Orquestra-escola que dá aulas gratuitas em Caucaia apresenta tributo a "Mamonas Assassinas" no TJA

Apresentação no Theatro José de Alencar será neste sábado (13)

Escrito por Redação ,
Legenda: Projeto social fará homenagem à banda de rock cômico Mamonas Assassinas. Grupo valoriza a música brasileira
Foto: FOTO: ISANELLE NASCIMENTO

De uma sala pequena, nos fundos de uma igreja evangélica, surgem sonoridades pouco convencionais para o ambiente. Afinal, não é sempre que se escuta o instrumental de "Pelados em Santos", do Mamonas Assassinas, em local religioso. O espaço, cedido por fiéis, possibilita a concretização dos sonhos de jovens e adultos unidos pela música.

Idealizado pelo maestro Leonardo Lambertini, de 27 anos, a Orquestra-escola Villa-Lobos oferece aulas gratuitas de piano, violino, viola, violoncelo, contrabaixo e flauta no bairro Jurema, no município de Caucaia. Neste sábado (13), às 19h, o grupo fará um tributo à famosa banda de rock cômico, no Theatro José de Alencar.

A apresentação acontece quatro anos após o nascimento do projeto que, segundo Leonardo, foi construído por empatia. "Desde pequeno desenvolvi interesse pela música erudita, porém, meus pais não tinham condições de manter meus estudos. Tive que ir mais longe e buscar por aulas gratuitas". Hoje, com formação em música e pós-graduando em arte-educação, ele ensina 45 alunos, com idades de cinco a 60 anos, auxiliado pelo maestro-assistente e violinista Leonardo Ferreira, a bacharel em flauta Sara Pereira, e pelos próprios participantes que tornaram-se monitores após a dedicação aos estudos.

Conquistas

Cada nota emitida pelo piano é motivo de superação para o estudante e monitor do projeto, Victor Trajano, de 17 anos, que está há cerca de 18 meses na Orquestra-escola. Ele encontrou por meio do instrumento uma porta para o crescimento pessoal e profissional. Inspirado por um amigo, Victor foi conquistado pelo piano.

Legenda: O estudante Victor Trajano encontrou no estudo do piano um recurso para controlar a ansiedade e sonha em se profissionalizar na área

"Antes, quando via apresentações de músicas clássicas, achava algo longe de mim, pensava que aquilo só era para quem tinha muito dinheiro". No projeto, o jovem ganhou a doação de um teclado, o que possibilitou os treinos diários em casa. "Pretendo fazer o curso de música e ser professor".

O estudo na área possibilitou ao jovem uma mudança positiva de comportamento. "Eu tinha ataques de ansiedade e com o tempo isso só foi piorando. Em provas eu não conseguia me concentrar e nem respirar. A música me ajudou emocionalmente e passei a ficar mais calmo".

Aprender a tocar um instrumento também ajudou a estudante Tamires Silvestre, de 18 anos, que passou a ter mais confiança. A viola de arco para ela é símbolo de conquista. "Eu tinha problemas com a minha autoestima e crises de depressão. Não conseguia acreditar em mim mesma".

Legenda: Tamires Silvestre, de 18 anos, trata a música como um hobby. Ela superou problemas relacionados a sua autoestima quando aprendeu a tocar viola de arco no projeto

Há cerca de um ano na Villa-Lobos, ela considera o instrumento como um hobby, mas ratifica a importância dessa experiência na sua vida. "Quero ser educadora e, hoje, consigo me ver como uma pessoa que pode realizar muitas coisas".

Longe dos clássicos

As apresentações do grupo quebram paradigmas de uma orquestra, com repertório diversificado. De acordo com Leonardo Lambertini, o foco da Villa-Lobos é homenagear as produções brasileiras. "Buscamos levar a música popular ao público. Já homenageamos nomes da MPB, do rock e grandes mestres sanfoneiros como Dominguinhos, Sivuca e Luiz Gonzaga. Certa vez, fizemos um concerto que contemplou de Alberto Nepomuceno a Pablo Vittar".

Legenda: Aos 53 anos, a professora Lucimar Vieira decidiu aprender a tocar violino. Ela considera a música como algo divino

A diversidade de sons e pessoas chamou a atenção da professora Lucimar Vieira. Sempre amante da música, decidiu aprender a tocar violino aos 53 anos. "Não pude me dedicar antes, pois nunca tive tempo para aprender. Conhecendo o projeto, percebi que tinha pessoas de todas as idades", conta.

A escola possui 17 instrumentos que, em muitos casos, são emprestados aos alunos. A renda das apresentações é destinada à compra do material, que ainda não supre as necessidades do projeto. Nos concertos, o público é convidado a doar alimentos não-perecíveis que são destinados a instituições com trabalho social.

Serviço
Tributo ao Mamonas Assassinas
Neste sábado (13), a partir das 19h, no Theatro José de Alencar (Rua Liberato Barroso, 525 - Centro).
Ingresso: R$ 10 (meia) e R$ 20 (inteira) + 1 kg de alimento não-perecível.
Informações: (85) 98641.5248

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