Opinião: Nova versão de Adoráveis Mulheres compensa frenesi da edição com atuação das protagonistas

O filme é boa opção de entretenimento e estreia nos cinemas nesta quinta (9). Saoirse Roman rouba a cena dentre as protagonistas e a veterana Meryl Streep se destaca no elenco coadjuvante

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: Próximas e "distantes" ao mesmo tempo, as irmãs March lidam com o dilema que envolve o apego familiar e a necessidade de viver com autenticidade

Clássico da literatura americana, "Mulherzinhas" foi publicado pela primeira vez há 152 anos. Desde então, o texto de Louisa May Alcott ganhou uma série de adaptações para teatro, cinema, televisão, e, agora, surge em nova versão cinematográfica. Com direção de Greta Gerwig, o filme "Adoráveis Mulheres" estreia nesta quinta-feira (9), nos cinemas.

Uma questão é central e chega a "transbordar" na narrativa, repleta de cortes, da versão fílmica: como ser mulher, viver de modo autêntico e ainda integrada a uma sociedade patriarcal e cheia de tabus? A partir dessa pergunta, uma série de conflitos dão ritmo ao longa-metragem e a atemporalidade da obra de Alcott ganha fôlego.

No enredo, as irmãs March procuram sentido para suas vidas, enquanto o pai luta na Guerra Civil norte americana e a mãe (Laura Dern) faz milagre para, ao mesmo tempo, sustentar a família e tratar as filhas com ternura e responsabilidade.

Jo (Saoirse Ronan), Meg (Emma Watson), Amy (Florence Pugh) e Beth March (Eliza Scanlen) têm personalidades fortes e distintas uma da outra. A dinâmica entre elas oferece ao espectador uma impressão que, embora estejam sempre próximas no espaço físico, os anseios de cada uma das irmãs provocam uma "separação" bem clara na convivência do quarteto.

Amparado no estereótipo dos signos zodiacais, por exemplo, a gente encontra em cena a líder aquariana (Jo March), cheia de razão e rebelada contra os valores vigentes da sociedade; a caseira canceriana (Meg), apegada a um casamento tradicional; a invejosa escorpiana (Amy), intensa e enciumada; e a artista pisciana (Beth), íntima do silêncio e do piano.

O ritmo frenético da edição do filme dificulta uma leitura menos superficial sobre a psique das irmãs. No entanto, "Adoráveis Mulheres" não deixa de reunir alguns trunfos para se consolidar como um bom filme de entretenimento.

Pontos altos

A fotografia garante o apelo visual, para além das caracterizações "de época" do figurino das personagens. A boa interpretação do elenco envolve e emociona o espectador. A rebeldia sem meio termo na atuação de Saoirse Ronan se destaca dentre as protagonistas da trama. No time dos coadjuvantes, a clássica Meryl Streep provoca boas risadas na interpretação da tia enjoada das irmãs March.

E um contraste interessante do enredo é que, embora a história se passe em uma sociedade patriarcal e cheia de regras, os homens da trama se tornam peças do jogo das irmãs, a exemplo do ricaço Lawrence (Timothée Hal Chalamet) - um playboy que acha que pode tudo, mas pouco resiste ao carisma delas.

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