Histórias da Praia de Iracema são contadas através de recursos tecnológicos em novo museu

Instalado no Estoril, o Centro de Memória da Praia de Iracema conta aos visitantes a história do bairro por meio de tablets, óculos de realidade virtual, projeções e vídeos

Escrito por Wolney batista , wolney.santos@verdesmares.com.br

Se jogar da ponte velha em direção aos verdes mares da Praia de Iracema é um respiro de liberdade que nativos e turistas se permitem há algumas décadas. A sensação do ato só pode ser descrita por quem já se lançou ao mar, mas 'presenciar' a aventura em uma imersão de 360 graus já é possível por meio da tecnologia de realidade virtual, uma das atrações do Centro de Memória da Praia de Iracema, inaugurado recentemente no Estoril.

No espaço, o recurso de alta tecnologia e elementos do audiovisual são empregados para recontar a história do famoso bairro de Fortaleza e de quem deixou seu nome marcado na lembrança dos moradores.

Além de pular da ponte velha, a experiência imersiva leva o visitante do museu para passeios em lugares como o calçadão da Beira Mar, Centro Cultural Dragão do Mar, Ponte Metálica e pelo próprio Estoril.

Em tamanho bastante reduzido, três linhas do tempo afixadas na parede, como espécies de rolos de negativos fotográficos, pontuam destaques da trajetória da PI, em imagens e textos, desde o ano 1877 até a década de 1980. A última das linhas é voltada para o público infantil. Tablets ampliam os detalhes da atração que mistura o high tech com o low tech.

Ao centro do espaço, três cadeiras de balanço repousadas sobre tapetes de retalhos de tecidos, ambos típicos do sertão nordestino, convidam para apreciar uma projeção do arrebentar das águas nas pedras do calçadão durante uma ressaca do mar.

Além disso, a intimidade com o bairro ganha rostos e profundidade na exposição de cinco painéis com imagens dos arquivos de Nirez e do Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS) mescladas com fotografias de moradores atuais. O relato desses habitantes são ecoados em fones de ouvidos e vídeos. Entre as histórias está a de Vicentinho, filho de Seu Vicente, músico, compositor, parceiro de Luiz Assunção e amante da boemia da Praia de Iracema.

"Pensar a história do bairro a partir desses moradores pareceu para a gente que seria algo necessário e importante do ponto de vista da política da memória. São as pessoas que estão aqui há muito tempo. Que os pais vieram ou os avós foram os primeiros ocupantes, e nós queríamos acessar essa memória, sobre o que ficou na oralidade dessas primeiras histórias", detalha o curador Alexandre Veras.

Os dispositivos compõem a exposição "Reminiscência", a primeira de uma série que deve ocupar o Centro, explica o diretor-presidente do Instituto Iracema, Davi Gomes. "A ideia é que a estrutura permaneça, mas que o conteúdo vá mudando. Hoje a gente está fazendo esse projeto que conta a história como um todo, mas daqui a algum tempo a gente vai fazer, por exemplo, só sobre a noite, só sobre o esporte, só sobre o humor".

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