Restaurantes de Fortaleza investem na regionalidade e no sabor contemporâneo

Unindo beleza e sabor, a regionalidade cearense está cada vez mais presente nos restaurantes da capital, seja na escolha de insumos locais ou no uso de peças de artesanato na apresentação dos pratos

Escrito por Redação ,
Legenda: Salada nordestina com carne de sol servida nas louças de tons regionais
Foto: Rodrigo Meireles

Quem preza a gastronomia sabe que não é apenas a função nutricional de um alimento o que importa. Neste universo, estética, sabor e regionalidade caminham juntos na construção de um produto diferenciado. Em busca da valorização da comida cearense, o restaurante contemporâneo "O Mar Menino" vem utilizando estas três bases em todos os setores do estabelecimento, seja na decoração do ambiente, na louça artesanal ou no consumo da produção de insumos regionais.

Segundo o chef Leonardo Gonçalves, o conceito foi inteiramente fundado em um movimento de identidade e pertencimento chamado DOC (Denominação Origem Cearense). "A gente procura descobrir o que é a tradição, a memória e a cultura do Ceará, e depois traduzir tudo isso em pratos cearenses com uma visão autoral moderna", explica.

Legenda: Salada de camarão servida na cumbuca de barro
Foto: Divulgação

Leo enumera ainda três pilares fundamentais da comida elaborada pelo restaurante O Mar Menino: "ela precisa ser bonita, e gostosa e ter identidade cultural". A valorização da cultura e o desenvolvimento do sabor são características marcantes e imprescindíveis, entretanto, o chef faz questão de reiterar a importância de tornar a comida esteticamente interessante, com a intenção de oferecer uma experiência ainda mais satisfatória.

Legenda: Nhoque vegano de banana serrana com a sofisticação do prato de cerâmica
Foto: Divulgação

Releitura da tradição

Para tanto, pratos de cerâmica assinados pela artesã cearense Vivian Pontes de Vieira foram incorporados na rotina do restaurante com a proposta de unir o regional e o contemporâneo. A parceria já existe há quatro anos e foi quem primeiro desafiou a artista a moldar os utilitários.

"Os pratos feitos com barro cearense viraram marca registrada. No início, a gente acabou chegando a quatro ou cinco modelos e, depois, Vivian continuou tocando a parte criativa. Desenvolveu vários modelos e todos lindíssimos, alguns com design exclusivo para O Mar Menino", comenta.

Nesta proposta de unir arte e gastronomia, o restaurante tem como carro-chefe o Arroz Serrano. Feito inteiramente com ingredientes advindos de serras locais, a exemplo do Maciço do Baturité, a iguaria leva cogumelos, café e feijão frito, além de arroz arbóreo presente no Estado há 150 anos. "A gente pegou todo um microclima do Ceará e colocou dentro de um prato que, inclusive, teve sua cerâmica desenhada exclusivamente para o restaurante, trazendo um modelo que parece um chapéu", declara. A iguaria também ilustra a nossa capa.

Apelo visual

Unindo saúde e bom gosto no mesmo prato, o Hortalícia se preocupa em "desmistificar que comer saudável é chato, sem graça e sem sabor", como explica Nicole Benevides. E para conseguir o feito, a proprietária também procurou investir na apresentação dos pratos com a utilização de cerâmicas e alimentos coloridos.

Legenda: Tapiocas de banana e queijo coalho ganham contraste nas peças azuladas
Foto: Rodrigo Meireles

"Procuramos caprichar nas finalizações das preparações, trazer beleza e um pouco de arte, cor e formas para o prato. Afinal, o processo digestivo inicia-se com o olhar. O visual é o que aguça nossas papilas gustativas", afirma. E completa: "Decidimos, então, usar a cerâmica por ser um processo artesanal e artístico feito com carinho e cuidado, além de ser livre de contaminantes, garantindo um alimento mais limpo e seguro". Além da apresentação dos pratos, o Hortalícia também prioriza a produção e os insumos oriundos do Estado, bem como a sazonalidade dos alimentos. "Nesse período em que a fruta e a verdura estão na sua estação, elas têm o ápice do seu sabor e textura. Além disso, têm menor exposição aos agrotóxicos, porque estão naturalmente na época da colheita", explica Nicole.

Como ambos contextualizam, o "comer com os olhos" é essencial para que o prato cause um impacto e, enfim, possa descarregar sabor e história por meio de seus alimentos. "No fim, tudo está interligado. Não é só a estética, não é só o sabor e, principalmente, nunca é sem valor cultural", conclui o chef Leonardo.

Assuntos Relacionados