Joca Terron lança livro nesta sexta (24), no Porto Iracema das Artes 

Em entrevista, o escritor fala sobre sua nova obra, “A Morte e o Meteoro”, e problematiza os rumos do ofício do escritor no Brasil  

Escrito por Diego Barbosa e Felipe Gurgel , verso@verdesmares.com.br
Legenda: O escritor Joca Reiners Terron está em Fortaleza desde a última segunda (20) e lança novo livro nesta sexta (24)
Foto: Foto: Renato Parada

A perspectiva das crises de identidade é algo que inquieta o universo do escritor Joca Reiners Terron. Matogrossense, radicado em São Paulo, o autor versa sobre a fragilidade dos laços com as origens e lança seu novo livro “A morte e o meteoro” (Editora Todavia).  

O lançamento em Fortaleza ocorre nesta sexta (24), na Escola Porto Iracema das Artes (Praia de Iracema), com acesso gratuito. Terron observa algumas entrelinhas da obra, além de demonstrar preocupação com os rumos do ofício das artes e das humanidades no Brasil.  

Ele também finaliza nesta sexta a oficina de escrita ensaística “Viagem ao redor do meu banheiro”, parte do projeto Fábulas de Janeiro, do Porto Iracema. A atividade começou na última segunda (20).  

“A Morte e o Meteoro”, segundo descrição do próprio autor, conta a história de dois homens perdidos da manada. Dois antropólogos: um brasileiro, outro mexicano. Eles perdem o sentido de suas vidas e se envolvem com o asilo político de 50 remanescentes de uma tribo indígena isolada da Amazônia, exilados no México. 

Na realidade, Joca Terron só tem vínculo biográfico com a Amazônia por conta de ter nascido em Cuiabá (MT), onde começa a bacia hidrográfica amazônica. “Como se trata de uma obra de ficção, esses elementos - ambientação, a cultura do lugar - estão a serviço da história que conto”, pontua o escritor. 

Para o autor, a obra é mais um passo em direção à reflexão da perda da identidade. A questão é central na literatura de Terron. “Meus livros são capítulos de um só grande livro único. Mas é possível entrar em meu trabalho através de qualquer um deles”, sugere.  

“A Morte e o Meteoro” sucede duas obras publicadas pela “major” literária Companhia das Letras: “A tristeza extraordinária do Leopardo-das-Neves" (2013) e “Noite dentro da noite” (2017).  

Expansão 

O escritor percebe um cenário de expansão para as obras, a exemplo de seu novo livro, ambientadas em lugares por onde “o Estado não bota a sua mão nem a sua lei. E é por lá que o mundo começou a acabar. Há algumas décadas a literatura brasileira tem privilegiado cenários urbanos, mas o Brasil é visto e essencialmente rural”, pondera ele.  

A visão apocalíptica da realidade política e social do Brasil faz o autor enxergar, em sua produção literária, um respiro de vida. “Vivemos a volta das trevas. Nesse ambiente obscuro, um livro equivale a uma vela, a uma lanterna. Procuro manter minha sanidade e alguma esperança atribuindo sentido político àquilo que produzo, seja um texto ou uma oficina”, reflete Joca Terron. 

Adiante, o autor deve trabalhar nas traduções de “A Morte e o Meteoro” e vê em encontros, como a oficina que conduziu no Porto Iracema, a resistência “ao avanço da escuridão e da ignorância”, pondera. 

“É fundamental o trabalho educacional que o Porto Iracema faz, um exemplo para todo o país. As oficinas são lugares de trocas, inclusive de afetos. Nas quatro edições do Fábulas de Janeiro, conheci não somente leitores, mas escritores, artistas, professores, gente muito ativa, reativa e criativa”, endossa o escritor.  

Serviço 
Lançamento do livro “A morte e o meteoro”, de Joca Reiners Terron 

Haverá sessão de autógrafos e bate-papo mediado por Júlio Camilo. Nesta sexta (24), às 20h, no Pátio do Porto Iracema (Rua Dragão do Mar, 160, Praia de Iracema). Aberto ao público. Contato: (85) 3219.5865 

Legenda: A Morte e o Meteoro/ Joca Reiners Terron/ Editora Todavia/ 2020, 120 páginas/ R$ 49,90

 

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