Confira exposição: Sobre revoltas e territórios

Exposição individual do artista plástico Eduardo Frota tem abertura nesta quinta-feira (2), na Sem Título Arte. Integram a mostra 27 caixotes-territórios de madeira, propondo intervenção direta do público Artes Visuais

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@verdesmares.com.br

A obra de Eduardo Frota é atravessada sobretudo por leituras socioantropológicas da cultura brasileira. Não à toa, na mais recente empreitada sob sua assinatura, o artista plástico cearense volve seu olhar novamente para aquilo que merece reflexão por parte do público, imergindo numa temática sempre fomentadora de debates e reformulações.

Trata-se de "Revolver a terra para semear heterotopias", exposição com abertura marcada para esta quinta-feira (2), às 19h, na Sem Título Arte. Contemplada no Edital de Incentivo às Artes da Secretaria da Cultura do Estado (Secult-CE) em 2016 e selecionada no Salão de Abril deste ano, a mostra fica em cartaz até o dia 2 de junho no espaço e propõe encarar o País a partir da perspectiva dos atos de revolta popular.

A intenção, segundo o profissional, é recodificá-los simbolicamente com vistas a propor novos pensamentos acerca dos acontecimentos. "Eu meio que já tinha tudo na cabeça e procurava articular uma proposição artística que reunisse cada coisa desde o ano passado", comenta Eduardo. "Foi quando surgiu a oportunidade de realizar a exposição".

Refundação

No cerne do trabalho, está o desejo de refundar o Brasil ao ir diretamente nas origens deste território. A intenção é que 100 mudas de pau-brasil- insígnia que nomeia o País e, pela cor, faz alusão ao sangue das lutas - sejam plantadas nos 27 caixotes-territórios de madeira dispostos na galeria.

Cada um deles leva o nome de uma revolta popular ou rebelião e um pequeno texto com informações do determinado movimento. "À medida que as pessoas vão pegar as mudas e plantar nas caixas, estão invocando a possibilidade de revolver a terra, mexer na história, para criar novas esperanças".

Nesse sentido, a abrangência do ofício de Eduardo pode ser conferida na diversidade de revoltas contempladas nos caixotes, da Revolta dos Tupinambás às manifestações de 2013.

"Pretendo realizar a mostra em outras capitais pois acho o conteúdo muito atual. Trabalho a noção de território, da cultura como engendramento de proposição artística. Estou muito longe de qualquer nacionalismo", situa.

Assuntos Relacionados