Exposição "Da Terra Brasilis à Aldeia Global" faz recorte histórico do Brasil

A segunda edição da mostra reúne seis séculos de artes que resgatam a formação do país, com obras de Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Raimundo Cela e mais

Escrito por Redação ,
Legenda: Obra de Frans Post, de 1661, retrata um engenho de açúcar
Foto: Divulgação / Universidade de Fortaleza

Já dizia William Shakespeare, "a arte é o espelho e a crônica da sua época". A frase do dramaturgo faz jus ao recorte da exposição "Da Terra Brasilis à Aldeia Global". A segunda edição reúne cerca de 200 obras do acervo da Fundação Edson Queiroz em um arco temporal que abrange seis séculos.

A abertura acontece nesta quinta-feira (10), no Espaço Cultural da Universidade de Fortaleza. Entre artistas nacionais e internacionais, a mostra apresenta a formação da sociedade brasileira, a partir do olhar de movimentos artísticos.

"A exposição faz um passeio que vai do século XVI aos dias de hoje e reúne seis séculos de narrativas imagéticas. Ultrapassa o sentido de exibição de arte para se transformar em um espaço de formação para todas as gerações", ressalta a presidente da Fundação, Lenise Queiroz Rocha.

Com curadoria de Denise Mattar, a mostra promove ainda aos visitantes uma aula de literatura ao resgatar importantes obras de movimentos como Romantismo, Barroco, Modernismo, Abstracionismo, Concretismo e Expressionismo.

Legenda: “Descobrindo o Brasil”, 1954, do pintor Cândido Portinari
Foto: Divulgação / Universidade de Fortaleza

"Procuramos mostrar para o público que cada um desses movimentos reflete um momento histórico, político e social e que a arte acaba por transcender todos esses marcos", explica a curadora.

Para a presidente, iniciativas como esta são importantes por proporcionar contato direto com a arte.

"O que nos orgulha é saber que o acervo da Fundação Edson Queiroz é capaz de contar essa História sem deixar lacunas. Ao longo de quase 50 anos, já foram feitas várias configurações, propiciando vivências imensuráveis".

Divisão

A apresentação é dividida em oito módulos. O primeiro, "Terra Brasilis", passeia entre as artes de 1500 a 1637, que compreende a obra "Primeira Missa" do brasileiro Victor Meirelles. A pintura resgata, a partir da carta de Pero Vaz de Caminha, a primeira missa celebrada no Brasil. Com influências de padrões estéticos europeus, o pintor expõe as diferenças entre os portugueses colonizadores e os povos indígenas.

Legenda: Obra bucólica "L'adieu", 1917, do pintor Eliseu Visconti
Foto: Divulgação / Universidade de Fortaleza

No segundo, "Reais Mudanças", as obras de 1808 a 1821 fazem um recorte do Brasil Império, da presença francesa e finaliza com o olhar de pintores estrangeiros como August Müller, Durand-Brager e Conde de Clarac sobre o País.

Em seguida, "Uma Academia nos Trópicos" reúne obras de importantes artistas brasileiros influenciados pela Academia Imperial de Belas Artes (AIBA), entre os anos de 1826 e 1922. Esse núcleo apresenta ainda obras dos cearenses Vicente Leite e Raimundo Cela. A produção do segundo é demarcada por retratar paisagens e figuras importantes do Ceará, como vaqueiros e pescadores.

Contemporânea

Transitando para a "Modernidade", o quarto módulo traz quadros importantes de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Ismael Nery e outros, bem como o abstracionismo de Bruno Giorgi, Flávio de Carvalho e Ceschiatti. Essa fase da exposição abrange os anos de 1917 a 1950 e faz ainda homenagem a Di Cavalcanti, Milton Dacosta e Candido Portinari. Das obras do último, "Descobrimento do Brasil" faz parte do acervo.

A arte do cearense Antônio Bandeira também estará presente, no módulo "A Força da Abstração". A obra do pintor se aproxima de movimentos como o cubismo e o fauvismo e reflete acerca da sociedade suburbana e boêmia fortalezense fora dos clichês. Outros artistas do fim dos anos 1940 aos dias atuais, como Vieira da Silva, Tomie Ohtake, Hélio Oiticica e Lygia Clark, compõem o período.

A exposição relembra ainda os anos de 1960 a 1970, época da Ditadura Militar. O módulo "Tempos Difíceis" é representado pelas impressões abstratas de Wesley Duke Lee - pioneiro da linguagem pop no Brasil -, Lygia Pape e Antonio Dias.

Legenda: "O Verão", de Beatriz Milhazes, de 1995, usa ornamentos e arabescos
Foto: Divulgação / Universidade de Fortaleza

Conhecido pelas instalações que promovem uma experiência sensorial para questionar temáticas como a própria época da soberania militar, Cildo Meireles também ganha espaço nesta fase. O cearense Sérvulo Esmeraldo também é destaque. O trabalho figurativo do pintor e escultor por meio da xilogravura tem reconhecimento internacional.

As duas últimas divisões reúnem obras que compreendem a década 1980 aos dias atuais. Em "Chuvas de Verão", estão expostas as pinturas de Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Daniel Senise, João Câmara Filho, Leda Catunda e do cearense Leonilson. Já em "A Aldeia Global", fase final da mostra, a arte contemporânea é destacada. As produções dos cearenses José Tarcísio, Luiz Hermano e Efrain Almeida demarcam também o período.

Enaltecendo elementos da cultura brasileira e, especialmente, da cearense, a exposição reflete acerca das construções sociais do povo brasileiro e ensina por meio da arte.

Serviço
Da Terra Brasilis à Aldeia Global - 2ª Edição
Abertura: Quinta-feira (10), às 19h, n o Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz). Grátis. Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 19h, sábado e domingo, das 10h às 18h. (3477.3106)

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