"É uma história de três mulheres em busca de liberdade", diz Renata Sorrah sobre nova série

Em coletiva de imprensa, Renata Sorrah, Giovanna Antonelli e Vanessa Giácomo apresentaram detalhes de "Filhas de Eva", nova série da Globoplay que estreia dia 8 de março

Escrito por Gabi Dourado , gabriela.dourado@svm.com.br
Stella ( Renata Sorrah ), Lívia ( Giovanna Antonelli ) e Cléo ( Vanessa Giácomo ).
Legenda: Stella ( Renata Sorrah ), Lívia ( Giovanna Antonelli ) e Cléo ( Vanessa Giácomo ).
Foto: Globo/Estevam Avellar

Renata Sorrah, Giovanna Antonelli e Vanessa Giácomo reunidas em cena trazem em nova série a história de mulheres em transformação. Em "Filhas de Eva", que estreia na icônica data de 8 de março, histórias permeadas por conflitos e encontros contam trajetórias pautadas por mudanças bruscas de vida.  

De uma mulher aos 70 anos que pede o divórcio durante a festa de bodas de ouro, a uma psicóloga de casais que tem um casamento falido e uma jovem confusa de suas ideias, a série vai passeando pela história de cada uma e trazendo mensagens que muitas devem se identificar. 

Ir contra ao que a sociedade espera não é uma tarefa fácil para mulheres. E, durante a trama, as protagonistas vão se transformando e questionando seus espaços.

Em entrevista on line, Renata, Giovanna e Vanessa falaram sobre suas personagens, seus pontos de vista, sobre liberdade e sobre, claro, transformação. 

Trajetória de cada personagem:

Vanessa: "Eu faço a Cléo. Eu acho que das três, ela é a mais perdida. Ao longo da série ela vai se encontrando e isso se reflete inclusive  no figurino, ela não sabe nem o estilo ela tem. Se reflete também nas atitudes que ela tem. Ela vai errando, acertando, vai levando isso com bom humor, vai aprendendo, se transformando em outra mulher... quando ela começa a se encontrar, ela começa a se transformar".

Stella
Legenda: Renata Sorrah dá vida a Stella

Giovanna: "Eu faço a lívia, uma psicóloga de casais, que tem uma vida a dois completamente o inverso do que ela  faz no trabalho. Ela consegue resolver a vida das pessoas e não consegue a dela. É uma mulher cheia de amarras emocionais, que criou um castelo no relacionamento dela. Ela tem uma filha adolescente que traz esse olhar jovem de hoje, livre, e que a Livia tenta enquadrar num padrão. A filha vem libertar essa mãe".

Renata: "Stella, a minha personagem, de cara, é uma mulher de 70 anos que está comemorando os 50 anos de casada, fazendo bodas de ouro... E durante essa festa, ela olhando fotos e vídeos que aparecem, ela fala: eu quero me separar. Cai uma ficha nela. Durante toda a vida dela, ela não estudou, ela nem fez a faculdade, ela não trabalhou, ela depende totalmente desse marido. Então, nesse dia, ela fala: eu quero ter coragem, eu quero romper agora". 

Transformações da vida:

Vanessa: "Não tem nenhuma personagem tão certinha e acho isso maravilhoso, você humaniza todas elas. Ela erra bastante, mas vai aprender com os erros dela. Eu não sofro com mudanças, eu acho que toda mudança é uma transformação" 

Giovanna: "Essa é uma mensagem que me atrai muito. A vida é feita de transformações, a gente tem que ser elástico para sobreviver. Sobretudo no ano que a gente viveu. E ver personagens se transformando traz uma conexão com o público. Quem não tem desejo de mudar padrões? Todas nos transformamos muito". 

Stella
Legenda: As gravações foram feitas antes da pandemia

Renata: "Eu acho que, atualmente, existem vozes femininas ativas que falam coisas que ecoam. E que chegaram até a minha personagem. Se fosse há 30 anos, ela teria ficado nesse casamento. Hoje não. A gente tá se repensando o tempo inteiro. Existem vários movimentos e esse movimento das mulheres é está andando. Apesar de ainda enfrentarmos muitos problemas, nós mulheres estamos conquistando nossos lugares". 

Liberdade e maturidade: 

Vanessa: "A maturidade, para mim, trouxe muita liberdade. O que mais sinto da liberdade é dizer não para certas coisas que eu não gostaria de fazer. É muito difícil dizer não. Hoje eu sinto mais liberdade de negar, de fazer as coisas que eu tenho vontade. Eu encontro pessoas, só vou para lugares e faço coisas que eu tenho vontade de fazer"

vanessa
Legenda: Vanessa Giácomo é Cléo

Giovanna: "Eu me sinto completamento fora do padrão. Quanto mais velha eu fico, menos vontade de padrão eu tenho.Não tem padrão nem na minha casa. Mas pra se libertar de tudo isso, é muita análise e terapia"

Renata: "A minha personagem é uma mulher que ficou 50 anos casada. Eu não me identifico com isso. Eu nunca fiquei numa relação sem estar ótimo. Quando não ficava bom, eu saía. Mas essa busca dela, essa coragem, a busca da liberdade, isso de romper, eu me identifico com ela sim. Eu me considero uma mulher livre. Eu nunca passei por esse perrengue de casamento, mas sei que varias mulheres vão se identificar com elas". 

Sororidade e feminismo: 

Giovanna: "Durante a série, todo mundo começa a se perguntar: quem sou eu? Uma vai despertando a busca da outra. Elas viram parceiras, generosas umas com as outras. A sororidade é um pano de fundo que nos acompanha. A gente tem tanta voz, gritou tão alto, que é um caminho sem volta. O homens vão ter que aprender".

Renata: "Aquilo da sororidade que antigamente não tinha. Eu me lembro que antigamente as mulheres competiam, e hoje não. A gente sabe que só é forte se der as mãos umas às outras".

Pandemia:

Giovanna: "Eu ainda não imagino o mundo após a pandemia, me sinto submersa nisso, pois tá sendo muito traumático, principalmente pras crianças. Eu acredito que vamos chegar lá, mas não consigo visualizar ainda. Vamos ter um novo normal, mas que ainda não se estabeleceu". 

Giovanna
Legenda: Giovanna Antonelli como Lívia

Renata: "A gente tá há um ano vivendo uma tragédia, vivendo numa pandemia com muitas mortes. E nós, artistas, estamos usando o nome da gente, tentando ajudar as pessoas que precisavam, assinando, falando sobre o que não está certo. Nós, artistas, fomos muito presentes o tempo inteiro". 

Mudanças de vida: 

Vanessa: "Eu sempre fui muito focada em ser atriz. Eu sabia que seria difícil, eu não conhecia ninguém no Rio de Janeiro quando me mudei. Depois de um tempo meu pai disse que já tinha dado o meu limite. E foi exatamente quando eu fui chamada pra fazer o teste pra Cabocla e passei. O diretor, na época, disse que eu não podia contar pra ninguém, para não vazar, nem para o meu pai. Então foi meu ato de coragem, de transformar". 

Giovanna: "Eu estou sempre em obras, tô sempre em construção,  sempre mudando. E sempre afim de mudar. Hoje eu tenho 45 anos, e me pergunto: será que eu quero viver mais 45 anos desse jeito? Ou de outro? Não sei pra onde ainda, mas tô em busca desse propósito novo. Eu topo tudo, aceito tudo. Porque eu tenho certeza que no fim vai dar certo". 

Renata: "Eu tenho um episódio de mudança muito marcante na minha vida. Eu estava no segundo ano da faculdade de Psicologia, na PUC, e um dia eu estou saindo da minha casa e o Roberto Bonfim, que era meu vizinho, me convida a fazer parte de um grupo de teatro. Eu nem pestanejei e disse 'quero'. Nunca mais voltei para universidade, nem pra trancar, não fui nem no dia seguinte. Então esse foi o dia da minha grande mudança. Eu mudei sem pensar. E mudou o meu destino até hoje, 50 anos depois".