Veja 10 sugestões de livros para ler no Carnaval

O Verso separou títulos que garantem imersão durante os quatro dias de pausa para quem não for curtir a folia

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: A leitura de livros é uma boa opção para quem não vai cair na folia neste carnaval
Foto: Foto: Dennis Renner

Se para alguns o Carnaval é período de festa e contato com a rua, para outros é oportunidade única de descanso na rotina. Aos que pertencem ao segundo grupo, o Verso separou 10 sugestões de livros que podem garantir imersão total durante os dias de pausa nas atividades.

São obras geralmente curtas, de poucas páginas, justamente para fazer com que todos os momentos de folga sejam bem aproveitados. Quanto às temáticas, exploram diferentes contextos, sendo atentas a todos os públicos. Confira e escolha qual estará com você nesses dias:

1. "Sorte", de Nara Vidal (Editora Moinhos, 100 páginas)

Vencedor na mais recente edição do Prêmio Oceanos de Literatura, este livro é para quem gosta de narrativas bem construídas com um plano de fundo histórico. A autora é brasileira, mas vive na Inglaterra, e iniciou a escrita desse seu primeiro romance quando um documento relativo à escritura de venda de escravos lhe caiu nas mãos. Não à toa, a trama narrada aborda manifestações de racismo, misoginia, recusa em reconhecer a existência do feminicídio, negação da relevância do movimento feminista, entre outras questões.

2. "As histórias de Pat Hobby", de F. Scott Fitzgerald (Editora Todavia, 176 páginas)

A obra é um mergulho cômico na Era de Ouro de Hollywood. Pat Hobby já foi considerado, erroneamente, alter ego de F. Scott Fitzgerald. Ambos tiveram uma relação conflituosa com a indústria do cinema e compartilhavam também uma queda pelo álcool e pelas mulheres. Mas as semelhanças terminam aí. As 17 histórias presentes no livro foram publicadas originalmente na revista Esquire entre janeiro de 1940 e maio de 1941 e, nelas, Hobby vive as mais diversas aventuras, ou antes, desventuras.

3. "Zonas Abissais", de Lisiane Forte (Aliás Editora, 88 páginas)

Lançado no ano passado, o livro da escritora e psicóloga cearense Lisiane Forte apresenta poemas de caráter bastante intimista, em que o feminino ganha corpo por meio de apuradas e viscerais descrições. Em determinado momento, a autora questiona: “Quem poderia compreender os seres abissais que vivem em até 4 mil metros abaixo da superfície e que conseguem sobreviver a esmagadoras pressões? O que os fazem livres em mundos abissais?”, nos convocando a tecer novas reflexões sobre nós mesmos.

4. "Modo Avião", de Lucas Santanna, Rafael Coutinho e J.P. Cuenca (Lote42, 88 páginas)

Este é para quem quer decolar, mesmo estando no próprio sofá ou deitado numa rede. Com poemas de Lucas Santanna, textos em prosa de Rafael Coutinho e ilustrações de J.P.Cuenca, o livro é uma verdadeira ode ao viajar levando em conta as inquietações contemporâneas, como solidão, escolhas, relações humanas, ansiedade e conectividade. Incerto e inesperado, o itinerário em brochura ainda é complementado com um disco lançado por Lucas Santanna com os poemas cantados pelo artista.

5. “Devoção”, de Patti Smith (Companhia das Letras, 144 páginas)

Patti Smith há muito já é considerada uma das maiores artistas do mundo. E a sensibilidade e potência que imprime nas performances musicais também ecoa na literatura. Dividido em três partes, “Devoção”, nesse sentido, responde a importantes perguntas: Por que escrevemos? De onde vêm as ideias para uma história? Como funcionam as engrenagens da inspiração? Cada uma delas evoca as múltiplas vozes de Patti.

6. “Lugar de fala”, de Djamila Ribeiro (Pólen Livros, 128 páginas)

A filósofa, feminista e acadêmica Djamila Ribeiro é um dos principais nomes na seara das discussões sobre temas importantes que pautam a contemporaneidade relativos a raça e gênero. Neste livro de não-ficção, ela contextualiza o indivíduo tido como universal numa sociedade cisheteropatriarcal eurocentrada, para que seja possível identificarmos as diversas vivências específicas e, assim, diferenciar os discursos de acordo com a posição social de onde se fala.

7. “Flicts”, de Ziraldo (Melhoramentos, 80 páginas)

Esta talvez seja a obra de leitura mais rápida desta lista (em menos de cinco minutos, é possível terminá-la). Mas a quantidade de mergulhos pessoais que ela permite vai fazer você voltar às páginas várias e várias vezes. Um dos maiores clássicos escritos e elaborados por Ziraldo, “Flicts” fala de solidão e relações humanas de uma forma bastante criativa, abusando da originalidade a partir de um apurado trabalho envolvendo cores e formas. Ao término, a sensação é de infinitude. Recomendado para todas as idades, inclusive.

8. “O muro no meio do livro”, de John Agee (Zahar, 44 páginas)

Ideal para as crianças, este livro tem gentileza e humor como palavras-chave, além de uma bem-vinda mensagem aos tempos de sempre: é preciso construir pontes. Em resumo, há um muro no meio da obra. E um pequeno cavaleiro está confiante de que o muro protege o seu lado bom do livro dos muitos perigos do outro lado, como um tigre faminto, um rinoceronte gigante, além do pior de todos, um ogro terrível que seria capaz de comê-lo com uma só mordida. Mas nem tudo é o que parece.

9. “Como se fosse a casa, uma correspondência”, de Ana Martins Marques e Eduardo Jorge (Relicário Edições, 48 páginas) 

Durante um mês, a poeta Ana Martins Marques alugou o apartamento do amigo e também poeta Eduardo Jorge, que viajara para a França. O imóvel fica na região centro-sul de Belo Horizonte, no edifício JK, projetado por Oscar Niemeyer em 1952. Enquanto viveu ali, a inquilina trocou e-mails com o locador. As mensagens, de início, abordavam questões meramente práticas. Mas, depois, se converteram em uma troca de poemas sobre o permanecer e o partir, o morar e o exilar-se, o familiar e o estranho. Livro imperdível!

10. “A invenção dos subúrbios”, de Daniel Francoy (Edições Jabuticaba, Nº de páginas não especificado)

A obra apresenta o registro lírico e angustiado de alguém que caminha pelas ruas de uma cidade do interior. Em meio a lojas de carimbos, bares vazios, muros pichados e cinemas decadentes, Francoy constrói uma cidade ao mesmo tempo viva e fantasmática, banal e fascinante. Mistura de diário, com crônica e prosa poética, o autor desliza entre o distanciamento irônico e a profunda identificação lírica.

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