Tapioca guarda tradição mas também se reinventa em apetitosas combinações

Presença certa na mesa do brasileiro, iguaria é homenageada na próxima segunda-feira (15) com o Dia Nacional da Tapioca

Escrito por Wolney Batista , wolney.santos@verdesmares.com.br
Legenda: Feitio da tapioca requer equilibrio ao umeder a farinha com água
Foto: FOTO: LUCAS DE MENEZES

O café da manhã é um convite para se render ao sabor único da tapioca. Não que o lanche da tarde, almoço, jantar ou qualquer outra refeição ao longo do dia não seja. Herança secular da gastronomia nacional, a iguaria tem lugar cativo na alimentação dos cearenses e pode ser encontrada desde banquinhas nas ruas até restaurantes sofisticados. O apreço pelo prato é tão grande que rendeu até uma data especial para homenageá-lo: na próxima segunda-feira (15) comemora-se o Dia Nacional da Tapioca.

A doméstica Maria das Dores é uma guardiã da forma de preparo tradicional do alimento. Ela mudou-se de Quixadá para Fortaleza há quatro décadas e na mudança trouxe consigo o jeito de fazer a tapioca que aprendeu com a mãe.

"No interior a gente fazia da goma de farinha. Era bem natural mesmo. Hoje tem até vários tipos de frigideira. Usávamos uma espécie de frigideira de barro. Botava no fogo de lenha e fazia tapiocas grandes, que davam pra duas, três pessoas", relembra ela, que guarda na memória as refeições compartilhadas com os pais e os 13 irmãos.

"Minha mãe fazia a massa seca de mandioca, a goma mesmo, que é mais trabalhosa. Foi tão difícil de aprender porque ou ficava muita molhada ou ficava seca. Foi difícil, mas eu aprendi", conta orgulhosa.

Foto: FOTO: LUCAS DE MENEZES

Na capital, Dorinha, como é conhecida, atuou em muitas profissões, mas há mais de uma década ela encanta uma família fortalezense com os dotes culinários. "Meus patrões gostam muito de tapioca. Às vezes, ele quer bem leve, sem manteiga, sem nada. Eu brinco que é tapioca recheada com tapioca. Já minha patroa gosta de um queijinho ralado bem fininho", confidencia e emenda com uma detalhada descrição do feitio. A entonação das frases deixa transparecer a dedicação ao preparo. "Eu faço a tapioca e, ainda quentinha, passo manteiga. Em seguida, já passo o queijinho e enrolo bem enroladinha. Fica no ponto".

Nas mãos de Dorinha, o multifacetado prato se comprova em seus acompanhamentos, a exemplo de ovos, leite, nata e até bife ao molho. "A tapioca aceita tudo", garante. Mas a quixadaense vai além e mostra que pode proporcionar um gosto diferente mesmo usando apenas a farinha.

"Uma amiga de Maranguape me deu a receita de uma tapioca de forno. Era muito gostosa, mas achei a massa ainda um pouco grossa. Com o tempo, fui desdobrando de outro jeito; diminuindo o tanto da goma e deixando o mesmo tanto de leite. E foi ficando mais delicada". A mudança fez sucesso e gerou elogios. "Quando faço, todo mundo diz: 'bota pra vender'. Mas gosto de fazer só pros amigos mesmo".

Massa colorida

O músico Jefferson Farias apostou na tapioca quando pensou em empreender. Formado em marketing, ele tinha o desejo de "trazer um conceito diferente de algo que já existisse". Depois de meses de pesquisa, o estalo criativo veio: tapioca com massa colorida e saborizada. "Conversando com uma amiga de Iguatu, ela disse que fazia um sumo de algo que desse sabor, como alho; e algo que desse cor, como a beterraba".

As experiências levaram a massas de cor rosa e verde, um queijo crocante para fechar as bordas e os mais variados recheios. "Carne de sol com queijo coalho e requeijão; frango com queijo e bacon, lombinho com cream cheese, morango com nutella", elenca.

As opções para acompanhar a tapioca são tão incontáveis que já possibilitaram até intercâmbio com a culinária peruana. "Fomos a um evento temático e fizemos com ceviche. Ficou gostoso que só".

Qualidade comprovada

Além de deliciosa, a goma de mandioca comercializada em Fortaleza para o preparo da tapioca também é segura. Uma análise realizada pelo Laboratório de Microbiologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC), encomendada pelo Diário do Nordeste, comprovou a qualidade de 10 marcas.

Foram analisadas as presenças de salmonella, coliformes fecais e beacillus cereus em amostras colhidas no dia 25 de maio deste ano. Todas as marcas foram aprovadas. São elas: Minha Tapioca, Rainha, Dona Inês, Pinheiro, Precioso, Gosto Mineiro, Nossa Goma, Amafil, Bom de Boca e Raiz da Terra.

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