DFB Festival inicia hoje, nas areias da Praia de Iracema, sua edição comemorativa de 20 anos

Maior evento de moda autoral latino-americano, festival deste ano traz 36 marcas para a região; veja os destaques do line-up

Escrito por Rômulo Costa , romulo.costa@verdesmares.com.br
Legenda: Silvânia de Deus é uma das estilistas locais cujas criações estarão no DFB Festival
Foto: Foto: Lucas Menezes

O aterro da Praia de Iracema será a partir de hoje o cenário para o maior evento de moda autoral da América Latina. Nesta edição, o DFB Festival comemora 20 anos de existência com uma estrutura de 27 mil m², que equilibra moda e uma extensa programação diversa de arte, empreendedorismo e gastronomia.

Depois de percorrer vários pontos da cidade, o evento retorna para a região da Praia de Iracema com atividades gratuitas.

"Nunca tivemos tanta credibilidade no mercado nacional e internacional. Temos respeito no trade de moda do nosso Estado e, mais do que nunca, vemos os nossos jovens empoderados, criando novos modelos de negócio e novas formas de vender moda", avalia o diretor do evento, Claudio Silveira.

Serão 36 desfiles nos três espaços de apresentação de moda preparados para o festival. O line-up varia desde estilistas locais que já têm uma longa história com o evento, a exemplo de Lindebergue Fernandes, até marcas estreantes, como as cearenses Baba e Parko.

Na preparação para o evento, o Verso reuniu uma seleção com destaques das marcas e dos estilistas locais e nacionais que se apresentarão ao longo dos quatro dias de evento.

> Para sol e mar

Com o Aterro da Praia de Iracema servindo como cenário para o DFB 2019, a moda praia ganha destaque no evento. Quem dá o tom para esse momento é a Água de Coco (foto) que volta para a line-up do festival com a coleção "Praia-Sertão". A marca cearense de moda praia se conecta com a realidade sertaneja a partir da profecia de Antônio Conselheiro, que um dia fincou: 'o sertão vai virar mar'.

A grife apresenta um desfile que transita entre os signos dos dois ambientes. O Nordeste ganha vida nas estampas com menção ao passado em constante ressignificação. A xilogravura, os cactos, o solo rachado se misturam com o verde, as dunas e os florais.

Legenda: Marca Água de Coco para o DFB Festival 2019
Foto: Denny Sachtleben

Já a Flee apresenta um desfile que evoca a memória, revivendo quatro mulheres. Cores vivas, estampas fortes e modelagens tiradas de álbuns de família traçam os perfis.

A carioca Marju estreia no DFB com malhas biodegradáveis, tie dye artesanal e detalhes handmade. Inspirada na força do mar, a marca refresca o seu DNA sustentável em peças multiusos e cartela de cores nos tons marítimos.

> Primeira vez

Palco para a moda autoral do País, o DFB Festival mantém ainda a tradição de abrir espaço para estreantes. É o caso da marca Baba (foto) que surge com roupas divertidas, com opção pelas cores primárias e construções inusitadas. Idealizado pelo publicitário Gabriel Baquit, com participação da estilista Marina Bitu, a grife apresenta desfile com referências das décadas de 1980, 1990 e 2000.

Legenda: Marca Baba para o evento deste ano: investimento em construções inusitadas
Foto: Foto: Tiago Lopes

Quem também faz sua estreia no festival é o cearense Vitor Cunha, que prepara sua primeira coleção inspirada na saga de jangadeiros cearenses. Aos 20 anos, ele mergulha nos códigos e nos costumes desses trabalhadores em peças com uma pegada urbana. Com referência às redes de dormir, Vitor também desenvolve looks com forte presença do handmade, com ênfase em macramês feitos a partir dos cordames de algodão.

Já a Parko, outra estreante do DFB, surge com um olhar para a terra. Com atenção ao meio ambiente, a marca traz tecidos frescos, fibras naturais, biodegradáveis e algodão com tingimento vegetal. As peças geométricas, com opção pelo conforto, trazem intervenções artesanais.

> Desde sempre

No rol de estilistas cearenses que atravessam as edições do DFB Festival, Gisela Franck (foto) propõe uma conexão com a natureza a partir do cru, do natural e do genuíno, em uma cartela de cores em tons de terra e off, com destaque para as flores naturais desidratadas costuradas à mão nas peças.

Legenda: Gisela Franck é uma das estilistas que estão desde as primeiras edições do evento
Foto: Foto: Hugo Digenario

Outro veterano, Lindebergue Fernandes chega com o desejo de ressignificar o lixo, seja de maneira simbólica como literal. O estilista diz que flerta com o mau gosto e descarta o bom senso para subverter os códigos. O resultado são microssaias volumosas, burcas-máscaras e calças de shape comfy. "A gente está vivendo essa questão de falar da dignidade das pessoas", conta.

Já Ronaldo Silvestre abre as gavetas da vida em um desfile que traz manipulação têxtil como destaque. Sarjas, jeans e tecidos de festa se unem ao tule criando novas formas.

Legenda: Croqui de Ronaldo Silvestre, outro nome tradicional no festival

> O Ceará em Londres

Revelação do DFB, o estilista David Lee se prepara para a sua quinta participação no festival. Ele volta às passarelas com a bagagem de expor em Londres como o único brasileiro selecionado entre os 16 melhores designers de moda emergente do mundo, conforme a British Council e outras entidades de moda britânicas.

Legenda: David Lee, em sua quinta participação no evento, investe em tecidos como algodão, moletom e sarja

Para a edição deste ano do DFB, David Lee apresenta a coleção "Under the Sun", com a qual pretende transmitir sensações de um dia ensolarado em uma silhueta simples e descomplicada. A marca aposta em peças utilitárias e funcionais, com estética que equilibra o tropical e o urbano. "Vejo muito esses produtos no ambiente da cidade. Pensei em peças que possam ser usadas à noite ou à tarde, com características que permitam transitar nesses ambientes", explica o estilista.

Legenda: Uma das criações de David Lee
Foto: Foto: Daniel Aragão

Tecidos como algodão, moletom, sarja se coadunam com flanela viscose e jacquard nas construções propostas por Lee. Os crochês, que costumeiramente aparecem nas criações do estilista, chegam na coleção com tons vibrantes aliando conforto às peças e trazendo um toque regional. O trabalho foi criado a partir de uma provocação: como o sol influencia nas roupas masculinas?

"Pensei em peças que possam ser usadas à noite ou à tarde, com características que permitam transitar nesses ambientes", afirma Lee.

> De portas abertas

Todo dia pela manhã a estilista Silvânia de Deus se esforça para dar um mergulho na Praia de Iracema. Foi nessa faixa de areia, que também dá nome a um bairro, que ela montou o ateliê da sua marca autoral que completa 20 anos junto com o DFB. "Começamos juntos. Então, resolvi fazer uma celebração. Escolhi falar de ciclos e falar disso é falar de mim", explica Sil, que diz que mergulhou dentro dela própria para tirar as peças que compõem a coleção "Imersa".

Legenda: Silvânia de Deus e a valorização da ancestralidade por meio da moda
Foto: Foto: Lucas Menezes

A proposta é levar os ciclos para a passarela e mostrar como eles, nas fases da vida e do dia, interferem no feminino. Para isso, Silvânia vai trabalhar com tecidos lisos e também estamparias, apostando nos círculos.

"Esse desfile é um jeito de honrar e agradecer a minha ancestralidade e essas mulheres que se vestem e que eu visto, além da relação comigo mesma", une Silvânia, que encerra o line-up dos desfiles.

A vantagem, segundo ela, é de receber o evento no Aterro da Praia de Iracema, no "quintal" de casa. "Eu tenho uma relação muito forte com a ocupação desse bairro. É uma militância para ocupá-lo, pra cidade poder usufruir dele", convida.

> Feito à mão

A sutileza da bossa nova é a inspiração para a nova coleção que Almerinda Maria apresenta no festival. Assim como o ritmo musical, que une a sonoridade do jazz com o balanço do samba, a marca pretende mostrar o bordado richelieu, a renda renascença e labirinto em junção a materiais nobres, como linho e seda pura.

Legenda: A Rendá, no evento, entremeia sua trajetória com o bordado
Foto: Foto: Izaias Vieira

Com cartela de cores sutis, a marca pretende demonstrar sensações daquilo que não se pode tocar.

Já a Rendá (foto) conta em seu desfile a história do bordado, em especial a renascença e o richelieu, técnicas trabalhadas pela marca de Camila Arraes.

> Programação

Quarta-feira (15)
17h30 - Parko
19h - Vitor Cunha + Caio Nascimento
19h30 - Almerinda Maria
20h - Homem do Sapato
20h30 - Gisela Franck
21h - FIEC apresenta Água de Coco

Quinta-feira (16)
17h30 - Senac/RJ apresenta ESC
18h30 - Saldanha
19h - Sinditêxtil apresenta Jangadeiro Têxtil
19h30 - Senac/CE apresenta Cariri Visceral + Bruno Olly
20h - Rendá por Camila Arraes
20h30 - David Lee
21h - Wagner Kallieno

Sexta-feira (17)
17h30 - Senac/RJ apresenta Marju
18h30 - Concurso dos Novos (Ateneu, Fanor, Sta. Marcelina, Unama)
19h - Jeferson Ribeiro
19h30 - SindiRoupas apresenta Matias
20h - Melk Z-Da
20h30 - Sebrae apresenta Rota Jeri + Lindebergue Fernandes
21h - Kalil Nepomuceno

Sábado (18)
18h30 - Concurso dos Novos (Unifor, UTFPR, UFPI, Veiga de Almeida)
19h - Baba
19h30 - D'Aura
20h - Ronaldo Silvestre
20h30 - Flee
21h - Silvânia de Deus

Serviço
DFB Festival 2019
De hoje (15) a sábado (18), no Aterro da Praia de Iracema. Entrada gratuita. Informações pelo site do evento

Assuntos Relacionados