Novo livro de Léo Prudêncio, "Curral de Peixes" reúne poemas visuais, haicais e letras de música

Publicada pela editora Patuá, obra é a quarta assinada pelo poeta com produções inéditas

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: Léo é autor de, entre outros livros, "Baladas para violão de cinco cordas" e "Girassóis Maduros"
Foto: Foto: Arquivo Pessoal

Comemorar os trinta anos "de sonho e de sangue" com algo inédito: esse foi um dos principais motivos do poeta Léo Prudêncio para trazer à tona, neste 2020, seu mais novo livro, "Curral de Peixes". A obra é a quarta assinada por ele, resultado de um esforço de três anos do escritor, com versos totalmente novos para o público.

Nascido em São Paulo, possuindo trajetória de 20 anos no Ceará e atualmente residindo em Goiânia, Léo, em entrevista ao Verso, conta que o livro é dividido em três partes. A primeira, "palavra imprecisa", traz poemas em verso livre, soneto, epigrama, poemas visuais e intertextuais. Já a segunda, "poética das árvores", lembra bastante "girassóis maduros", outra obra sob sua pena. Trata-se de uma coleção de 49 haicais inéditos.

"A última parte é uma coletânea com quatro letras de canções que compus quando participava de bandas de rock, além de algumas parcerias; destas, uma já foi gravada e pode ser encontrada facilmente no YouTube", menciona. É a canção “Folia dos dias”, feita com o amigo Artur Araújo por Whatsapp. Ouça abaixo:

Nessa coletânea de letras, vale um destaque: uma foi redescoberta no processo de feitura da obra. Segundo Prudêncio, "gosto sempre de lembrar que poema e canção andam de braços dados no meu entender literário. Sem contar que meu interesse com o trabalho poético veio com essa vivência musical, até porque nunca me senti um músico, mas um letrista".

Entre os artistas que aprecia, estão Lou Reed, Bob Dylan, Leonard Cohen, Chico Buarque, Renato Russo e Cazuza. Guardadas as devidas proporções, conforme o autor, eles "são tão poetas quanto Homero ou Carlos Drummond são/foram".

Nascimento

Publicado pela editora Patuá e já à venda no site da casa, "Curral de Peixes" é fruto da dissolução de outro livro. Léo explica que havia a ideia de publicar algo que juntasse poemas inéditos com coisas já pulicadas em revistas e antologias. Contudo, o projeto foi abortado, e poucos poemas sobreviveram dessa safra, que já contava com quase 90 páginas. 

"Parti do zero e fui escrevendo com calma e trabalhando verso a verso, palavra por palavra. Muitas vezes eu lia o poema em voz alta pra ver como estava, e assim foi nascendo o 'Curral de Peixes'. Recentemente, inclusive, descobri da existência de um livro de Lêdo Ivo com esse mesmo título. Mas são propostas diferentes e a obra dele é do final dos anos 1990. Coincidências acontecem", situa, destacando que, na feitura da obra, lembrou-se bastante dos currais de peixes que via nos açudes quando passavam por eles. Por achar a imagem bastante simbólica, decidiu incorporá-la ao título.

O exemplar desenvolvido por Prudêncio possui o acompanhamento de textos dos cearenses Dauana Vale e Dércio Braúna, figuras estimadas pelo poeta. E deve ganhar lançamentos presenciais após o término da pandemia do novo coronavírus. "Mas isso não significa que possamos fazer algo de maneira virtual", ressalta, afirmando ainda que a obra está à venda no site da editoara e pretende deixar os exemplares físicos em livrarias independentes.

"Acredito que devemos ser otimistas. Nada é eterno, em algum momento esse livro terá um lançamento formal. Creio que o momento urge para que poetas saiam da toca e contaminem o mundo com poemas. Eu não nego a minha resistência a organizar lançamentos dos meus próprios livros, mas o momento pede que percamos um pouco da nossa vaidade", considera.

Instante

Neste momento de quarentena, o autor relata também estar se divertindo ao assistir a lives por redes sociais e vendo poetas recitando, por vídeos gravados, os próprios poemas e criações de amigos. "Já fiz algumas também. O universo virtual nos une no aconchego da solidão de uma cidade deserta".

Quanto ao que vem pela frente, confessa sentir que cada livro publicado sob sua autoria pode ser o último. "Calma, estou bem de saúde, mas não me vejo publicando muitos livros. Gosto cada vez mais da ideia de ser um poeta bissexto, e a figura de poeta recluso me acompanha desse sempre. A qualquer momento posso parar. Tenho em mente lançar mais um inédito de haicais e quem sabe entrar em hiato. A escrita me acompanhará para sempre, a publicação não sei bem ao certo até quando".

Curral de Peixes
Léo Prudêncio

Editora Patuá
2020, 110 páginas
R$ 40

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