Festival Eleazar de Carvalho encerra atividades neste domingo com concerto nos jardins da Unifor

Após 21 dias de intercâmbio entre promessas e nomes estabelecidos da música instrumental, evento encerra com apresentações gratuitas do Coro e da Orquestra do Festival Eleazar de Carvalho

Escrito por Redação ,
Legenda: Mestres e aprendizes se reúnem em coro no palco principal montado nos jardins da Unifor para celebrar o encerramento de mais uma edição do Festival Eleazar de Carvalho
Foto: ARES SOARES

Foram três semanas totalmente dedicadas ao universo da música erudita. Maestros, alunos e público fizeram do XXI Festival Eleazar de Carvalho um evento marcado pela troca de saberes e união. Cerca de 300 jovens do Ceará e de outras regiões do Brasil ficaram imersos em aulas diárias. Professores de diferentes estados brasileiros e do exterior ministraram formações na Capital cearense.

O encerramento dessa verdadeira maratona cultural acontece no domingo (21), às 19h, nos jardins centrais da Universidade de Fortaleza (Unifor). O grande concerto de encerramento será aberto ao público. Apresentam-se no palco montado ao ar livre, próximo à biblioteca do Campus, o Coro e a Orquestra do Festival Eleazar de Carvalho, sob a regência dos maestros Rodrigo Vitta e Sergei Eleazar de Carvalho. Todos os convidados da noite integraram a programação iniciada em 30 de junho.

Em 2019, o festival desenvolveu e firmou uma das metas mais importantes em 20 anos de atividade. O ensino e o intercâmbio de conhecimentos entre jovens e profissionais experientes foram atingidos na totalidade. O resultado da experiência enriquecedora será apresentado no concerto.

O saldo dos 21 dias de trabalho é dos mais positivos, avalia a presidente da Fundação Eleazar de Carvalho e diretora artística da iniciativa, Sônia Muniz de Carvalho. Foi um ano especial para compreender as próximas articulações dos organizadores. "Uma das coisas notáveis é que, mesmo com um número menor de alunos, tivemos esse ano um dos festivais mais produtivos", afirma ela.

Promovido pela Fundação Edson Queiroz em parceria com a Fundação Eleazar de Carvalho, a 21ª edição homenageou sumidades como os compositores Heitor Villa-Lôbos (1887-1956), Cláudio Santoro (1919-1989) e Felix Mendelssohn (1809-1847). O aperfeiçoamento em música erudita incluiu aulas de regência coral, regência orquestral, instrumentos de cordas, sopros, percussão, canto e piano. Incluiu nomes como Rodrigo Vitta, Sergei Eleazar de Carvalho, Robert Black, Alexandre Casado, João Luiz Resende Lopes e Paul Rutman.

Balanço

"Já temos alunos do Festival que agora estão dando aula. E a cada ano isso só aumenta", revela Sônia Muniz. Para ilustrar o depoimento, a musicista cita o caso do violoncelista Ítalo Rafael. Oriundo de Iguatu, o ainda menino não tinha o total consentimento da família em relação ao estudo da música.

"A mãe não queria que ele fosse músico. Ele tinha um talento jamais visto e eu reforcei que ele conseguiria. Vi isso na forma como ele pegou o instrumento, a maneira como tocou pela primeira vez", recorda.Graduado em Violoncelo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Rafael é violoncelista da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA).

A agenda de concertos revelou um rico panorama da educação musical em território cearense. Desde o primeiro dia de atividades, o Eleazar de Carvalho já demonstrava a força desse cenário. Na primeira semana de julho, subiram ao palco do Teatro Celina Queiroz a Camerata e Big Band da Unifor.

Seguiram-se o Quarteto Acordes Mágicos, formado pela família Cruz (Axel Brendo, Maíra, Cecilia, Mirian, Vitória e Alisson). Em cena, peças de Vivaldi, Mozart, além de uma celebração ao compositor Cláudio Santoro.

A Orquestra Jacques Klein, projeto idealizado e mantido pelo Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF) trocou experiências pontuais com o Grupo Marimbas de Maracanaú. Criado em 1996, reverbera o trabalho dos professores Rogério Correia e Sandro George. Trata de inclusão social e cultural por meio de instrumentos como marimba, xilofone, vibrafone e glockenspiel.

Vale citar também a especial noite do "Concerto de contrabaixo", realizado por Robert Black. Professor da Hartt School, na Manhattan School of Music, o norte-americano atua em orquestras tradicionais e guarda trajetória ligada a outras linguagens como dança e artes plásticas. A mesma data reservou apresentação do trio de metais composto pelos cearenses Reginaldo Thimóteo, André Couto e Robson Lima.

No dia 12 de julho foi a vez do Recital de piano com Paul Rutman e recital de canto com Marcelo Okay e Sonia Muniz de Carvalho ao piano. Outra concorrida apresentação foi realizada pela Turma de Cordas e Turmas de Regência e Percussão, protagonizada no dia 18.

Futuro

O modelo do Festival foi trazido para o Brasil pelo maestro Eleazar de Carvalho, de Tanglewood, em Massachussets (EUA), onde estudou na década de 1940. Inicialmente lançado em Campos do Jordão (SP), o Festival já passou por Itu (SP), Gramado (RS) e João Pessoa (PB). Na Unifor, acontece desde 2005. Vários alunos cearenses, em edições anteriores, foram contemplados com bolsas de estudos no exterior. Outros estão inseridos no mercado de trabalho em orquestras nacionais e internacionais.

Para as próximas edições, os planos são de seguir difundindo a música clássica no Brasil, em especial, no Nordeste, região onde nasceu o maestro Eleazar de Carvalho.

"Eu prometi que continuaria a cuidar dos nossos meninos do Nordeste. Queremos também continuar a difundir a música para audiências cada vez maiores, pois estamos certos de seu poder transformador na vida das pessoas e na sociedade", diz Sônia Muniz.

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