Hábito de pedalar ajuda na circulação, no desenvolvimento da musculatura e na correção da postura

Hoje, a partir das 8 horas, na Praça das Flores, acontece a oficina Aprendendo a Pedalar, uma das atividades que integra a programação do "Viver Mais", evento promovido pelo Diário do Nordeste

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br

A inclusão de ciclovias e ciclofaixas, como vias de acesso no espaço urbano, consolidou a bicicleta enquanto um meio de transporte prático e barato nas grandes cidades. E o hábito de pedalar é considerado um exercício aeróbico adequado para estimular o equilíbrio e a força física entre os praticantes da modalidade.

Em Fortaleza, o uso da bicicleta ganha força como hobby, além de ser uma prática de bem-estar e cuidado com a saúde para classes sociais distintas. Democrático, o exercício é recomendado, inclusive, ao público da terceira idade (homens e mulheres acima de 60 anos). Para aqueles que ainda não sabem se equilibrar sobre duas rodas, ainda dá tempo.

Hoje, a partir das 8 horas, na Praça das Flores, acontece a oficina Aprendendo a Pedalar, uma das atividades que integra a programação do "Viver Mais", evento promovido pelo Diário do Nordeste, dentro do projeto "Vida Saudável". À frente deste desafio, o instrutor Helves France aponta os benefícios da pedalada, independentemente da idade.

Segundo Helves, o hábito é uma "manobra aeróbica", um movimento mais leve se comparado ao esforço de subir um degrau, dar pulos ou levantar pesos. Ele compara os efeitos do uso da bicicleta com a natação. "Os movimentos melhoram a circulação e são leves para a musculatura de crianças, jovens e adultos", alinha.

Alívio

Para os idosos, o instrutor ressalta as vantagens que a atividade pode gerar, a fim de aliviar dores na coluna, problemas de hérnia de disco, dentre outros transtornos, pois "os movimentos da pedalada não são tão contundentes", diz.

Com dores nos joelhos, o dentista Édson Leão, 62 anos, jogou futebol até os 55, depois disto optou pelas caminhadas, mesmo assim não resolveu o seu incômodo nas articulações. Incentivado pela esposa, Wylsima Zanuto, 45, Leão passou a usar a bicicleta há cerca de um ano.

Hoje, Leão participa de três grupos de ciclistas, a exemplo do Ceará Bike, e revela como a prática mudou a sua saúde e a vida social. "Olha, tive uma melhora grande, estou mais confortável. Não conseguia subir uma escada se não tivesse o corrimão. Tinha dificuldade de caminhar, até de ficar em pé. Quando ia colocar uma meia me sentia cansado", recorda.

Para o professor de Educação Física da Universidade de Fortaleza-Unifor, Ricardo Igor, facilitador da Caminhada Orientada, dentro da programação do Viver Mais, um dos benefícios do uso da bicicleta é a possibilidade de se exercitar ao ar livre.

Segundo o professor, pedalar na rua, seja numa praça, ou na Beira-Mar, é estimulante. Ele acrescenta que a prática envolve movimentos repetitivos e, se o ciclista se posicionar de forma correta, dificilmente terá uma lesão.

"Só precisa ter cuidado, pra quem não tem o costume de fazer atividade física, de pedalar e passar do seu limite. É bom procurar um profissional e trabalhar em cima do volume e da intensidade do exercício", orienta Ricardo.

Postura

Já o público da terceira idade precisa ter atenção redobrada com a postura na bicicleta. Os ciclistas têm de considerar o calor de Fortaleza, a fim de não desidratar e passar mal com altas temperaturas.

O instrutor Helves France recomenda o uso de roupas leves, bonés, protetor solar e tênis confortável. Quem usa óculos deve prender o acessório com uma liga firme no rosto. "A postura ideal deve ser com a coluna ereta. É muito comum que os idosos tenham problemas de escoliose, por exemplo, aí você tem de adequar bem a altura do guidom", sugere Helves.

Antes de o idoso começar a pedalar, reforça o instrutor, o que vai definir a postura será a sua condição de saúde. "Se fez cirurgia, se tem algo na coluna, no joelho. Se é um idoso que vive com acompanhante/cuidador", complementa.

Depois de mudar a rotina com o hábito de pedalar, Leão relata como divide os benefícios da experiência na conversa com os amigos e com seus próprios pacientes. "Quando a gente está em grupo, menciono que meu esporte é o pedal, incentivo e convido os amigos a praticar também", observa.

Veterana

Ciclista desde os oito anos, a jardineira Maria Rosa Rodrigues, 60 anos, usa a bicicleta até hoje, a passeio. Ela reside no bairro da Maraponga e, nos fins de semana, "desbrava" as ciclovias e ruas de Fortaleza para tomar café no Mercado São Sebastião (Centro), almoçar na Cidade 2000 ou assistir à missa na Catedral Metropolitana.

Sem receio do trânsito de carros, motos e ônibus, Rosa observa que, se o ciclista tiver medo, é melhor nem começar a pedalar na rua. Ela integra o grupo "Ciclovida", engajado no incentivo do uso da bicicleta e na conscientização de políticas pela mobilidade urbana na capital cearense, a exemplo do "Bike Anjo Fortaleza".

"Minha bicicleta é de passeio, não é de corrida. Não pedalo pra competir. Gosto de andar curtindo, tirar fotos. Quero comer no meio da rua, debaixo de uma árvore. Vou ali no peixe assado do Mucuripe", situa.

Maranhense, Rosa veio morar em Fortaleza há 37 anos. De lá pra cá, ela adquiriu cerca de cinco bicicletas. Hoje, a jardineira costuma se deslocar de ônibus também, mas recorda como a bicicleta já foi, praticamente, uma extensão do seu próprio corpo.

"Sempre ouvi que era perigoso andar aqui, em Fortaleza. Mas morei no Centro durante 11 anos, e ia pra todo canto pedalando", pondera. Reconhecida como adepta do pedal, Maria Rosa até já ganhou bicicletas de presente, mas ela mesma costuma selecionar bem seu equipamento.

"Ganhei uma no ano passado, que a 'bicha' era tão leve que eu pedalava e já saía voando (risos). Mas não gosto. E hoje o pessoal me para na rua pra fazer fotos com a bicicleta", conta a jardineira.

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