Atores e comediantes Ciro Santos e Edmilson Filho comentam legado de Renato Aragão

Às vésperas de completar 85 anos, o eterno Didi Mocó segue influenciando diferentes gerações de artistas

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: O humorista Ciro Santos, radicado no Ceará, ao lado de Renato Aragão, com qual já teve oportunidade de contracenar

O contato com Renato Aragão sempre ganha novo fôlego quando Ciro Santos – ator carioca residente em Fortaleza e um dos grandes nomes do humor cearense – vai descortinando fatos envolvendo o eterno Didi Mocó.

Conheceu-o exatamente ao gravar o programa televisivo “Os Trapalhões”, no fim da década de 1990, ao interpretar uma noviça rebelde. Recebeu elogios pela performance. “Tanto que, logo após, pediu que o diretor fizesse um convite para participar do Criança Esperança que, à época, rodava pelo Brasil”.

Durante cinco dias, dedicou-se a ensaiar junto a Renato, Mussum e Dedé Santana no Rio Grande do Sul para a apresentação. Foi nesse período que estreitou os laços com a turma, em especial com Aragão.

“Devo ter feito entre oito e 10 participações nos programas ‘Os Trapalhões’ e ‘A Turma do Didi’. Em um deles, foi bem bacana porque minha personagem Virgínia Del Fuego tinha até texto e tudo”, rememora.

“Acho o Renato um Chaplin cearense, brasileiro. A forma de humor dele é muito interessante e engraçada. São poucos os que conseguem fazer algo semelhante ao que ele faz”.

Já tem alguns anos desde a última vez em que Ciro esteve ao lado do artista a partilhar a amizade e a admiração. Foi após a apresentação do musical “Os Saltimbancos Trapalhões”, no Rio de Janeiro. A lembrança inspira os votos de feliz aniversário ao amigo.

“Desejo mais um ano de vida, saúde e felicidade. Que venha mais sucesso, alegria e a paixão pela família. Só tenho a dizer muito obrigado pelas várias oportunidades que ele me deu”.

Inspiração

Um dos rostos mais talentosos da nova geração de atores comediantes do Brasil, o cearense Edmilson Filho também tece comentários estimados acerca do conterrâneo. Segundo ele, Renato Aragão exerce o ofício de forma única.

“Para mim, ele é a maior referência do cinema de comédia do Brasil. O contato que tive sempre era o da TV, porque era o que todo mundo assistia aos domingos, nos anos 1980”.

Nesse movimento de recordação, o astro de sucessos como “Cine Holliúdy” e “O Shaolin do Sertão” comenta também que a paixão pelo cinema nasceu exatamente da ansiedade de, nas férias, assistir ao filme dos Trapalhões na telona. “Sempre digo que minha praia é cinema, o resto é açude”, brinca.

Tanto que os próprios colegas de trabalho, a partir do desempenho de Edmilson frente às câmeras, anos depois, logo o compararam a Renato – caso de Fafy Siqueira, no documentário “Viver do Riso”, produzido pelo Multishow.

Legenda: Edmilson Filho é considerado por muitos como o novo Renato Aragão
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

“Me sinto honrado”, confessa. “E acho que a maior parte disso é por conta de um humor corporal, que já vem lá de trás – com o próprio Charlie Chaplin e Buster Keaton. Com certeza o Renato bebeu dessa mesma fonte, e ainda tem a coisa de sermos cearenses, o que explica esse nosso humor que vem com muita facilidade”.

Apesar de nunca ter estado presencialmente com Aragão, Edmilson conta que já surgiram algumas propostas de unir os dois num mesmo trabalho. E não esconde a satisfação por essa possibilidade. “Tive essa oportunidade com Dedé Santana em ‘O Shaolin do Sertão’, mas vamos ver com Renato. Seria uma honra”.

Feito Ciro, ele também deixa mensagem para o aniversariante, muito motivado pelo tanto que representa pessoalmente.

“Tudo deve ser uma grande festa. Acho que cada ano que você faz quando passa dos 80 deve ser ainda mais festejado para se ter mais alegria frente aos anos pela frente. Então, espero que esteja perto das pessoas que ele gosta, e continue, de alguma forma, trazendo alegria para várias gerações de agora e as que estão por vir”.

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