Marcas cearenses apostam em peças com formatos e tamanhos diferenciados
Com materiais fugindo do convencional, a exemplo do laminado melamínico, os acessórios podem ser escolhas para produções cada vez mais únicas
A busca pela ousadia e fuga do comum parecem uma constante no mundo da moda, design, joalheria e afins. Assim, a mistura entre formas, cores e materiais também guia novas maneiras de trabalhar com produtos a serem adquiridos e utilizados.
As cearenses Bruna Bortolotti e Carina Santos, proprietárias de marcas de joias, podem ser consideradas referências quando o assunto é trazer essa diferenciação para peças comuns no cotidiano: os brincos.
Experimentar
Conta-se que estes acessórios teriam surgido há milhares de anos e tinham como intuito, de acordo com as crenças antigas, espantar espíritos malignos e servir como amuletos.
Hoje, entre mulheres e homens, esse adereço pode ser usado para compor looks, dar um toque especial a um penteado ou até mesmo para realçar uma maquiagem.
Mas e quando ele chega se assemelhar a uma obra de arte? É assim que a linha Serpentário, de Bruna, e a Ocre, marca de Carina, remontam o convencional. Se as duas produzem nesse âmbito, nada foi por acaso.
"Eu comecei a fazer joias com meu avô. Dei uma pausa na faculdade e comecei a trabalhar com ele", conta Bortolotti, que deixou de lado a arquitetura por um tempo em busca de experiências. Nesse período foi capaz de aprender sobre o tempo de produção como ourives e de entender a importância da singularidade do que passou a fazer.
Enquanto isso, Carina comenta que a Ocre surgiu em um momento próprio de busca por outras linguagens artísticas e manuais. "Queria algo que dialogasse com minhas criações e estética de movimento enquanto artista e bailarina", diz.
Formas e cores
Atualmente, as duas designers têm usado a concepção de arte e das formas na hora da criação dos produtos. "Venho aperfeiçoando e moldando novas percepções, descobrindo cada dia novas nuances, texturas, formas, tessituras, técnicas, resistências, insistências", opina Carina Santos.
Em ambas, os contornos mais geométricos ganham força, assim como foi na época em que a Art Déco se popularizou pelo mundo. Não muito diferente, as linhas retas e esféricas continuam a encantar a moda.
"Eu uso muitas formas que remetem ao que eu já tinha usado anteriormente. Essa acaba sendo uma maneira de não me distanciar muito do que eu já tinha feito", conta Bruna.
E é nessa questão o ponto em que ela afirma acreditar ainda mais no que é utilizado para tornar estas formas possíveis.
Materiais diferenciados
Justamente por isso, elas afirmam que não é apenas o design e as tonalidades que são capazes de acrescentar peculiaridade ao que montam. Cada vez mais, materiais alternativos ao ouro e à prata se tornam apostas.
Cerâmica esmaltada, fusing (fusão de vidros com relevos e esmaltação), cobre, latão e alpaca, por exemplo, são as escolhas da Ocre na hora de desenvolver brincos e com diversas cores em uma só. "Tem essa inovação da matéria-prima num processo experimental, em que as peças são modeladas e esmaltadas uma por uma, tornando cada uma bem exclusiva", explica a criadora.
E nessa onda de ressignificação, a linha desenvolvida por Bruna também vai além e resolve abranger a questão ambiental, tão importante nos dias atuais. O laminado melamínico, matéria-prima da linha Serpentário, é originado a partir do reúso do material de construção de empresas que apoiam o manejo ambiental correto.
"Eu trabalho com essa fórmica, um material que está na vida de todo mundo e a gente acaba não vendo outras aplicações para ele. Fazer com que ele se torne uma joia está nesse processo de criação", afirma.
Além dessas questões, seja pelo meio ambiente ou pelo design de peças exclusivas, acreditar no trabalho de mulheres cearenses com criações tão autênticas é uma escolha sempre acertada.