"Eu era tachada como patinho feio", diz jovem negra e da periferia que aposta na carreira de modelo

Sarah Muniz, de 16 anos, compartilha sua paixão pela moda e estampa a capa do Verso deste domingo (9)

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: Sarah surge como um novo rosto de representatividade da beleza negra
Foto: Voir Image

De um curso técnico de Moda na Barra do Ceará para estampar a capa do jornal. Sarah Muniz tem apenas 16 anos e vem conquistando espaço como um novo rosto que expressa representatividade e personalidade forte. Moradora do bairro Cristo Redentor, a modelo participa do editorial de Carnaval do Diário do Nordeste, publicado neste domingo (9).  

Com um black poderoso e traços negros marcantes, Sarah conta que isso nem sempre foi reconhecido como uma característica positiva. “Quando criança, eu era tachada como o patinho feio. As pessoas da minha família falavam que eu era feia, por causa dos meus traços negroides e cresci acreditando nisso, mas fui crescendo e aprendendo, me inspirando em outras mulheres com seus blacks, seus turbantes”.  

Legenda: Sarah Muniz na capa do Verso
Foto: Reprodução / Foto: Voir Image

Para ela, modelar é uma forma de expressão. “É como se uma parte de mim se revelasse quando eu estou modelando”, conta. E tudo começou de forma caseira, quando produzia as próprias fotos e publicava nas redes sociais. Os comentários de quem acompanhava eram de que ela deveria investir na carreira. 

A relação com a moda começou por volta dos 13 anos, quando começou a sonhar e a se deslumbrar com esse mundo. “Eu gosto da maneira como as pessoas se expressam na moda, que elas mostram quem são”, afirma. E aí veio o curso técnico na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Marwin, em que está cursando o segundo ano.  

Legenda: Sarah, ao lado de Stephanie Rios, para o editorial de Carnaval
Foto: Voir Image

A primeira experiência como modelo, em novembro de 2019, veio a partir de uma professora do curso, Eve Nery. “Uma ex-aluna da escola tem uma marca e estava procurando uma garota negra para fazer fotos. Minha professora foi comigo e me apoiou bastante”. Desde então, tem participado de algumas campanhas para marcas de Fortaleza.  

Filha de um catador de entulho e de uma operária, a jovem mora com tias e o avô. Ela conta que no começo eles não entendiam, mas agora comemoram e incentivam. “Eles começaram ver algumas fotos minhas, as pessoas comentando e passaram a se orgulhar disso. Hoje, perguntam quando vai ter desfile, se eu estou fazendo algum trabalho”, diz. 

Legenda: Foto produzida por Sarah de forma caseira para as redes sociais
Foto: Arquivo pessoal

Na moda, Sarah ainda tem muito a trilhar e deseja seguir modelando. Os planos para o futuro incluem cursar a faculdade de Design de Moda. “Eu quero ser referência para outras garotas negras, quero atingir essas pessoas, essas meninas que não conseguem se aceitar, que são fora do padrão e que se identificam comigo”, finaliza.  

 

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