Fábio Assunção lança série e diz que é bom falar de drogas na dramaturgia

Na nova série, que deve estrear no primeiro semestre de 2020, na Globoplay, Assunção vai interpretar um médico cujo filha, também médica, se vicia em crack.

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Fabio Assunção na CCXP
Foto: Foto: Fabiano Battaglin/Gshow

 O ator Fábio Assunção, 48, apresentou nesta sexta-feira (6), na CCXP (Comic Con Experience 2019), sua nova série, "Onde está Meu Coração" (Globoplay), que abordará a história de uma jovem médica viciada em crack. Ao falar sobre o projeto, ele recordou um pouco de sua história de dependência em drogas. 

"Conheci os vários lados dessa história na minha vida", afirmou ele, que comemorou também a oportunidade de "falar desse tema, que faz parte da minha vida, através da dramaturgia e não por roubos da minha imagem", completou, recordando as vezes em que virou notícia por confusões em locais públicos. 

Na nova série, que deve estrear no primeiro semestre de 2020, na Globoplay, Assunção vai interpretar Davi, um médico que tem uma família aparentemente perfeita, até que uma de suas filhas, Amanda (Letícia Colin), também médica, se vicia em crack. A situação acaba afetando toda a família. 

"A série mostra como essa família é atravessada pela droga e como isso independe de renda, local ou raça", afirma o ator. "Cada coisa que eu falava para a minha filha na pele de Davi era como se eu estivesse ouvindo também. É preciso falar sobre isso, quanto mais se fala, menos se mistifica a doença."

George Moura, um dos criadores da série, conta que a ideia do projeto era dar luz a uma questão que atinge a todos, mas que ainda é tabu. Mas foi a imagem de um viciado, vista por Sérgio Goldenberg, que também assina o roteiro, que deu origem às discussões que levaram à série. 

A série, feita 100% com imagens externas, se passa em Santos (litoral paulista) e na cidade de São Paulo. Segundo a diretora, Luísa Lima, o concreto e a tempo nublado se tornam um cenário importante para mostrar os personagens oprimidos, pequenos em meio a grandiosidade das construções.

Em uma dessas gravações, na região da Luz (centro), Letícia Colin chegou a ser confundida com usuária de drogas. Na cena, a personagem estava em uma de suas piores fases. Sem saber, um grupo conversou com ela, sem reconhecê-la, e chegou a dar dinheiro para a atriz. A imagem deverá entrar na série, já que as pessoas, contatadas pela produção, autorizaram o uso das cenas. 

"A gente teve que ir muito fundo. Cada imagem teve um olhar cuidadoso, era importante colocar um olhar sem julgamento para mostrar como cada um consegue, ou não, lidar com aquilo. No fim das contas, é uma série que investiga relações. A droga não é nosso foco principal, mas o afeto é", afirma Lima. 

A produção também marca o reencontro de Fábio Assunção com a atriz Mariana Lima, na pele dos pais de Amanda. A artista se disse emocionada ao repetir a parceria de "O Rei do Gado" (Globo, 1995), seu primeiro trabalho. "Foi emocionante fazer esse casal, agora maduro, caindo de maduro", brincou ela.

Ao final do painel, no auditório principal do evento, George Moura afirmou que gosta de entreter, e aproveitou para mandar uma mensagem aos críticos do trabalho artístico: "Não somos diabólicos, vagabundos, nós trabalhamos e não acreditamos que a solução do país seja as armas. A solução são os livros", afirmou ele. "Por que eles passarão, nós passarinho", completou, sendo aplaudido de pé.

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