Confira roteiro por restaurantes da alta gastronomia em São Paulo

Viajar para São Paulo é sinônimo de muitas descobertas, mas experiência pelo sabor é inesquecível

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha
Legenda: No D.O.M, tanto a comida como a decoração fazem referência às raízes do Brasil
Foto: Foto: divulgação

Como na maioria das megalópoles pelo mundo, São Paulo tem de tudo a poucos passos. De shoppings simples aos mais luxuosos, parques enormes, opções noturnas singulares e a possibilidade de se alimentar das mais diferentes culinárias do mundo, com valores bastante díspares.

É em território paulista onde estão dois dos três restaurantes com duas estrelas concedidas pelo Guia Michelin, por exemplo, verdadeira autoridade quando o assunto é classificar e indicar quais são os espaços ideais para comer bem.

Já tendo conhecido alguns dos pontos turísticos famosos que compõem a identidade de "Sampa", como é chamada carinhosamente, acabei descobrindo na gastronomia um novo olhar para embarcar na viagem.

Dessa vez, além dos passeios demorados pela Avenida Paulista, a rápida passagem por São Paulo seria oportunidade de conhecer novos sabores e combinações para anotar no caderno de experiências. Como eu já conhecia o famoso sanduíche de mortadela do Mercado Municipal, a proposta da vez era apostar na sofisticação e nos menus de degustação. Dos chefs renomados Alex Atala e Ivan Ralston, D.O.M e Tuju foram os escolhidos.

Cozinha de casa

Em uma ruazinha estreita e sem saída no bairro Jardins, conhecido por abrigar grande parte dos estabelecimentos de luxo na terra da garoa, o D.O.M, do brasileiro Alex Atala, parece "se esconder". Com o letreiro do restaurante em fonte pequena, como se fosse realmente destinado aos que já ouviram falar dele, a fachada é a porta de entrada para um espaço em que as referências ao pré-descobrimento do Brasil são os grandes atrativos. Da decoração ao prato, tudo parece ter sido pensado para possibilitar uma imersão na história brasileira e de alimentos como a pupunha e a mandioca. No meio disso tudo, é difícil não se encantar com o conceito.

Sentar à mesa já é parte do ritual iluminado à meia-luz. Velas pequenas integram um ornamento que exibe escamas do pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do País. A atmosfera do ambiente é perfeita e cheia de harmonia com os pratos que são apresentados à seleta clientela. Entre as opções, estão o menu Optimus, com sete etapas e uma sobremesa, e o Maximus, onde dez etapas são postas e mais duas sobremesas. Escolhi o primeiro e, logo no início, é anunciado: "prepare-se para fazer passagem por releituras contemporâneas de elementos descobertos pelos indígenas há centenas de anos".

Para mim, o destaque ficou por conta de uma das preparações antes do prato principal. Após a troca de talheres, guardanapos e toalha da mesa, são servidas iguarias como o beiju, a tapioca e um mil-folhas, todos compostos essencialmente de mandioca.

Moderno

Mesmo com duas estrelas, o Tuju de Ivan Ralston emana um ar descompromissado, no qual os clientes que aguardam pelo serviço parecem estar mais à vontade.

Isso talvez aconteça por conta da cozinha aberta, mostrando a preparação de cada prato, a horta logo na entrada e a iluminação que dá sensação de amplitude ao restaurante. Pode ter sido a tarde ensolarada, quando fiz minha passagem por lá, que me proporcionou esta sensação.

A verdade é que o menu também apresenta características inspiradas na culinária brasileira, mas de forma diferente do anterior. A cada duas semanas, por exemplo, os clientes podem ver a reformulação do cardápio de cinco etapas, justamente por conta de intenção em utilizar ingredientes característicos de uma estação.

Da minha experiência, compartilho o sabor inigualável do arroz com caramujo do mar, além de lembrar da surpresa ao provar um diferente sorvete de cachaça. Ao fim, deixar o local com o aceno do chef parece ser bom encerramento da refeição.

Legenda: No Tuju, a entrada de cara para a horta utilizada nos alimentos dá a sensação de imersão
Foto: Foto: Julia Rodrigues/Reprodução/Instagram

Outro destaque

Já dentro do hotel construído com vista para o Parque Burle-Marx, o Tangará Jean-Georges recebeu uma estrela no último Guia Michelin, em 2019. Antes de deixar São Paulo para retornar a Fortaleza, após o fim de semana, minha passagem pelo restaurante se resumiu a um dos pratos principais do cardápio, afinal de contas, já tinha me dado por satisfeita com o menu completo dos anteriores.

Camarões ao curry com brócolis e arroz de jasmin foram a saída perfeita para aproveitar a atmosfera do lugar, bem iluminado e requintado. A dica, para quem for conhecê-lo, é dar uma volta pelas dependências do hotel Palácio Tangará. Como boa admiradora das comidas, embora não seja profissional na área, percorrer a cidade por esse viés, da comida sofisticada, pode ser uma forma diferenciada de apostar em roteiros fora do convencional. No fim das contas, é uma boa maneira de redescobrir antigos destinos.

Restaurantes

D.O.M

Desenvolvido por Alex Atala, traz como conceito a valorização de ingredientes da Amazônia e do Brasil.
No almoço, de segunda a sexta de 12h às 15h; no jantar, de segunda a quinta das 19h às 23h, e no sábado até 0h. (Rua Barão de Capanema, 549 - Jardins, São Paulo). A partir de R$ 485.

TUJU
Criado por Ivan Ralston, faz referência à pesquisa de ingredientes brasileiros.
Terça a sexta das 19h às 23h. Sábados e feriados, das 13h às 16h e das 19h30 às 23h. (Rua Fradique Coutinho, 1248 - Pinheiros, São Paulo). Menu a partir de R$ 250.

TANGARÁ JEAN-GEORGES
Do chef Jean-Georges, traz inspiração em métodos asiáticos de cozinha com toques brasileiros. De terça a sexta das 12h30 às 15h, e no jantar das 19h às 23h. Aos sábados e domingos, das 13h às 16h, e no jantar das 19h às 23h. (Rua Deputado Laércio Corte, 1501 - Panamby, São Paulo). Pratos a partir de R$ 64.

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