Com Leandro Hassum, "Chorar de rir" destaca comediante que tenta ser levado à sério

Com estreia nacional nesta quinta-feira (21), o longa também traz a presença de Sidney Magal

Escrito por Ana Beatriz Farias , beatriz.farias@tvdiario.tv.br
Legenda: No enredo, o premiado Nilo Perequê (Leandro Hassum), não se acomoda ao posto de melhor comediante do Brasil
Foto: Foto: divulgação

A luta de um comediante pelo reconhecimento como ator dá o tom do cômico "Chorar de rir". O protagonista do filme, Nilo Perequê, encenado por Leandro Hassum, tem sucesso na televisão e é premiado por fazer graça de modo a contagiar todos ao redor. A glória da comédia, no entanto, não é suficiente para satisfazer o artista que faz questão de provar a capacidade de atuar também dentro do espectro dramático.

Essa crise faz desenrolar o enredo do longa, que passa pela busca do antigo amor, pelas trapalhadas de uma família com boa vontade e atinge a realidade fantástica e mística em que Papanô, personagem de Sidney Magal, dá as cartas.

Integram também as aventuras e desventuras de Nilo: uma família cheia de graça - composta pelos personagens de Jandira Martini, Perfeito Fortuna, Natália Lage e Otávio Müller - um grande amor ainda não conquistado, a quem Monique Alfradique dá vida, e um humorista rival, vivido por Rafael Portugal.

Legenda: O cantor Sidney Magal dá vida a Papanô, figura mística da história. Características do intérprete se fundem às do personagem, gerando um clima divertido de descontração
Foto: Foto: divulgação

Muitos em um

Em entrevista ao Verso, Leandro Hassum comentou sobre o conflito vivenciado pelo protagonista: "por que o Nilo Perequê precisa abandonar a comédia para se aventurar no drama? Não precisa. Nós somos plurais, múltiplos". E continua, trazendo para si a questão. "As pessoas nos colocam num nicho, numa gavetinha: 'o Hassum é comediante, o Hassum é só engraçado'. Isso ninguém vai tirar. Sempre que você pensar em Leandro Hassum, você vai pensar em comédia, mas isso não significa que eu não possa fazer um drama, um psicopata, um serial killer".

Em alguns momentos do filme, o personagem cruza as histórias de outros com tom satírico, evidenciando características físicas, por exemplo. Sobre os limites do humor, o intérprete mostra acreditar no "melhor de dois mundos": "eu sou um ex-gordo. Então eu tenho piada de gordo e de ex-gordo. Eu fui parte do bullying. Já fizeram piada comigo porque eu era gordo, agora fazem piada porque eu não sou mais gordo. Eu acho que isso sempre vai acontecer. A gente sempre vai ser alvo de bullying em algum momento, o importante é como você lida com isso".

Ao mesmo tempo, Hassum reconhece que os limites da piada foram ultrapassados e que certos freios são necessários. "Ah, mas não pode fazer mais piada de loira burra? Não, não pode. Não pode mais fazer piada com 'negão', com 'bicha'? Não pode, porque não soube se usar esse limite. Eu acho que, aos poucos, com bom gosto e inteligência, vamos chegar a um momento em que a mulher, o negro, o LGBT vão dizer: 'essa piada tá boa, é de bom gosto, tudo bem'", explica.

Para ver sorrir

Além de Hassum, o músico Sidney Magal é destaque no longa. Já experiente na arte de contracenar, a exemplo do filme "Magal e os Formigas", (de 2016), o cantor volta à telona para interpretar uma figura que define como "uma coisa bem mística, bem estranha; meio Magal, meio guru". "Eu acho que ficou bem interessante. Eu tô esquisitíssimo. Inclusive, muita gente que viu o trailer disse: 'caramba, você tá muito estranho' e eu disse 'lógico, não sou eu. É o Papanô'", explica Magal, que passou apenas dois dias gravando.

A entrevista ao Verso foi concedida em Salvador, onde houve pré-estreia do filme "Chorar de rir", que chega aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira (21). Declaradamente apaixonado pelo Nordeste, o cantor, que mora na Bahia há 20 anos, demonstra muito carinho pelo Ceará: "Sem querer fazer nenhuma média, tenho muitos amigos no Estado. Pessoas que me apresentaram o Ceará da melhor forma possível, um público delicioso. Cheguei até a ser convidado uma vez para ser político no Estado, mas graças a Deus não entrei nessa", afirma.

Sobre os próximos projetos, Magal adianta: tem mais cinema por vir. "Vamos começar a filmar em maio uma história lindíssima, musical, que é a minha história de amor com a minha mulher. Então o filme fala do Sidney Magal, mas fala muito mais dessa história de amor que é inusitada". Atualmente, está sendo feita a escolha dos atores e a estreia deve ficar para 2020. "É um filme que vai passar para o cinema o que eu penso que realmente é a vida do Sidney de Magalhães com relação ao Sidney Magal".

* a jornalista viajou a convite da Warner Bros. Pictures