Livro infantil investe no diálogo entre literatura e matemática tendo como mote a Torre de Babel

"O Enigma do Infinito" é a primeira obra do mineiro Jacques Fux escrita para crianças; autor é hábil em costurar detalhes de áreas aparentemente bem distintas

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: Jacques Fux é conhecido por entremear diferentes linguagens em publicações

Pergunte a uma criança e a resposta, na maioria das vezes, será automática: Língua Portuguesa e Matemática são algumas das disciplinas menos apreciadas por elas na rotina escolar. Como fazer, então, com que assuntos tão importantes possam ganhar a atenção dos pequenos sem menosprezar a inteligência deles?

O novo livro do escritor mineiro Jacques Fux responde. Na contramão do óbvio, o autor apresenta em "O Enigma do Infinito" um diálogo entre dois campos do saber aparentemente tão distintos, tendo como mote discussões relacionadas à lendária Torre de Babel.

Segundo Fux, "a ideia que norteia o livro é a de unificação, entendimento, paz e concordância entre os povos e seres do nosso mundo. E, se a 'língua' falhou, como no mito de Babel, a proposta é que a matemática – que clama por uma universalidade – nos ajude a unir a compreensão".

Finalista do Prêmio Barco a Vapor em 2016 e publicada pela editora Positivo, a obra conta também com ilustrações de Raquel Matsushita para mergulhar os leitores em diversidade de intertextualidades e mistérios, transitando entre várias histórias e autores.

Estreia

É o primeiro livro de Jacques escrito especialmente para o público infantil - embora a cada página fique ainda mais nítido que o conteúdo é para pessoas de qualquer idade. Isso porque, dentre os autores citados, estão nomes canônicos da literatura mundial, como Guimarães Rosa, Borges, Edgar Allan Poe e Lewis Carroll, o que deve atrair diferentes olhares.

"Gosto de falar de grandes autores e grandes obras para crianças de todas as idades – nós, adultos, escritores ou leitores, também somos crianças que fazemos um pacto/contrato com o livro. E nos divertimos com ele", comenta. "Essa obra é um sonho realizado. Acho que demorei minha vida toda para escrevê-la".

Para além do contexto literário, Fux se diverte ao também explicar conceitos matemáticos oor vezes herméticos em forma de brincadeira, como Torre de Hanói, lipograma e palíndromo.

"Falo das derrotas da 'Torre de Babel' e, assim, falo sempre da 'Torre da Derrota' (que pode ser lido de trás para frente!). Conto também do jogo da Torre de Hanói, que é bem simples, mas que, se jogarmos com muitas argolas, o jogo pode durar até o fim do mundo – ou até o dia em que as estrelas comecem a se apagar. É um grande barato!", festeja.

Legenda: Ilustrações de Raquel Matsushita dialogam com os textos da obra

Ao ser perguntado sobre como tem sido o exercício de unir matemática e literatura em sua carreira -  já havia feito isso no título anterior, "Georges Perec: A Psicanálise nos Jogos e Traumas de Uma Criança de Guerra" (Relicário Edições), por exemplo - Jacques é categórico.

"Acredito sempre na interseção dos saberes e sabores. Então, gostaria que as crianças – e os adultos – não tivessem medo da matemática e da física, e que as usassem para fazer literatura. A minha obra é um convite a abraçar todo tipo de conhecimento.

Estímulo

Diferente, inovador e divertido, "O Enigma do Futuro", conforme o autor, também serve como ponte para reforçar nas crianças o estímulo a conhecimentos apresentados de forma lúdica e atrativa. Não deixa de ser um jogo, mas sério e recheado de aprendizados.

Na esteira do lançamento da última obra, Fux adianta ainda que este ano promete. Pretende publicar mais um livro infantil, um novo romance, a reedição de "Antiterapias" (livro de sua autoria ganhador do prêmio São Paulo de Literatura) e um livro-DVD, além de um ensaio teórico sobre sua literatura. Ficamos no aguardo.

O Enigma do Infinito
Jacques Fux

Editora Positivo
2019, 64 páginas
R$ 63,90

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