Livro conta a história do Carnaval para crianças

Obra, da Editora Moderna, aposta num conteúdo lúdico e informativo de maneira a detalhar como a tradicional festa tomou conta do País

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: Ilustrações de Thiago Lopes enriquecem o conteúdo escrito

Observado de longe, o Carnaval parece apenas uma festa em que as pessoas se reúnem para caprichar nas fantasias e dançar ao som do samba. Mas há uma enorme riqueza ancestral embutida na comemoração. Ela caracteriza nosso povo e segue, inclusive, paralela à própria história do Brasil, refletindo a influência do europeu, do africano e do índio. Ou seja, vai muito além do confete, da serpentina e da espuminha utilizada sobretudo por crianças nos festejos escolas afora.
 
Aliás, é para os pequenos que a nova publicação da Editora Moderna é direcionada. Intitulado “Carnaval”, o livro conta a história do festejo momino com muita criatividade e beleza, apostando num conteúdo não apenas informativo, como também lúdico, a partir das caprichadas ilustrações de Thiago Lopes. Quem assina a obra é a dupla de jornalistas Carla Gullo e Camilo Vannuchi e a cantora e historiadora Rita Gullo.
 
Em entrevista por e-mail ao Verso, Carla conta que a obra está incluída na coleção Ritmos do Brasil, da Moderna, por entender que as músicas brasileiras estão também representadas no Carnaval, a exemplo do samba, frevo, marchinha, entre outros.

“E é para crianças porque nossa coleção é voltada a elas. Percebemos uma lacuna no ensino fundamental em relação à história da música. Pouco se ensina, pouco se fala, mesmo entre as famílias”, contextualiza.

 
A vivência da própria jornalista comprova isso. Ela conta que a inquietação para escrever o material começou porque queria contar para as filhas, Clara e Helena, a história da Bossa Nova e do samba.

“O Google era meio precário à época, faz uns 15 anos, e fui às livrarias e não achei nada. Depois de um tempo, propus à Moderna fazer uma coleção sobre a história da música brasileira para que professores, pais, crianças e jovens tivessem acesso a uma trajetória contada de forma agradável e fácil. A editora topou a empreitada e é uma grande parceira ainda hoje”, diz.


 
Aprofundamento
 
Em 56 páginas, o título engloba desde explicações de por que as escolas de samba ganharam esse nome até de que maneira começou a competição entre elas. Há ainda espaço para falar sobre de onde vem a ala das baianas, as máscaras, os bumbos, os carros alegóricos, entre outros detalhes. E, claro, como surge o próprio nome Carnaval.

Segundo Carla, “é uma história muito legal e importante para nós, brasileiros. E, acredito, pouca gente vai saber responder mais do que duas perguntas dessas”.


 
Por sua vez, Rita Gullo diz que o diferencial do livro e da própria coleção Ritmos do Brasil – que já abordou temas como a história do Choro, da Música Caipira, da Jovem Guarda e da Tropicália – é não falar de um ritmo propriamente dito, mas sim da festa que inclui vários deles.

“Foi a comemoração que deu origem à marchinha… Lembrando que a primeira delas, ‘Ô Abre Alas’, é da Chiquinha Gonzaga, nossa grande ‘chorona’. Tudo está ligado”, dimensiona. “O desafio foi resumir em 56 páginas algo tão rico, cheio de detalhes e de histórias. Mas acho que conseguimos!”

 
Nesse movimento, Camilo Vannuchi avalia que a formação dos autores importa para que o tema ganhasse a merecida abrangência sem tornar tudo cansativo.

“Carla e eu somos jornalistas, trabalhamos juntos em redações e formamos uma boa parceria na hora de escrever e editar textos. A Rita é cantora e historiadora, então, além de conhecer música, é fera na pesquisa. Então, a gente se divide nas leituras e vamos debatendo a importância de cada conteúdo. Escrevemos e editamos dessa maneira integrada”.
 
Projetos
 

A entrevista finaliza com o trio de autores comentando as perspectivas de cada um sobre o Carnaval. Rita assume a dianteira ao dizer que ama a folia.

“Acho lindo ver todo mundo na rua, cantando, de fantasia, se divertindo! Pode me esquecer durante a festa. Estou lá no meio do bloco. E agora que São Paulo entrou para a turma, melhor ainda”, ri.

Camilo também divide a opinião ao cair na gandaia com os rebentos. “Tenho filhos pequenos e faço questão de ir com eles para os bloquinhos”.
 
Carla, por sua vez, é a menos foliã da trupe. “Adoro conferir as fantasias, amo blocos. Mas de longe. Gosto de ver”, confessa.

“A história do Carnaval faz parte da nossa história. Está inserida nela. Deveríamos estudá-la nas escolas, no ensino fundamental, junto com a trajetória do Brasil. Com certeza seria uma maneira divertida de as crianças introjetarem melhor datas, fatos. Acho que o brasileiro dá pouca importância à sua memória - que é tão linda e rica”.


 
Não à toa, os autores não negam o desejo de ainda abordar outros ritmos e celebrações, sobretudo nordestinas – como o frevo, o xaxado, o maracatu e o forró – nas próximas publicações. “Já pensou, que delícia?”. Realmente, já pensou?


Carnaval
Carla Gullo, Rita Gullo e Camilo Vannuchi 
 
Editora Moderna
2020, 56 páginas
R$ 52

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