Sequência de "Cine Holliúdy" flerta com a crítica política e alivia nos estereótipos

Com enredo mais bem resolvido, o terceiro filme da trilogia de Halder Gomes ganha fôlego. O longa entra em cartaz a partir de 21 de março

Escrito por Rômulo Costa , romulo.costa@verdesmares.com.br
Legenda: Francisgleydisson e família enfrentam os desafios de fazer uma ficção científica no interior cearense

O tempo buliu com a vida de Francisgleydisson (Edmilson Filho). Uma década depois de investir em um cinema em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza, o protagonista volta em "Cine Holliúdy 2 - A Chibata Sideral" como um empresário falido que se afoga na cachaça e tenta a todo custo se reinventar no cinema, dessa vez, como cineasta. O desafio é realizar uma ficção científica com baixo orçamento, interferências políticas, e tendo os moradores do interior cearense como os principais atores.

>"Cine Holliúdy 2" chega aos cinemas na próxima semana

Mais do que o próprio protagonista, a sequência de Cine Holliúdy reaparece mais "aprumada", pra ficar no "cearensês". A comédia de Halder Gomes, que estreia no próximo dia 21 nos cinemas, conseguiu avançar em relação ao primeiro filme, com personagens e enredo mais bem resolvidos.

Se no primeiro longa, o grande entrave para ver o sucesso de Francisgleydisson era o interesse dos moradores pelo cinema, encantados com a chegada da tevê no interrior, este surge com vilões, armadilhas e trapalhadas que dificultam a reinvenção do protagonista.

Os inimigos são representados pela primeira-dama e sucessora do Prefeito Olegário (Roberto Bomtempo), a candidata Justina Ambrósio (Samantha Schmütz), e pelo Pastor Esmeraldo (também interpretado por Edmilson Filho). Ambos se veem ameaçados com o sucesso do cineasta e tentam desgastar a empreitada, que culmina em cenas que dão agilidade ao filme e divertem não apenas pelo humor centrado no linguajar dos personagens.

O humor de Halder chega a flertar com a crítica política em alguns momentos. O diretor, que também assina o roteiro do longa, conseguiu inserir nas falas a célebre frase "não temos prova, mas temos convicção", que viralizou nas redes sociais atribuída aos procurados da Operação Lava Jato. Também na figura de Olegário e Justina, o filme traz a alegoria de gestores que viram as costas para a cultura e não se intimidam em prejudicar adversários em troca do poder.

Acumulando produções em comédia, como o "Shaolim do Sertão" e "Os Parças", o cearense Halder volta aos cinemas com um Cine Holliúdy de efeitos visuais e figurinos mais cuidadosos. O novo filme também manera nos estereótipos e no humor que quer fazer rir, simplesmente, pela fala de um povo. Com boas soluções e risadas, "A Chibata Sideral" reanima o público e dá ainda mais fôlego para a sequência que foi sucesso em 2013.

Assuntos Relacionados