5 de junho: conheça a expressividade feminina na luta pelo meio ambiente
No Dia Mundial do Meio Ambiente, a SISI conversou com a bióloga Cecília Licarião e a educadora ambiental Thaís Chaves, ambas a frente da luta pela preservação da natureza
Tudo que vivemos é natureza, seja a comida que comemos, a água que bebemos, o ar que respiramos, as roupas que vestimos, o celular ou computador que usamos para ler essa matéria. Nós fazemos parte dessa conexão com a mãe Terra, com essa força feminina geradora da vida, e é de responsabilidade nossa cuidar e preservar o nosso lar. Hoje, 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, a SISI mostra exemplos da força de duas mulheres que lutam pela proteção e preservação ambiental. A presença feminina no trabalho frente ao meio ambiente tem se mostrado cada vez mais presente.
Cecília Licarião é bióloga e trabalha na área de conservação de espécies, além de coordenadora do projeto Aves de Noronha e membra dos projetos Vem Passarinhar CE e Chalana Esperança. Thaís Chaves, formada em Ciências Ambientais, é coordenadora de educação ambiental do programa de mamíferos marinhos da ONG Aquasis, no projeto Manati, desde 2018.
Cecília dedica a vida a ajudar na conservação das espécies dos ecossistemas brasileiros e passa a maior parte do tempo buscando parcerias, tentando dar visibilidade ao projeto, pensando em toda a logística, pesquisa, além do desenvolvimento de produtos e criação de sites. “Quem trabalha com conservação não existe trabalhar só com a parte boa que é o campo, onde todo Biólogo gosta de estar. A maior parte do tempo, na verdade, estou no escritório”.
Já Thaís trabalha no resgate e reabilitação de mamíferos marinhos, principalmente dos peixes-bois, que precisam de mais tempo de reabilitação. As atividades são desenvolvidas desde o resgate dos animais encalhados até a soltura e reintrodução a vida livre. Além disso, a educadora ambiental realiza atividades nas comunidades, buscando colaboração e informando a população da importância de conservar a natureza e preservar animais ameaçados.
O que as duas têm em comum? A necessidade de provar o quão necessário e urgente são as atividades que realizam em prol dos animais e do meio ambiente. “É um trabalho muito complexo de ficar provando a gregos e troianos o básico, mas é o que tem que ser feito”, ressalta Cecília. “Nosso trabalho busca proteger as espécies e conservar o hábitat delas, que acaba sendo o nosso também”, enfatiza Thaís.
“A gente não precisa esperar que aquela espécie chegue numa probabilidade possível de deixar de existir no planeta Terra para começar a querer investir de alguma forma. A gente tem que preservar”, explica Cecilia Licarião.
Respeito ao meio ambiente
O respeito pela natureza deve ser de todos. Cecília Licarião e Thaís Chaves caracterizam o distanciamento do homem ao meio ambiente como fator principal da falta dessa conexão com o todo. Cecília acredita que o afastamento do ser humano com a natureza o faz fugir do como cidadão, no sentindo de ter responsabilidade com o lixo que produz, de pensar no consumo sustentável, evitar a compra de descartáveis, bem como cobrar dos governantes por ações emergenciais.
“O principal desafio de trabalhar com meio ambiente e a preservação de espécies ameaçadas, hoje, talvez seja esse distanciamento do homem em relação à natureza. Ao cuidar da natureza, ao cuidar do meio ambiente, ao preservar as espécies, evitar a extinção de espécies ameaçadas, nós também estamos cuidando de nós”, reforça Thaís Chaves.
Enquanto o homem insistir em usar o meio ambiente como benefício próprio, de forma dominadora e não sustentável, todo efeito negativo que acontecer na natureza, ou seja, os impactos ambientais, vão reverberar em nós. Para a coordenadora de educação ambiental, o grande desafio é conseguir atingir essa compreensão das pessoas.
É preciso que haja uma mudança de percepção, no sentido de que somos parte do todo, e que precisamos zelar, respeitar e conservar o meio ambiente. Cecília analisa que a sociedade só enxerga a natureza da forma explícita, ou seja, quando se relaciona com vegetação ou com animais, mas isso é apenas uma fração do todo. “Tudo é natureza, inclusive nós. Essa conexão é urgente. Nós lutamos por essa clareza de informação quando realizamos os projetos de conservação”, afirma.
O caminho para a compreensão de que a natureza é a grande mãe Terra e sem ela não há existência se dá por meio de inúmeras ferramentas de sensibilização voltadas à população. Para Thaís Chaves, cada pessoa tem o seu mecanismo aprendizado. “Para cada tipo de público, é preciso pensar uma forma, uma linguagem, um conteúdo que vai ser abordado para se consiga sensibilizar e atingir o sentimento daquela pessoa em relação ao que estamos tentando transmitir”, enfatiza.
Acreditar no bem-viver, na vida como propósito, se perguntar para que veio a esse mundo são pilares que fazem Cecília e Thaís não desistirem de continuar a trabalhar com o meio ambiente, mesmo com as dificuldades, os problemas e as negativas que recebem ao longo do caminho.
Como ressalta Thaís, a única forma de não desistir é o amor pela natureza e a corrente do bem realizada por diversos profissionais que trabalham para conservar o meio ambiente e proporcionar mais qualidade de vida, um ambiente limpo e seguro, propiciando mais saúde física, mental e espiritual.
“É o amor que faz a gente dar cada vez mais de si todos os dias. A gente recebe muita energia boa das pessoas e dos animais, isso nos fortalece e faz com que a gente não desista de continuar”, diz Thaís Chaves.
Curiosidades
Cecília Licarião, coordenadora do projeto Aves de Noronha, juntamente com a jornalista Ana Clara Marinho, foram responsáveis por nomear um dos pássaros, da espécie sebito, de Juliette, fazendo referência a vencedora do BBB21. “O nome de uma mulher nordestina que representa muito do que é a gente”, enfatiza Cecília.
O projeto busca aproximar a sociedade e a comunidade do trabalho científico por meio dessas nomeações das espécies. Na última campanha, foram anilhados 53 indivíduos com nomes de biólogos, pesquisadores e pessoas da ilha.
Além do peixe-boi marinho, Thaís Chaves trabalha na preservação dos botos-cinzas. A espécie é considerada patrimônio natural do Município de Fortaleza e pode ser visto na enseada do Mucuripe.