Marcelo Natividade festeja 15 anos de carreira com o disco 'Dádiva'

Álbum traz inéditas de Fátima Guedes, além de temas de Dorival Caymmi, Jovelina Pérola Negra e compositores cearenses

Escrito por Redação ,
Legenda: Formação do universo musical inclui forte pesquisa em temas como a afro-religiosidade
Foto: CAÍQUE CUNHA

A força de completar 15 anos de estrada em qualquer manifestação artística é conquista das mais louváveis na cena cultural. É o caso do cantor carioca Marcelo Natividade. Radicado em Fortaleza, o realizador se cerca de pessoas próximas e festeja a data entregando aquilo de que mais gosta: interpretações apaixonadas dos temas da vida, entre eles a gratidão.

O tema permeia o universo do disco "Dádiva". O registro reúne quatro canções inéditas de Fátima Guedes, que também participa cantando. Amplia ainda mais a experiência das regravações de outros grandes autores da MPB. Completando os encontros e parcerias, o serviço de produção ficou nas mãos do cantor e compositor cearense Berg Menezes. A captura sonora incluiu Anfrísio Rocha no estúdio Som do Mar, na Praia de Iracema.

Um aperitivo de "Dádiva" ganhou o mundo com um vídeo promocional do single "Flor de Ir Embora". O clipe teve direção e roteiro de Miguel Cordeiro, da Maré Alta Filmes e já está disponível no YouTube. A faixa foi um dos maiores sucessos de Fátima Guedes e está presente no álbum "Pra Bom Entendedor..." (1993). A compositora carioca possui no currículo músicas gravadas por Elis Regina, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Mônica Salmaso, Nana Caymmi, entre vários outros intérpretes. Aos 61 anos, acolhe o trabalho de Marcelo Natividade e se projeta como grande madrinha de "Dádiva".

Coleções

A participação vocal de Fátima Guedes acontece em "Marítima", uma das quatro canções inéditas presenteadas ao cantor. Marcelo é admirador de Fátima desde a infância. Acompanhava pela TV festivais como o MPB Shell em que ela brilhou para todo o País com o registro "Mais uma boca".

As canções de "Dádiva" apontam como eixo temático o mar, o amor e a espiritualidade. O viés feminino é destaque em "Não", de autoria do cearense Berg Menezes. Chamou atenção do intérprete por tratar da violência contra a mulher enquanto espectro de esperança na liberdade e recomeços. "Meu Coração Fácil" (Leandro de Oliveira) e "Louvai" (Chico Torres, Rogério Franco) traduzem a captura proposta por Menezes.

Legenda: Interpretações apaixonadas e produzidas pelo músico Berg Menezes
Foto: CAÍQUE CUNHA

Percussão, cordas e corais harmonizados, ao alcance fácil da audição. A já citada "Marítima" desponta a emoção jazzística de Fátima Guedes. Pura brisa. Guitarrinhas ao fundo, clima de descontração total.

"Quem vem pra Beira do Mar" aponta um início solitário. Marcelo e apenas um violão. A faixa ganha outras perspectivas num quase samba com tons setentistas. Na conjunção de sons, "Peça Desculpas" tem recado direto e talvez exigisse mais dramaticidade e um pouco de sujeira na escolha dos arranjos (algo mais próximo do resultado de "Lilith"). "Poesia Oculta" carrega o clima da noite, de mesas esfumaçadas de boate.

"Enquanto" e "Água de Cachoeira" completam a luz alcançada pelo cantor, antropólogo e jornalista. Marcelo Natividade foi um dos finalistas de concurso da Rádio Nacional. Hoje, leciona na Universidade Federal do Ceará (UFC) e canta universo mediado pela dedicada pesquisa na afro-religiosidade, gênero e música popular brasileira.

Dádiva 
Marcelo Natividade 
Independente
2019, 11 faixas
R$ 30

 

 

 

 

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