Ministro propõe escolas técnicas com currículo ditado por empresas em projeto-piloto

Modelo terá viabilidade testada no projeto, que não teve valores, prazos ou fonte dos recursos divulgados

Legenda: Pontes acrescentou que, inicialmente, pretende propor que o currículo das eventuais escolas profissionalizantes distritais sejam estabelecidos considerando as necessidades de mão de obra das empresas regionais.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, anunciou, nesta terça-feira (23), que espera lançar, em breve, um projeto-piloto para um novo modelo de Ensino Técnico, o qual deve ter sua viabilidade testada. Nele, o currículo de ensino é desenvolvido levando as cadeias produtivas regionais em conta.

“É o que eu chamo de escolas profissionalizantes distritais”, explicou o ministro durante um seminário digital realizado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom).

Pontes disse que a proposta já vem sendo discutida como uma forma de estimular a formação técnica-profissional, a qual, segundo ele, é pouco valorizada no Brasil. O titular da Pasta, contudo, não detalhou valores, prazos ou fonte dos recursos.

“Espero colocar ao menos algum projeto-piloto em funcionamento ainda este ano, para que, no próximo ano, elas comecem a funcionar”, destacou o ministro. Pontes acrescentou que, inicialmente, pretende propor que o currículo das eventuais escolas profissionalizantes distritais sejam estabelecidos considerando as necessidades de mão de obra das empresas regionais.

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“Os países que têm melhores resultados no desenvolvimento de tecnologias são exatamente aqueles que valorizam o ensino técnico”, destacou Pontes, acrescentando que o Brasil forma poucos técnicos, embora possua boas escolas profissionalizantes, como as do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

“O número de alunos que terminam o ensino médio com um curso técnico é muito baixo. O ideal é que esse número fosse triplicado. Que tivéssemos acima de 60% dos alunos que concluem o ensino médio com uma formação técnica. Para isso, precisamos trabalhar junto com as empresas, na cadeia produtiva regional. Para estabelecermos escolas distritais de ensino técnico que possam ser feitas em conjunto com o ensino médio, e cujos currículos sejam ditados pelas empresas regionais”, defendeu o ministro, frisando, também, a necessidade de que mais jovens sejam atraídos para as ciências exatas.

Carência de técnicos no País

Mediador da conversa com o ministro, o executivo Laércio Cosentino, fundador da empresa de softwares Totvs, também comentou a carência de técnicos. “O curso universitário é fundamental, mas o curso técnico é aquele que mais dá condições para a base da pirâmide social ascender. Em curto espaço de tempo é possível mudar muita coisa”, disse Cosentino, acrescentando que faltam bons profissionais com formação na área de exatas no Brasil.

O executivo também defendeu uma reformulação de parte dos currículos de cursos universitários. “A adequação dos currículos, e quer queira, quer não, a pandemia incentivou a isso, precisamos renovar o currículo de diversas universidades para que estejam atualizados”, defendeu.