Com atriz cearense no elenco, 'Hebe - A Estrela do Brasil' chega aos cinemas 

Georgina Castro participa do filme que retrata a grande estrela da TV brasileira. Em janeiro, produção será exibida pela Rede Globo no formato minissérie

Escrito por Antonio Laudenir , laudenir.oliveira@svm.com.br
Legenda: Andréa Beltrão mostra uma estrela dividida entre dilemas pessoais e profissionais

O aquecido mercado de cinebiografias no Brasil ganha outra obra de peso. "Hebe - A Estrela do Brasil" estreou nos cinemas e ilumina a trajetória de uma das artistas mais populares e carismáticas do País. Hebe Camargo (1929-2012) ganha vida por meio da elogiada atuação de Andréa Beltrão ("Verônica").  Maurício Farias (“O Coronel e o Lobisomem”) assina a direção e o roteiro é de Carolina Kotscho ("Não Pare na Pista: A Melhor História de Paulo Coelho"). Completa o elenco Marco Ricca, Danton Mello, Gabriel Braga Nunes, Caio Horowicz, Danilo Grangheia, Otávio Augusto e Daniel Boaventura.  

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A atriz cearense Georgina Castro participa da produção. Também roteirista e professora de interpretação, guarda uma trajetória marcada por cerca de 14 filmes, 12 peças teatrais, além de participação em séries de TV como a espanhola “Descalço sob la terra Vermella” e a francesa “Crime Time”.  

O primeiro trabalho nos cinemas foi em "O Céu de Suely" (2006), premiado drama de Karim Aïnouz. Nas duas últimas décadas se destacou pelas atuações em "Trago Comigo" (2013), "Mais Forte que o Mundo" (2016) e "Corpo Elétrico" (2017).

Legenda: Natural de Fortaleza, Georgina Castro iniciou a carreira no teatro e acumula inúmeros trabalhos também no cinema e TV
Foto: Tiago Marinho

Estreou como roteirista e cineasta em “Pão com Mortadela”, vencedor do prêmio SESI FIESP de Melhor Curta-Metragem Paulista de 2009. Escreveu e atuou no Monólogo “Porão” e atualmente desenvolve o roteiro de seu primeiro longa-metragem “Hamster”, vencedor do prêmio Cabíria (2017), iniciativa que estimula o protagonismo feminino no cinema. 

No filme que resgata um dos períodos mais conturbados na carreira da "rainha" da televisão brasileira, ela interpreta Lúcia. Trata de um personagem real e que fez parte da intimidade da estrela. 

Reconstrução

Por telefone, a fortalezense radicada em São Paulo desde 2005 divide um pouco da experiência adquirida nas filmagens. Georgina alerta para a relevância do debate proposto por "Hebe - A Estrela do Brasil".

"Eu faço a Lúcia, uma pessoa real que conviveu com a Hebe durante muitos anos. A personagem trabalha na casa dela há muitos anos e na história desenvolve uma relação muito bonita com o único filho de Hebe, o Marcello Camargo", detalha. 

A dramaturgia desenvolvida por Kotscho recorta o Brasil dos anos 1980. Hebe completou 40 anos de profissão e perto de chegar aos 60 anos de vida atravessa um dilema. A apresentadora não aceita ser apenas um produto que vende bem na telinha. O filme mergulha no período de abertura política, na transição da Ditadura Militar (1964-1985) para a democracia.

 Neste cenário, Hebe aceita correr o risco de perder tudo que conquistou, mas não abre mão do direito de ser ela mesma na frente das câmeras. Outra motivação da trama é evidenciar a mulher por detrás do brilho dos holofotes.  

Legenda: Ao lado de Andréa Beltrão durante pré-estreia do filme no Rio de Janeiro
Foto: Marcos Freire

Antes de chegar ao mercado exibidor, o filme protagonizado por Andréa Beltrão foi exibido no 47º Festival de Cinema de Gramado, realizado em agosto último. Concorreu, entre outras indicações, ao prêmio de "Melhor Longa" no evento realizado na Serra Gaúcha. Venceu pela categoria "Melhor Montagem", para Joana Collier e Fernanda Krumel.  

Em janeiro, "Hebe - A Estrela do Brasil" será exibido pela Rede Globo no formato minissérie. Chega a TV com material bem mais extenso. Se nos cinemas conhecemos uma Hebe atuante em plena década de 1980, a série passeia por toda a vida da apresentadora. Vai do início, como cantora, atravessa sua atuação no rádio, TV e encerra com a morte da artista, aos 83 anos, após lutar contra um câncer. 

Intimidade

Um dos atrativos e missões da versão cinematográfica é justamente compreender as motivações de um rosto famoso em todo o Brasil. Quem é a Hebe e quais desafios essa mulher deve enfrentar para ter voz e autonomia.

A participação de Georgina com Lúcia evidencia a perspectiva de humanizar uma força do entretenimento. Uma mulher repleta de controvérsias e também desejos.  

Ao longo de quase duas horas de projeção, o universo de Hebe é devassado e somos apresentados às pessoas que conviviam com a artista. Sejam eles nomes do show business, casos de Roberto Carlos (Felipe Rocha) e Chacrinha (Otávio Augusto) ou até mesmo anônimos que conviveram com a protagonista. É o caso de Lúcia. 

“Lúcia possui uma relação de parceria e amizade com Marcello, é quase que como uma irmã mais velha e temos muitas cenas juntos. É inspirado numa personagem real e que trabalhou na casa de Hebe. Tem várias figuras no filme que eram reais, não só famosos, mas pessoas que estavam no cotidiano dela, como empregados e amigos. Mostra um pouco do que era essa Hebe fora das câmeras, na intimidade do lar. Lúcia tem uma relação mais próxima com o filho do que a própria Hebe. Como a mãe trabalha muito, acaba sendo essa parceria com quem está dentro da casa, de compartilhar segredos", desvenda Georgina. 

Legenda: Como Mônica em cena de "Trago Comigo" (2013), de Tata Amaral
Foto: Jacob Solitrenick

Era importante adentrar outra faceta. Resgatar, assim, situações de uma Hebe desconhecida pelo grande público. A atriz destaca o desenvolvimento do roteiro e a escolha por adentar intimidades tão específicas de uma celebridade.  

"Uma das coisas mais interessantes do filme é exatamente o roteiro. O recorte que a Carolina Kotscho fez da década de 1980, da transição da Hebe tanto como apresentadora e profissional, como também de vida. Esse turbilhão que acontece na relação dela com a família, com o marido. Dessa mulher por trás da figura que todo mundo conhece. O conflito entre a estrela alegre, desbocada, à frente do tempo com essa figura dentro de casa. Conflitos que muita gente passa. Ela também é muito controversa, né? É legal isso do roteiro mostrar uma pessoa que erra, que é humana", completa. 

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