Referência do reggae no Ceará, a banda Donaleda completa 18 anos

O grupo celebra nova formação e prepara o lançamento de seu sétimo álbum, previsto para sair no próximo mês de novembro

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: Com os novos cantores, a formação atual da Donaleda está na ativa há apenas 4 meses

A trajetória dos cearenses da Donaleda chega aos 18 anos e marca dois momentos distintos do reggae no Brasil. Referência do gênero no Ceará, a formação viveu seu auge entre 2002 e 2004, quando lançou o primeiro disco, “Liberdade e Libertação” (2003). O repertório, dentre hits como “Sistema Babilônico” e “Luz de Jah”, ainda bebia bastante da fonte do reggae da Jamaica.
 
Agora, a banda renova o fôlego e celebra um novo olhar para o gênero em que Bob Marley segue como referência central. Os músicos da Donaleda lançaram um concurso no último mês de julho, pelas redes sociais do grupo, e escolheram nesse processo dois novos cantores: Klevys Lion e Daniela Song. 

O concurso teve 150 vídeos inscritos. E, neste domingo (20), a nova formação faz seu primeiro show fora do Ceará, na praia de Upanema, em Areia Branca (RN). Além dos cantores, Daniel Feitosa (baixo), Edvar Higgs (bateria), Fabio Willar (teclados) e Paulo Marcelo “Malakas” (guitarra) completam o grupo. 

Ontem (19), a banda fez dois shows em Fortaleza celebrando a nova fase, no Centro Cultural Bom Jardim e no Ritmo Urbano Bar (Praia de Iracema). No último dia 12, o lançamento do clipe da música “Siga a Reta”, com participação especial da banda carioca O Rodo e roteiro de Paulo Benevides, também marcou a mudança. 

A canção é uma prévia do novo álbum dos cearenses, “Donaleda 18 anos”. O material, ainda inédito, será lançado no próximo mês de novembro e o clipe da música “Poder do Leão” deve sair em paralelo. Depois, no início de 2020, a banda deve circular pelo Sul e Sudeste. Ainda não há datas de shows confirmadas. 

“O reggae em si sofreu uma renovação. Hoje você tem a vertente do ‘new roots’, de linhas de baixo mais brutais, letras elaboradas – e quem domina isso são as novas gerações (a exemplo dos cantores da Donaleda). Minha geração absorveu a forma tradicional, do Bob Marley. Na atualidade, os artistas praticam um reggae com arranjos mais vibrantes”, situa Daniel Feitosa, um dos fundadores da banda. 

Pela tradição do gênero, “o que o Bob Marley fez nem os filhos dele superaram. Fez shows lotando estádios, e em plena Guerra Civil da Jamaica se envolveu em questões sociais, ajudava as famílias necessitadas de lá”, destaca o baixista. 

Retrospecto 

Há 18 anos, Daniel conta que a inspiração para formar a Donaleda surgiu de seu círculo de amizades. “A gente ouvia Bob Marley, Alpha Blondy. E em Fortaleza os eventos de reggae aconteciam uma vez por ano, em lugares mais periféricos. Eu pesquisava o gênero desde 95, ia pro Maranhão aprender com os jamaicanos que tocavam nos festivais de lá”, situa. 

A formação que gravou o primeiro disco se reuniu e o “boom” da banda, segundo o próprio Daniel, aconteceu entre 2002 e 2004, quando a Donaleda chegou a se apresentar para públicos de 10 até 15 mil pessoas. 

Hoje, o público que acompanha a banda cearense segue heterogêneo. Do regueiro mais “radical”, que só ouve o ritmo de raiz jamaicana, aos apreciadores de diversos gêneros musicais, a Donaleda segue na ativa e também reúne diversas gerações. 

Legenda: Nos primeiros anos de carreira, a banda chegou a se apresentar para públicos de 10 até 15 mil pessoas

“O fã de reggae normalmente não segue o estilo por moda, é um estilo de vida. E esse não nos abandona. As pessoas confiam na gente, na qualidade do nosso espetáculo. E quando tocamos em casas de reggae, o dono percebe que um outro público passa a frequentar aquele espaço. Então, a gente leva essa galera de fora pra dentro do nicho”, percebe Daniel. 

Cearenses na Europa 

Para o baixista, o ano de 2016 foi um período especial na trajetória da banda. A Donaleda participou da programação do Rotonton Sunsplash Festival, em Benicassim (Espanha), um dos maiores festivais de reggae do mundo. Os cearenses acompanharam Damian Marley – um dos filhos de Bob, na ocasião, e modificaram a maneira de criar música, depois da experiência. “A gente compôs um monte de singles, depois do festival”, pontua Daniel. 

Em 2016 ainda, a Donaleda participou do Carnaval do Recife e começou a circular pelo Sudeste. Agora, a banda fechou acordo com a Aplauso Produções, mesma produtora que agencia artistas como os veteranos do Roupa Nova. 

“A gente procura somar pra não ficar só no nicho do reggae. Tanto que as participações especiais do disco novo são com a Solange Almeida, que é do forró. E o Rodo é uma banda de rock do Rio de Janeiro”, distingue o baixista.

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