Edições Inesp publica obras gratuitas sobre cultura e cidadania apostando em inovações digitais

Publicações resgatam aspectos da identidade local em plataformas impressas e virtuais, alargando o raio de alcance dos conteúdos

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: Presidente do Inesp, João Milton Cunha detalha os processos abraçados pelas Edições Inesp para contemplar o Ceará
Foto: Foto: José Leomar

Não existe um manual para bem registrar a história cearense. De tão profunda e tentacular, nossa trajetória pode ser contada a partir de diferentes abordagens, abraçadas por uma pluralidade de pesquisadores e pesquisadoras.

Compreender a relevância desse processo e, mais ainda, estimulá-lo é do expediente das Edições Inesp, do Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Estado do Ceará.

A casa tem se destacado no cenário local por conferir especial enfoque a títulos gratuitos sobre a cultura de nosso Estado, movimento reforçado sobretudo nos últimos meses.

Foi durante esse período que vieram a público obras como "Literatura no Ceará", de Aíla Sampaio; "A Grande Arte de Estrigas - Memória Crítica", de Gilmar de Carvalho e do fotógrafo Francisco Sousa; e "Jogos da Memória - O Movimento Feminino pela Anistia no Ceará", de Ana Rita Fonteles Duarte.

Conforme João Milton Cunha de Miranda, presidente do órgão da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, o programa editorial já tem uma tradição de aproximadamente 30 anos. "Isso sinaliza a presença de uma ideologia cultural nas gestões", conta.

"A nossa visão mais estratégica de progresso do Ceará é exatamente esse desenvolvimento sustentável a partir da nossa cara. É o cearense dando soluções para o povo cearense. Queremos estimular essa preocupação".

Nesse movimento, a dinâmica de publicação requer uma atenção especial. O gestor detalha que uma das características da atual política do Inesp é realizar baixas tiragens dos livros e investir sobretudo na divulgação do material digital preparado pelo órgão.

"O livro da Aíla Sampaio, por exemplo, não chegou nem a 120 exemplares. Essa, inclusive, é uma obra que vamos lançar agora, em fevereiro ou março", adianta o gestor.

"Há seis meses, um outro braço, que complementa o da plataforma impressa, é o da plataforma digital. Permitimos que publicações fiquem em nosso site e desenvolvemos também algumas ações inovadoras", complementa, ao citar outros títulos sob guarda do Inesp, a exemplo de "Rui Facó - O homem e sua missão", do jornalista Luís Sérgio Santos.

Legenda: Baixas tiragens dos livros e investimento sobretudo na divulgação do material digital é a tônica das Edições Inesp
Foto: Foto: José Leomar

Interações

Entre as principais inovações tecnológicas citadas, estão o cartão e o cartaz com código QR Code, que permitem o compartilhamento do acervo da biblioteca e de livros digitais do Instituto, inclusive via WhatsApp.

Conforme João Milton, isso reforça o compromisso do Inesp de oferecer os títulos não apenas de forma gratuita, como também sem limite de acesso e compartilhamento, otimizando a redução de custos.

"Essa parte virtual tem duas características: aquilo que o mundo moderno exige, que é sustentabilidade e, ao mesmo tempo, oferecemos uma oportunidade com acessibilidade. Por meio de um programa específico, pessoas com deficiência visual também têm acesso a todas as publicações do Inesp".

Isso foi o que garantiu um resultado duplo e muito expressivo: 38 obras foram publicadas somente nos últimos 10 meses e relevantes conquistas foram alavancadas pela casa. A participação na XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará e na Feira do Conhecimento, ambas realizadas em Fortaleza no ano passado, foram algumas que fizeram brilhar os olhos de João Milton.

"Na Bienal, por exemplo, fizemos o lançamento de cinco obras. E como também temos a tradição de publicar códigos e estatutos na área jurídica, principalmente ligados a Direitos Humanos, a ideia é que não apenas entreguemos os livros nas mãos das pessoas interessadas, como também façamos parte de projetos sociais", torce o presidente.

Qualidade

Quanto ao esquema de publicação das obras - se por meio de convite aos autores ou vice-versa, com eles mesmos chegando ao órgão com a obra pronta - o gestor explica que as duas maneiras podem acontecer.

Ele também explica que a ideia para este ano é regulamentar o programa editorial, criando um conselho de alto nível.

"Queremos ter o acompanhamento da sociedade representada no conselho e estabelecer regras para que qualquer pessoa possa publicar seu livro, desde que atenda aos requisitos da qualidade da publicação", ressalta.

Legenda: O livro da pesquisadora Aíla Sampaio, "Literatura no Ceará", vai ganhar lançamento ainda no primeiro trimestre deste ano
Foto: Foto: José Leomar

Neste momento, o órgão comemora o fato de estar recebendo muitas indicações de livros. A dinâmica, por enquanto, é a seguinte: basta o(a) interessado(a) apresentar um documento explicando a importância da publicação para o desenvolvimento das várias áreas do Estado do Ceará, englobando desde cultura à saúde, economia e tantas outras.

Segundo João, "também estamos tentando captar grandes publicações de autores cearenses que estão adormecidos e que possuem relevantes trabalhos para apresentar à população cearense e brasileira".

Ele ainda sublinha que, geralmente, as pessoas só associam o desenvolvimento com a parte econômica, quando o nosso meio cultural tem vivenciado uma fase cada vez mais profícua.

"Os livros que publicamos, não fosse pelo Inesp, teriam que necessariamente ser comercializados. E a gente está oferecendo trabalhos de alta qualidade à sociedade em diversas plataformas, inclusive gratuitamente".

Além dos preparativos para a reformulação editorial, a casa publicará, neste ano, vários materiais. Um deles será uma revista científica em parceria com a Secretaria da Segurança Pública; e também um livro com um estudo sobre a produtividade do trabalhador cearense, levantamento inédito considerando o Ceará.

"Estamos muito satisfeitos com o que estamos fazendo, mas também queremos dar uma característica coletiva e técnica para que possamos ter respaldo nas publicações daqui pra frente", conclui João.

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