra de Fortaleza movimentam o afroempreendedorismo feminino
Organizadas de forma coletiva com empreendedores negros, mulheres conduzem negócios que valorizam a identidade e criam vínculos com a ancestralidade. Conheça empreendedoras da Feira Negra de Fortaleza.
Quem visita a Feira Negra de Fortaleza (@feiranegradefortaleza), em exposição no Shopping RioMar Fortaleza até o dia 17 de julho, encontra artesanato, moda autoral, artigos de decoração, entre outros produtos. Cada peça revela mais do que beleza e utilidade, mas uma forte ligação com a ancestralidade afrobrasileira, que se conecta com a identidade de quem produz e de quem consome. Por trás de cada item, estão as mãos de homens e mulheres negros que, juntos, movimentam o afroempreendedorismo no Ceará.
Neste grupo, as mulheres são a maioria, conduzindo negócios relacionados à moda, decoração, culinária e artesanato. De acordo com Aliciane Barros, 38 anos, uma das coordenadoras do coletivo e criadora da loja Cearafro (@cearafro), 13 mulheres, de um total de 15 empreendedores, participam da feira. O que os une, explica Aliciane, é o propósito de conduzir negócios voltados para valorização da cultura e identidade afrobrasileira. “O empreendedorismo negro é feito por pessoas negras que empreendem, já o afroempreendedorismo é quem trabalha com questões voltadas para a cultura e resgate da nossa ancestralidade”, diferencia Aliciane Barros.
Produtos como, blusas com retratos de ícones negros, bonecos de pano, roupas com tecido africano, acessórios com estampas e peças que remetem às cores e história dos ancestrais africanos, além de quitutes, são alguns dos itens que podem ser encontrados na feira. “Não é só um local de compra e venda, é um espaço para conversar, falar da família, dos nossos traços negros, da nossa história e do que significa cada peça”, afirma a coordenadora.
Raízes africanas
Foi a partir da necessidade de se conectar com as próprias raízes africanas que a designer de moda Yasmin Djalo, 22 anos, criou a marca Afrore (@useafrore), especializada em turbantes e acessórios. De família africana, ela conta que a marca surgiu durante a faculdade, quando foi desafiada a criar um projeto que solucionasse uma problemática social. “A Afrore surgiu realmente nessa proposta de trabalhar com a autoestima, com esse resgate ancestral da nossa identidade”, diz Yasmin Djalo.
O negócio começou com a produção de turbantes, um acessório que a própria designer aderiu em um momento de transição capilar e adotou o estilo. “O turbante é a coroa da mulher africana e realmente nos representa muito culturalmente”, afirma a empreendedora, que produz também acessórios, como brincos e colares, com material que vem da África.
O resgate da cultura familiar, além da necessidade de prover o sustento da família, também colocou a artesã Patrícia Bittencourt (@pretabitten) no caminho do afroempreendedorismo. “A marca Preta Bitten nasceu quando eu estava desempregada, com três crianças e sozinha. Então eu resgatei a história da minha mãe que pintava em colchas e panos de prato”, conta a empreendedora, que produz blusas estampadas com imagens de mulheres negras.
Na pandemia, Patrícia fez parceria com a empreendedora Karla Almeida e criou a BenAfro (@bem_afro), produzindo artigos de vestuário e decoração com temáticas afro. Para ela, o afroempreendedorismo é um movimento importante para o posicionamento do empreendedor negro no cenário econômico brasileiro. “Para a população negra no Brasil é um processo muito novo de reconstrução desse ser negro que foi capaz de construir o País e é capaz de construir a própria autonomia”, reflete.
Desafio de empreender
Escoar os produtos é um dos desafios das afroempreendedoras. Com a Feira Negra de Fortaleza, que já passou pela Praça da Gentilândia, Shopping Benfica e RioMar Kenedy, as vendas cresceram e os produtores, que vivem dessa renda, conseguiram ter um bom resultado. “Nossa expectativa é que outros espaços nos convidem, porque esse formato dá maior visibilidade e maior poder de venda”, observa Patrícia Bittencourt.
Diante dos desafios de empreender, Yasmin Djalo acredita que estar conectada ao propósito e ao passado é o que ajuda a manter as mulheres no afroempreendedorismo. “As mulheres negras foram as primeiras empreendedoras do Brasil, antes de existir a palavra ‘empreender’, elas já estavam com seus negócios nas ruas, desde o período colonial. Então isso faz parte da nossa ancestralidade. Quando nos conectamos com esse passado, vemos que somos capazes”.
Conheça as marcas de afroempreendedoras da Feira Negra de Fortaleza
Cearafro
O que produz: Vestuário feminino e masculino
Instagram: @cearafro
Preta Bitten
O que produz: artigos de decoração
Instagram: @pretabitten
BenAfro
O que produz: vestuário e decoração
Instagram: @bem_afro
Menina Nega Bijuterias
O que produz: Acessórios
Instagram: @meninanegabijuterias
RModa Africana
O que produz: Vestuário feminino e masculino
Instagram: @rmodaafricana
Cunhãs
O que produz: artigos de decoração e cosméticos
Instagram: @cunhas.atelie
Timbauba Cultura Moda
O que produz: vestuário feminino
Instagram: @timbaubaculturamoda
Acarajé da Nega Pérola
O que produz: Acarajé baiano
Instagram: @acarajedanegaperola
Ariarte com tecido
O que produz: artesanato com tecido africano
Instagram: @ariartcomtecido
Feito por mulher
O que produz: Artesanato e vestuário
Instagram: @feitopormulher1
Hannah Vyrnynya
O que produz: bonecos de pano
Instagram: @hannanvyrnynya
Serviço:
Feira Negra de Fortaleza
Período: até 17 de julho, de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h; sábados e domingos, das 12h às 17h
Onde: Shopping RioMar Fortaleza - Piso E2, próximo à Caixa Econômica (R. Des. Lauro Nogueira, 1500 – Papicu)
Informações: @feiranegradefortaleza