Livro infantil "Vovó, Zefinha e Eu" será lançado nesta sexta (23) na XIII Bienal do Livro do Ceará

A publicação é a primeira, do gênero infantil, escrita pela advogada Manoela Queiroz Bacelar. O lançamento ocorre a partir das 16h, no Centro de Eventos do Ceará, com acesso gratuito

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br
Legenda: As ilustrações da publicação foram criadas pelo artista visual Napoleão Torquato Maia 

Para além das teorias científicas que versam sobre o papel dos adultos no cuidado com as crianças, um aspecto emocional é fundamental à ligação entre as partes: a memória. Quem acolhe os pequenos, e lhes dá atenção, torna-se referência de afeto e um pilar - esteja vivo fisicamente, ou não - para a trajetória do indivíduo durante toda a vida.

Saudosa das lembranças de sua avó materna, Marília Gomes Villar, a advogada Manoela Queiroz Bacelar lança o primeiro livro infantil hoje (23), às 16h, na Praça Iracema, dentro da programação da XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará, no Centro de Eventos.

"Vovó, Zefinha e Eu", publicado pela Editora Armazém da Cultura, traz ainda ilustrações de Napoleão Torquato Maia e projeto gráfico do designer Eduardo Freire. O encontro é aberto ao público.

No enredo lúdico, Manoela recria referências do universo da própria infância, próxima da avó Marília e de Zefinha, babá com a qual mantém contato até hoje. Segundo ela, Zefinha estará presente no lançamento e conviveu com sua avó durante 45 anos, de 1974, ano de nascimento da autora, até o início de 2019, quando Marília faleceu.

Agora adulta, Manoela recapitula a trajetória da avó. "Esse livro brotou mesmo de um amor, de uma gratidão que tenho por ela. Minha vó veio de Minas Gerais pro Nordeste. Então, ela não tinha família aqui, nem irmãs, sobrinhos ou primos. Era só ela e meu avô, que era pernambucano", recorda.

A advogada foi a primeira neta de dona Marília. E a única, durante cinco anos. "Isso criou entre a gente um laço de afeto muito forte. Quando eu nasci, minha mãe era muito jovem, ainda tinha de terminar os estudos, e precisava me deixar na casa dela", conta a autora.

Na casa dos avós, Manoela passou muitas tardes na companhia de Marília e Zefinha. A inspiração para registrar essa memória em livro envolve a finitude: às vésperas da morte da avó, a autora começou a sentir a gravidade da situação e a mentalizar a história.

"Ela morreu agora, no começo do ano. E o livro já estava concluído, mas eu não queria rodar a impressão, porque achava que tinha de voltar pra dentro da história e fazer outro desfecho", revela.

A autora recriou o texto, e atentou para apresentar o tema da morte às crianças, de uma forma mais leve. "Ao ler o livrinho, a criança vai ver que virei adulta, perdi minha avó que tanto amei, mas ela continua viva dentro do meu coração", reflete.

Desdobramentos

Apesar de a autobiografia estruturar a coluna do texto, a narrativa tem desdobramentos pela ficção e pela educação. "O livro não é puramente autobiográfico. Tem alguns aspectos ficcionais que se entrelaçam com episódios reais da minha memória. Com as histórias que minha vó me contava, e que a Zefinha me contava e ainda conta", esclarece. Em uma passagem, a autora destaca que o texto reflete sobre a Língua Portuguesa, investiga suas origens e aborda dúvidas comuns quanto ao uso do idioma. A narrativa ora coloca se a palavra certa é "jaboticaba" ou "jabuticaba", por exemplo.

"Tem um mapinha de Fortaleza, e eu explico geograficamente onde minha avó morava, perto da Praça Mathias Beck. Digo quem foi o Mathias. No final, tem um espaço destinado às crianças, para que elas escrevam historinhas sobre suas avós e colem uma foto carinhosa", antecipa.

Sequência

"Vovó, Zefinha e Eu" é o segundo livro escrito por Manoela Queiroz Bacelar. O primeiro foi baseado em sua dissertação de mestrado em Direito com o título "Tombamento - Afetos Construídos" (IBDCult, 2016). "Esse livro ficou muito agradável. Apesar de ser um texto acadêmico, consegui, entre um capítulo e outro, colocar digressões livres", acrescenta.

Para o lançamento da obra infantil na Bienal, Manoela situa que o processo se deu pelas mãos da escritora Ana Miranda. "Foi ela que me levou até o Armazém da Cultura, e a editora quis lançar na programação do evento. É um motivo de grande alegria pra mim, porque jamais imaginei que ia lançar um livro em plena Bienal. E esta edição está fantástica", elogia.

Serviço
Vovó, Zefinha e Eu

Lançamento do livro infantil nesta sexta (23), às 16h, na Praça Iracema do Espaço José de Alencar. A XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará acontece até domingo (25), no Centro de Eventos do Ceará (Av. Washington Soares, 999, Edson Queiroz). Acesso gratuito.

(Livro)

Vovó, Zefinha e Eu
Manoela Queiroz Bacelar

Editora Armazém da Cultura
2019, 64 páginas
R$ 50

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