Urbana e plural: conheça Belém em sua essência

A Capital paraense respira história e cultura. Em roteiro de três dias, é possível se conectar à natureza, experimentar sabores típicos da região Norte e vivenciar forte contato com a fé e a espiritualidade

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@verdesmares.com.br
Legenda: Vitórias-régias no Parque Zoobotânico Museu Paraense Emílio Goeldi
Foto: Lívia Carvalho

Belém nunca esteve nos meus planos de viagem, mas foi uma grata experiência. O contato direto com a natureza e a rica história cultural me surpreenderam bastante. Fui com um grupo de sete amigos para participar de um Congresso de Comunicação e depois nos aventuramos na “Cidade das Mangueiras”. Nos hospedamos em um hotel no bairro Nazaré, com ótima localização. 

Semanas antes da viagem, preparei o roteiro a partir de pesquisas. Em três dias, conseguimos fazer passeios pelos mais diversos pontos turísticos. Apesar da viagem ter sido no começo do mês de setembro, época em que as chuvas dão uma trégua, o clima ainda estava bastante úmido e, às vezes, fazia precipitar. Nas malas, roupas leves, frescas e guarda-chuva. Manter-se hidratado também é essencial para conseguir “turistar”. 

Arquitetura

No primeiro dia, uma quinta-feira, seguimos para a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. Conhecida pela beleza arquitetônica e pelas manifestações de fé do Círio de Nazaré, é uma das maiores festas da religião católica que acontece no segundo domingo do mês de outubro. Logo na entrada, a recepção é feita pelas milhares de fitinhas coloridas amarradas às grades. Fazer três pedidos para a padroeira do Pará e Rainha da Amazônia é quase que uma obrigação. Mesmo para quem não é religioso, a experiência é de tirar o fôlego. O ambiente é tão rico espiritualmente que você consegue sentir todas as boas vibrações. 

Legenda: A Basílica de Nossa Senhora de Nazaré é um templo religioso restaurador. As pinturas enaltecem os costumes e a cultura dos paraenses
Foto: Lívia Carvalho

De lá, o planejado era irmos a pé até o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, a cerca de 1 km. Mas um erro no percurso – fomos para o lado oposto – nos fez parar no Theatro da Paz, quase o dobro da distância. O prédio histórico datado de 1878, durante a ascensão do Ciclo da Borracha, em Belém, foi construído para acomodar 1.100 pessoas. Com reformas, atualmente, comporta 900. Lá, é possível fazer a visita guiada, com duração de cerca de uma hora. Para quem aprecia história, é uma verdadeira aula. 

O hall de entrada é uma mostra do que te espera na parte interna. Sua cor original, por exemplo, foi reconstituída e traços da belle époque são bem presentes. O teatro também guarda um busto do escritor cearense José de Alencar, conhecido por retratar indígenas em suas obras. Lustres, arabescos, acústica, tudo minimamente pensado pelo engenheiro militar José Tiburcio de Magalhães. 

Legenda: O hall de entrada do Theatro da Paz traz elementos da arquitetura da belle époque, com arabescos

Contato com a natureza

A visita terminou por volta de 13 horas. Almoçamos perto dali e seguimos para o Parque Zoobotânico, distante cerca de 4 km. Fundado em 1895, o museu ganhou o nome em homenagem ao zoólogo suíço Emílio Goeldi, responsável por pesquisas importantes da área no Brasil. Atualmente, o espaço abriga várias espécies da fauna e flora amazônicas. Entre elas, animais vivos resgatados de cativeiros e outros empalhados. 

Legenda: O Parque Zoobotânico Museu Paraense Emílio Goeldi abriga vários guarás, ave de coloração avermelhada frequente na costa da Região Norte
Foto: Lívia Carvalho

Estar em contato direto com onças, aves dos mais variados tipos, jacarés e plantas típicas, como a seringueira da Floresta Amazônica, foi uma sensação muito diferente de tudo o que eu já vivi. O clima quente e úmido da Região Norte é ainda mais perceptível dentro do parque, o que torna a experiência ainda mais realista. 

Encerramos o dia na Estação das Docas, complexo fluvial à beira da Baía do Guajará, ao lado do Mercado Ver-o-Peso, para assistirmos ao pôr do sol. O local reúne gastronomia, moda e eventos, além de ser uma ótima opção de passeio romântico. Para os amantes de happy hour, alguns restaurantes oferecem promoções em bebidas e petiscos. 

Legenda: A Estação das Docas é um dos pontos turísticos de passagem obrigatória, ótima opção para um passeio de fim de tarde
Foto: Lívia Carvalho

O Mangal das Garças foi a nossa escolha para o segundo dia, uma sexta-feira. Criado em 2005, o ponto turístico é resultado da revitalização de uma área de cerca de quase 40mil metros quadrados às margens do Rio Guamá, reunindo série de atrações. A entrada é gratuita, mas alguns espaços como o Borboletário José Márcio Ayres, Farol de Belém, Viveiro das Aningas e Memorial Amazônico da Amazônia são pagos. Os turistas empolgados optaram pelo pacote completo, tínhamos de conhecer tudo! 

Começamos o tour pelo borboletário, que abriga cinco espécies diferentes de borboletas e beija-flores. Ouvir o canto dos pássaros e presenciar o momento do balançar das asas coloridas dos insetos é uma experiência mágica. No Viveiro, é possível conhecer mais de 35 espécies de aves de pertinho. 

Legenda: Uma das espécies de borboleta no Borboletário do Mangal das Garças
Foto: Lívia Carvalho

O Farol foi um momento de perder o fôlego com a beleza de ver Belém de cima. A estrutura tem 47 metros de altura e permite o visitante observar a 15 ou a 27 metros, podendo ver quatro pontos diferentes da cidade. 

Legenda: O Farol de Belém no Mangal das Garças é uma estrutura de 47 metros de altura e permite a visualização de cima da cidade
Foto: Lívia Carvalho

Mergulho nas profundezas

Dispostos a provar do banho de rio, atravessamos o Rio Guamá até a Ilha do Combu. O local já é ponto turístico certo para quem vai a Belém, pois abriga diversos restaurantes, além da Casa de Chocolate da Dona Nena. A travessia é feita de barco e o ponto de saída é a Praça Princesa Isabel. Lá você pode fechar o passeio com um barqueiro (ida e a volta), com um lugar certo da parada, já que as construções são em palafitas e não permitem o trânsito de um espaço a outro. 

Legenda: A travessia até a Ilha do Combu é de cerca de 15 minutos e abriga um local paradisíaco
Foto: Lívia Carvalho

Na Praça, recebemos a indicação para irmos ao Elohim Restaurante do Tatu, que já incluía o passeio para a Casa de Chocolate. No entanto, essa delícia só acontece nos fins de semana, e nós fomos numa sexta-feira. Lá, experimentamos o filhote, peixe típico da região, com açaí. Eu que não sou muito fã da iguaria, resolvi me aventurar nos novos sabores. A mistura não me agradou, mas valeu a tentativa. O tempero é forte é característico da região, deixando a comida com sabor peculiar. E a crocância da farinha de tapioca me conquistou. 

As águas do Rio Guamá naquele dia foram como um abraço. De tonalidade escura, não se vê o fundo e o toque dos pés ao “chão” posso descrever como, no mínimo, surpreendente. No restaurante em que ficamos, a descida para o rio era feita por um píer e, à medida que a “maré” subia, era possível aproveitar o banho deitada nas redes. 

A programação noturna foi no Espaço Cultural Apoena, no bairro de Marco, localizado a 750 metros do hotel em que estávamos hospedados. No local, a cultura paraense é efervescente: culinária, música e cenários típicos da região. Na noite em que fomos, as apresentações ficaram por conta das bandas independentes: Florisse e Lauvaite Penoso. 

Terminamos nossa maratona turística no sábado, no Mercado Ver-o-Peso, passagem obrigatória para quem visita a terra das cantoras Joelma e Gaby Amarantos. O espaço reúne artesanato, música e as famosas iguarias de Belém. Impossível passar por lá e não experimentar a ‘unha de caranguejo’, uma coxinha com recheio do crustáceo. Em uma tarde, podemos vivenciar todas as misturas do rico local. Vale muito conhecer Belém. 

Assuntos Relacionados