Especialista e pacientes relatam suas experiências com a homeopatia

A homeopatia se consolida como uma solução terapêutica que trata questões de saúde, reduzindo os efeitos colaterais das medicações

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br

De dores provocadas pela fibromialgia a problemas recorrentes de alergias. Estas entre outras complicações de saúde têm sido tratadas por meio da homeopatia, uma alternativa à Medicina tradicional. Neste período de ventos fortes, por exemplo, há uma predisposição a rinites alérgicas em crianças e adultos sensíveis às mudanças de clima. Nestes casos, “a homeopatia tem boa atuação para modular nossa resposta imunológica nas alterações climáticas”, atesta a homeopata Lina Tamassia. 

A designer de interiores Isabelle Borges, 41, tinha uma tosse alérgica e fez diversos tratamentos convencionais até decidir pelo método mais natural, pois queria amenizar os efeitos dos corticoides prescritos.

“Fiquei nesse ciclo e não vi melhora. Então resolvi procurar a homeopatia. Fiz uma consulta detalhada falando não só os sintomas pontuais, mas todo o contexto dos meus hábitos. Comecei a tomar os remédios e tive uma melhora considerável”, pontua. Isabelle acrescenta que seus filhos também tinham quadros de tosse, alergia, dermatite, coriza e, dessa forma, se tornaram pacientes da homeopatia – depois que a mãe teve uma resposta positiva para o próprio tratamento. 

“Meu filho mais novo não podia tomar um banho de mar, de piscina, sair pra passear, qualquer coisa ele ficava doente, com a imunidade baixíssima devido ao uso de corticoide prolongado. Então, comecei a fazer o tratamento e ele pode passear bastante nas férias, teve contato com várias pessoas, animais. Pra mim foi uma bênção, um alívio”, recapitula. 

A administradora Derlange Matos, 57, é outro exemplo bem sucedido. Ela teve o diagnóstico de fibromialgia (doença caracterizada pela dor crônica disseminada, cansaço e perturbações do sono). Durante bastante tempo, fez uso de remédios alopáticos e, apesar de contar com o alívio desejado, sofria com os efeitos colaterais.  

“Desde maio, dei início ao tratamento (homeopático) e me surpreendi muito com o resultado. As dores aliviaram bastante, passei a dormir bem e, por conseguinte, a sensação de fadiga e cansaço do dia melhoraram bastante”, relata.  

Consulta 

Médica há 35 anos, Lina Tamassia formou-se como especialista na área em 2018 e hoje atende com base nos novos conhecimentos. Indagada sobre o que lhe chamou atenção no viés homeopático, ela observa o fato de lidar com uma forma terapêutica que visa equilibrar o paciente integralmente.  

“A gente trata ‘a’ pessoa, isso que é mais interessante. A Medicina, hoje em dia, faz um tratamento igual pra todo mundo. Se a pessoa tem uma dor de cabeça, vai tomar um remédio X, Y. Você não está individualizando a consulta. E isso pode não dar certo”, sinaliza a médica. A especialista ressalta que os pacientes chegam aos consultórios com enfermidades que não são só físicas. “A gente fica tão especialista (na Medicina acadêmica), que acaba perdendo o todo. A homeopatia resgata isso”, situa. 

A médica observa ainda que a consulta homeopática começa com a escuta de toda a história do paciente. Com duração média de 1 hora, há uma conversa sobre os sintomas e as sensações com as quais o indivíduo se apresenta. Em um segundo momento, o diálogo evolui para a observação de alguma questão mais localizada, “órgão por órgão, sistema por sistema”. Também perguntamos sobre desejos e aversões alimentares, a sede, a quantidade de horas que a pessoa dorme, as imagens e sonhos repetitivos, fatores que agravam ou melhoram os sintomas dos pacientes. Se a pessoa vai à praia, à natureza, e tem alguma reação diante disso, por exemplo”, detalha.  

Depois da conversa, é feito um exame físico, e o homeopata estuda qual medicação mais se relaciona com as reações que o paciente tem. “Se a pessoa é vaidosa, pacífica, brigona, todas essas questões de personalidade vão interferir. É importante saber se chora, se não chora, se guarda sentimentos, relacionamos as sensações do psicológico, sobretudo no caso de doenças crônicas”, explica a médica.  

Tradição 

Desde o fim do século XVIII, a homeopatia surgiu no cenário de saúde como mais uma alternativa de cura para os desequilíbrios do ser humano. A solução terapêutica foi criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann. No entanto, seu reconhecimento no Brasil ainda é recente e data do início da década de 1980. Com um princípio distinto em relação à Medicina acadêmica, os homeopatas partem da noção de que os problemas dos pacientes têm relação com o “todo” (físico, mental e espiritual) do indivíduo, e não com um “setor” específico do organismo.  

Após uma análise de como anda essa integração, o homeopata receita fórmulas - em diluições líquidas, comprimidos, dentre outras formas - que envolvam o “todo” do paciente. Portanto, mais do que combater uma dor de cabeça, por exemplo, a solução atua nos caminhos que estimulam essas dores. 

 

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