Spike Lee chama Bolsonaro, Trump e Putin de 'gângsteres' na abertura do Festival de Cannes

Diretor disse que os líderes "não têm moral nem escrúpulos" durante discurso

Escrito por Diário do Nordeste e AFP ,
Spike Lee usando blazer e óculos de cor rosa, além de chapéu preto
Legenda: O cineasta deveria ter presidido o júri de Cannes em 2020, sendo, assim, o primeiro negro a ocupar o posto
Foto: Christophe Simon/AFP

O cineasta norte-americano Spike Lee chamou o presidente Jair Bolsonaro de "gânsgter" em discurso na cerimônia de abertura da 74ª edição do Festival de Cannes, nesta terça-feira (6). O artista, que dirigiu filmes como "Malcolm X" e "Infiltrado na Klan" também mencionou líderes de outros países. As informações são do jornal O Globo.

"Este mundo é governado por gângsters. O Agente Laranja (Donald Trump), o cara do Brasil (Bolsonaro) e o (presidente russo Vladimir) Putin. Eles são gângsteres e farão o que quiserem. Eles não têm moral nem escrúpulos", declarou Lee. "É o mundo em que vivemos".

Em seguida, Lee ressaltou que o júri do festival não deve ser apenas crítico dos filmes, mas "do mundo e dos gângsters", segundo a AFP.

O cineasta deveria ter presidido o júri de Cannes em 2020, sendo, assim, o primeiro negro a ocupar o posto, porém o festival foi cancelado em razão da pandemia. Ao lado dele, há figuras como Song Kang-ho, Mélanie Laurent, Mati Diop, Maggie Gyllenhaal e Kleber Mendonça Filho, diretor brasileiro que conquistou, em 2019, ao lado de Juliano Dornelles, o Prêmio do Júri com o filme "Bacurau".

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Mendonça Filho, durante o evento, lembrou o impacto da pandemia no País, que registra mais de 525 mil mortos por Covid-19.

"Segundo dados técnicos, se o governo tivesse feito a coisa certa, 350 mil vidas teriam sido salvas", afirmou.

O diretor de Bacurau também lamentou o fechamento da cinemateca brasileira e a demissão de técnicos e especialistas do equipamento. "É uma forma muito clara de reprimir a cultura e o cinema", considerou, acrescentando que passar a informação e falar sobre ela é "uma das formas de resistir".

Longas brasileiros de fora

Neste ano, o Brasil não está com produções totalmente nacionais em mostras de cinema paralelas mais relevantes, bem como não está na disputa maior pela Palma de Ouro. O último filme a ganhar a honraria foi o coreano "Parasita", em 2019.

O País, contudo, participará simbolicamente do desfile pelo tapete vermelho com "Casa de Antiguidades". O longa, de João Paulo Miranda Maria, estava elencado para a seleção oficial cancelada no ano passado.

Brasil representado por curtas

A Palma de Ouro de curtas, porém, tem dupla presença brasileira na competição:  "Sideral", de Carlos Segundo, e "Céu de Agosto", de Jasmin Tenucci, estão na disputa.

A seção Cinefóndation, dedicada a curtas universitários, conta com "Cantareira", fruto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Rodrigo Ribeyro, na Academia Internacional de Cinema.

Outras presenças do País

O único longa brasileiro sem parcerias internacionais em Cannes é "Medusa", dirigido por Anita Rosa da Silveira, que será apresentado na Quinzena dos Realizadores.

O Brasil, contudo, figura na coprodução de outros cinco longas-metragens, Um deles é o cearense Karim Aïnouz, que venceu a mostra Un Certain Regard com "A Vida Invisível" em 2019.

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O cineasta participou do filme "Marinheiro das Montanhas", parceria brasileira com França e Alemanha. Rodada na Argélia e com imagens de arquivos de Fortaleza, a produção será exibida em sessão especial.

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