Joias com sustentabilidade

Coletivos cearenses transformam sobras de materiais diversos em peças de joalheria, com criatividade e requinte

Escrito por Tuanny Feijó , tuanny.feijo@diariodonordeste.com.br

Utilizar materiais reaproveitados, visando uma maior responsabilidade ambiental, sem tirar a delicadeza das peças, já é realidade no mercado de joalheria contemporânea. Na Casa Cor 2018, aberta até o próximo dia 23, o público pode encontrar exemplos desse tipo de iniciativa.

Com uma coleção que transpira personalidade, exposta em um espaço integrador, as artistas e joalheiras Bruna Bortolotti, Carolina Figueiredo, Jamylle Weyne e Eliana Alcântara apresentaram a Flux, marca cujo trabalho se baseia essencialmente no reaproveitamento de chapas de radiografias e sobras dos próprias peças confeccionadas. "Tem uma criação minha, por exemplo, que era um brinco longo. O que sobrou do fio, aproveitei para fazer outro", exemplifica Carolina.

O nome da marca foi pensado a partir do elemento químico Fluxo, líquido que corre na superfície metálica, juntando as rupturas da joia com fluidez.

Legenda: Integrante da associação Objeto Comum, Nathalia Canamary seleciono alumínio utilizado na confecção de aparas de persianas, matéria-prima inusitada para a criação de joias

A ideia de criar o coletivo surgiu de uma vontade em comum entre elas: fomentar a joalheria moderna no Ceará. "Além da loja, nosso objetivo também é realizar workshops e estimular esses encontros de joalheiros", conta Carolina. Outro pensamento compartilhado é a conscientização de utilizar elementos que tenham boa procedência. "O cuidado vem de conferir se a empresa da qual se compra tem selo de qualidade e de gestão ambiental, porque muitos materiais podem ser tóxicos", comenta Bruna. Após a Casa Cor, o público pode conferir as joias no site da marca e no Instagram (fluxjoalheria.Com e @flux.Joalheria).

Material na fábrica

Peças feitas de refugos de produção de uma fábrica de cortinas e persianas também ganharam destaque - nesse caso, no projeto "Agatek abraça o design", voltado à promoção do design cearense e suas características. A ação é uma parceria da empresa junto à Objeto Comum, nome dado à Associação Cearense de Design de Produto, que conta com a participação de 12 profissionais.

Legenda: O nome da marca vem do elemento químico Fluxo, essencial no processo de criação das joias

Nathalia Canamary, uma das integrantes, escolheu um material inusitado para criar joias: o alumínio utilizado na confecção de aparas de persianas. "Quando visitamos a fábrica, cada um se identificou com um elemento. Gostei muito do que escolhi, pois ele me permite fazer dobras pequenas. Levei para casa e comecei a testar. Adorei o resultado estético", comemora a designer. Da proposta saíram peças que trazem aspectos de "nós", que podem ser de diferentes formatos e colorações. Ainda segundo a designer, em breve a coleção estará disponível ao público.

"Além da loja, o nosso objetivo também é realizar workshops e estimular esses encontros de joalheiros"

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