'Bem-Vindos à Vizinhança' foi um caso real? Veja história que inspirou série da Netflix

Naomi Watts e Bobby Cannavale são protagonistas de produção audiovisual

A história real do casal Derek e Maria Broaddus, nos Estados Unidos, acaba de ganhar uma produção na Netflix. A narrativa de perseguição foi lançada nesta sexta-feira (15), com assinatura de Ryan Murphy e Ian Brennan.

O casal, com três filhos, comprou uma casa em Nova Jersey em 2014, e, logo na mudança, começou uma grande reforma. Maria havia crescido na cidade, e Derek era do estado de Maine. Ele se tornou vice-presidente de uma companhia de seguros em Manhattan e tinha um salário bom o suficiente para comprar a casa, pelo valor de US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 6,9 milhões), conforme o site The Cut.

Veja trailer de produção do Netflix:

Enquanto eles aguardavam o fim da reforma do novo lar em uma casa próxima, a família começou a receber uma série de cartas ameaçadoras, assinadas por uma pessoa que se nomeava apenas por "The Watcher".

Queridos novos vizinhos do 657 Boulevard, deixem-me dar as boas-vindas à vizinhança", começava a primeira carta. "657 Boulevard está com a minha família há décadas e, aproximando do seu 110º aniversário, eu fui encarregado de vigiá-la em sua segunda década. Meu avô a vigiou em 1920, meu pai vigiou nos anos 1960. Agora é a minha vez. Vocês conhecem a história da casa? Vocês sabem o que há nas paredes? Por que vocês estão aí? Eu vou descobrir.
Texto de carta enviada ao casal

Carta misteriosa

Após receberem a primeira correspondência, a família Broaddus contactou os donos anteriores da residência, que disseram ter recebido uma carta semelhante dias antes de deixarem a residência.

No entanto, eles afirmaram que foi a primeira vez que receberam uma correspondência do tipo nos 23 anos em que moraram lá e, por isso, não deram muita atenção à mensagem.

Os novos donos continuaram recebendo cartas cada vez mais ameaçadoras. O remetente sabia os nomes de Derek e Maria e detalhes sobre seus filhos, incluindo datas de nascimento e apelidos, qual modelo de carro a família possuía e quem eram os empreiteiros responsáveis pela renovação do imóvel.

"Vocês precisam encher a casa com o sangue novo que eu pedi?", dizia um trecho de uma das correspondências, referindo-se às três crianças.

"A sua casa antiga era pequena demais para a família em crescimento? Ou era ambição trazer seus filhos até a mim? Assim que eu souber seus nomes, vou atraí-los até a mim."
Trecho de carta enviada aos Broaddus

Derek e Maria Broaddus entraram em contato com a polícia, que os instruiu a não contar sobre as cartas para os vizinhos, já que todos eram suspeitos. Enquanto continuavam a reforma, eles visitavam o local para acompanhar as renovações, e o "Watcher" mostrava continuar de olho no que acontecia na casa — além de ameaçar a integridade física do casal e dos filhos.

"Os trabalhadores estão ocupados, e eu os vejo descarregar carros cheios com seus objetos pessoais. A lixeira é um belo toque. Eles já encontraram o que está nas paredes? Com o tempo, eles irão", dizia um dos textos enviados pelo observador.

As cartas fizeram o casal desistir da casa. Eles compraram outra residência e mantiveram o endereço do novo local privado.

Alguém foi identificado como autor das cartas?

No fim de 2014, após muitas investigações policiais, de detetives particulares e até de um ex-agente do FBI, ninguém havia encontrado uma resposta sobre a identidade do observador.

O prefeito de Westfield descreveu o trabalho da polícia como "exaustivo", e mesmo assim um culpado jamais foi encontrado e identificado.

Em 2015, a polícia encontrou amostras de saliva no envelope de uma das cartas. Análise de DNA apontou que se tratava do material genético de uma mulher. Alguns vizinhos concordaram em serem testados para comparar com a amostra encontrada na carta, mas não houve identificação.